Um homem de 67 anos esteve entre a vida e a morte devido à Covid-19, apesar de ter recebido as três doses da vacina. O relato do seu caso de sobrevivência é publicado pelo próprio Centro Hospitalar do Médio Tejo no site oficial:
Testemunho na primeira pessoa: sete meses de luta contra a covid-19
Arnaldo Dias Francisco teve a vida por um fio devido à COVID-19. Natural de Abrantes, e a residir no Sardoal, este utente de 67 anos do CHMT – Centro Hospitalar do Médio Tejo garante que nunca tinha estado doente na vida.
Os últimos sete meses, porém, foram muito diferentes: passou-os internado a lutar contra um vírus que quase o matou. E naturalmente virou a sua vida – bem como a da sua família – do avesso.
Camionista de profissão, habituado a atravessar as mesmas fronteiras que a pandemia derrubou com grande facilidade, Arnaldo Francisco tinha acabado de receber a terceira dose da vacina contra a COVID quando foi infetado. Na noite do dia 25 de dezembro não havia como adiar mais a sua visita ao hospital, devido ao agravamento dos sintomas, nomeadamente as febres muito altas.
Veio pelo seu próprio pé para o CHMT: “Devia ter sido só uma noite em observação. Depois, mais uns dias…”, recorda. No entanto, o seu estado de saúde deteriorou-se de forma muito acentuada e Arnaldo Francisco esteve três semanas a lutar pela vida, na Unidade de Cuidados Intensivos de Abrantes. Em coma, ventilado passou vários dias em posição de bruços em estado crítico.
Dessas longas três semanas, quem cá ficou fora à sua espera desesperou: “Lá em casa mais ninguém teve COVID. Mas foi muito difícil, preparei-me para perder o meu marido para a COVID”, afirma a esposa de Arnaldo Francisco, que o acompanha à consulta dedicada à “Síndroma da COVID Longa”, que o CHMT disponibiliza aos utentes. Pediram-se milagres: “Chorei muito e rezei muito”, partilha, emocionada, evocando a sua fé.
Arnaldo Francisco estava em coma, mas teve experiências muito vívidas desse período em que lutou contra a morte: “Tive sonhos horríveis, pesadelos que pareciam reais”, partilha. “Eu estava em coma, mas sentia as pessoas a aproximarem-se de mim, a falarem, a tocarem-me. A tensão subia logo quando alguém se aproximava de mim”, recorda, explicando que os sons dos equipamentos que o mantinham vivo durante aquelas três semanas lhe apareciam em forma de sonhos vívidos e traumáticos como comboios que o vinham atropelar.
“A única coisa positiva desta experiência foram as pessoas que trataram de mim. Dizem que o SNS não está capaz e eu oiço essas notícias e não entendo! Trataram-me como num hotel de cinco estrelas! De 1 a 10 eu dava 10! Foram formidáveis; ninguém me virou a cara a qualquer pedido. Nunca me largaram da cabeceira tanto em Abrantes como em Tomar. É gente mesmo boa!”, diz, em jeito de louvor emocionado aos profissionais que lhe salvaram a vida.
“Lembro-me muito bem do momento em que acordei do coma”, recorda. “Estava muito confuso e queria levantar-me e ir embora”, diz, divertido. O sorriso, aliás, é uma característica que salta à vista deste utente que aceitou partilhar o seu testemunho de vida da luta contra a COVID-19.
Arnaldo Francisco é uma força da natureza e depois de sete meses internado, já foi renovar a carta de condução de pesados, tendo passado em todos os testes com distinção, estando agora motivado para começar uma luta contra a obesidade, com o apoio do CHMT, para poder ter uma vida mais saudável. “Não tenho medo. Tive sempre força para viver e vontade de recuperar!”
O meu marido Márcio Maia com 37 anos também lutou pela vida no Hospital de Abrantes , em coma e entubado por 2 vezes, teve perto dele uma equipa maravilhosa e muito profissional. Quanto a mim que não podia ir visitá-lo no início, fui sempre atendida por telefone e sempre tiveram a paciência para me explicar as coisas todas ao pormenor. Agradeço a toda a equipa pelo seu empenho que deu bom fruto pois ele sobreviveu.