Sobre uma nota de imprensa da autarquia
Numa nota à imprensa, a Câmara de Tomar usa um título tão exagerado que faz pensar em humor negro: “Fez-se história na vida cultural e patrimonial do concelho de Tomar e do país”.
Fez-se mesmo história? Ou cada terra só faz a história que consegue? De que se tratou afinal? O estilo do texto camarário difundido é assaz peculiar, e nem sequer respeita a verdade factual. Nele se lê que “Foi, hoje, aberta ao público, a porta situada na Torre da condessa, que permite ligação pedonal entre o Convento de Cristo…”
É a isto que chamam fazer história em Tomar? Como nabantino só posso sentir-me envergonhado ante semelhante exagero desconchavado. Desde logo porque a porta não foi aberta. Apenas e só reaberta, ou aberta de novo, com algumas condicionantes. Permite, por exemplo, a ligação castelo/Mata dos sete montes, mas só durante o horário da função pública. E não permite a passagem de cadeiras de rodas, porque há uma longa escadaria de cada lado.
Segue-se que, mesmo sem estas e outras limitações, é muito reduzida, quase nula por assim dizer, a importância da dita porta agora reaberta. Por um lado, nem a esmagadora maioria dos tomarenses sabe onde fica semelhante passagem. Por outro lado, nenhum dos numerosos guias e roteiros turísticos que agora tanto se usam, menciona tal possibilidade. Enfim, quem se arrisca a tentar o acesso pedonal ao Convento através da Mata, sem saber se a porta estará aberta, ou se haverá greve, atraso, tolerância de ponto, baixa por doença, ou simples ausência não justificada, do funcionário encarregado da sua reabertura?
De tudo o que antecede, e o mais que fica por mencionar, para não “bater demasiado no ceguinho”, fica a ideia que, a onze meses do fim do mandato, reinam o desespero e o nervoso miudinho entre os respeitáveis senhores autarcas, o que os leva a exageros tão exagerados que seriam cómicos, se não fossem simplesmente ridículos.
Que se saiba, há apenas o caso de uma porta reaberta que ficou registado na História -o de Martim Moniz na tomada de Lisboa. Vamos agora acrescentar a reabertura em Tomar da porta da Torre da condessa? A que propósito?
António Rebelo
*** HUMOR ***
Foi um feito incrível, e para prevenir eventuais problemas certamente que já motorizarão a dita porta para abrir e fechar automaticamente às horas certas, excepto na transição das horas porque seria pedir muito que o aparelho acerta-se correctamente as horas… e pedir ainda mais que deixasse de corrigir quando eventualmente um dia deixar de se mudar a hora.
*** FIM DE HUMOR ***
A importância da porta da Condessa no turismo local deve ser mais ou menos o mesmo de uma viola a tocar atrás de um enterro. Ornamenta, mas nada mais.
Paralelamente, sem responsabilidade da autarquia, mas mostrando bem a usual falta de coordenação entre as várias entidades públicas, a direção do Convento já informou que depois das obras previstas, a entrada dos visitantes passa a fazer-se pela fachada norte daquele monumento Exatamente do lado oposto à porta da condessa. (Ver planta do convento no google)
De tal forma que, caso se mantenham abertas as portas do sol e de S. Tiago, o que está por saber, os incautos visitantes que se aventurem pela agora reaberta passagem da condessa, ou são obrigados a galgar uma segunda, longa e íngreme escada, com degraus de 22 cms, atravessar o jardim, passar pelas duas portas acima mencionadas, ladear o ex-Hospital militar, para depois subir a escadaria filipina e finalmente comprar o bilhete; ou então terão de dar a volta a toda a muralha templária, excepto a alcáçova, descer para a porta do sol, sair pela de S. Tiago, ladear o ex-hospital militar…
Um belíssimo percurso para quem goste de andar a pé. Pena é que os futuros visitantes a pé ignorem o que os espera. Isto para não falar do piso do adarve templário e assim, sobretudo para senhoras com tacões altos.
Obrigado câmara! Obrigado direção do convento! Graças às vossas ações históricas, os turistas cada têm melhores condições para visitar Tomar.
Que notícia!!! É mesmo ridículo…