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Artesãs do Entroncamento excluídas do festival Vapor

Câmara esclarece critérios

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Um grupo de artesãs do Entroncamento acusam a câmara de serem “completamente excluídas” da Feira de Crafts que decorreu durante o festival Vapor, de 27 a 29 de setembro no Museu Nacional Ferroviário.

“Não entendemos todo esse desprezo por nós”, critica Cesarina Morgado, uma das artesãs que fala em “profundo sentimento de revolta”, “uma afronta” ao “trabalho e dignidade” das artesãs.

Cesarina denuncia que “ao longo do processo de inscrição, não foram apresentados critérios de seleção”.

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A artesã e as restantes que foram excluídas publicaram uma carta aberta à comunidade e ao município do Entroncamento, que a seguir transcrevemos:

 

Carta Aberta das Artesãs do Entroncamento

À Comunidade e ao Município do Entroncamento,

É com um profundo sentimento de revolta que nós, artesãs do Entroncamento, sentimos a necessidade de mais uma vez, tornar público o nosso descontentamento em relação à forma como fomos tratados em relação ao Festival Vapor. Este evento, que conta com um investimento significativo da câmara municipal, introduziu a Feira de Crafts com a “ideia” de valorizar o artesanato e as artes manuais.

Contudo, a realidade é que nós, artesãs do Entroncamento, fomos completamente excluídos desta oportunidade. Não entendemos todo esse desprezo por nós. A exclusão dos artesãos do Entroncamento é uma afronta não apenas ao nosso trabalho, mas também à nossa dignidade. É inaceitável que, num festival promovido pelo município, nenhum de nós tenha tido a oportunidade de expor as nossas criações.

Somos nós que, diariamente, trabalhamos arduamente para manter viva a tradição do artesanato nesta cidade, pagamos os nossos impostos, temos marcas registadas e contribuímos também para a cultura local. Ao longo do processo de inscrição, não foram apresentados critérios de seleção. A única informação disponível na inscrição era: “Inscrições abertas! A Feira de Crafts do Festival Vapor promove e valoriza o artesanato e as artes manuais. Este espaço complementa as demais atividades do Festival Vapor e promove práticas sustentáveis ao incentivar a produção e o consumo de produtos artesanais que, em geral, têm menor impacto ambiental em comparação com a produção em massa.”

Não houve menção a qualquer critério de seleção, o que é simplesmente inaceitável. Quando questionados sobre a seleção (após a rejeição), a única resposta recebida foi que esta se baseou na “qualidade das peças” e na “preocupação de conseguir uma mostra representativa e diversificada”. Esta justificativa é não só humilhante, mas também profundamente desrespeitosa. Como podem avaliar a qualidade do nosso trabalho sem sequer nos dar a oportunidade de mostrar o que fazemos?

A nossa dedicação e esforço são postos em causa de forma leviana e desconsiderada. Além disso, é irónico que, durante as festas da cidade, tenham vindo ter connosco para entregar panfletos e ajudar a divulgar o Festival Vapor, quando na realidade fomos excluídos desse mesmo festival. Essa contradição mostra uma falta de consideração e respeito pela nossa contribuição à cultura local. Apesar das nossas insistências por respostas, fomos ignorados totalmente, pelo Município do Entroncamento e pelo Museu Nacional Ferroviário.

O Festival Vapor deveria ser uma celebração do que temos de melhor no Entroncamento, mas, em vez disso, optou-se por excluir a maioria dos artesãos locais, colocando em risco a verdadeira essência do que é o artesanato.

É uma ironia que um evento que se propõe a promover práticas sustentáveis e a valorizar o artesanato ignore aqueles que vivem e respiram essa arte todos os dias. Estamos cansados de sermos tratados como cidadãos de segunda classe nesta cidade. Exigimos uma resposta clara e uma reflexão profunda por parte da câmara municipal sobre a inclusão dos artesãos locais em eventos futuros.

É fundamental que a nossa voz seja ouvida e que o nosso trabalho seja respeitado e valorizado. O nosso trabalho tem valor, e merecemos a oportunidade de mostrá-lo. Esperamos que a câmara tome medidas para assegurar que os artesãos do Entroncamento sejam devidamente representados em todas as iniciativas que promovam a cultura e a tradição da nossa cidade.

 

Entretanto recebemos da câmara do Entroncamento, entidade organizadora do festival Vapor, um esclarecimento sobre este assunto:

Resposta à carta aberta das Artesãs do Entroncamento

“O Festival Vapor, nesta edição de 2024, superou as expectativas em termos de Inscrições para a Feira de Crafts e nesse sentido, foi necessário selecionar os participantes.

Os inscritos receberam email a informar que a sua inscrição não tinha sido contemplada. Posteriormente a artesã Cesarina Conceição, uma das subscritoras da carta aberta, questionou a organização sobre os critérios de seleção, tendo sido enviada resposta no dia 13 de setembro de 2024.

Esclarecemos ainda que não há subjetividade na identificação dos artesãos participantes.

O Festival Vapor, não se trata de uma feira de artesanato, mas de uma mostra (limitada no espaço e no tempo) que está integrada num Festival, que tem uma determinada estética e linguagem própria do movimento Steampunk, logo há um primeiro critério enquadrador: a coerência com a estética do evento.

Afirmamos ainda que o concelho esteve representado por artesãs cujos trabalhos integram esta específica linguagem”.

 


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