
Foi a 29 de outubro de 1962 que se realizou em Tomar a maior manifestação de sempre. Estava em causa o desvio do rio Nabão, na nascente do Agroal, para Ourém com o objetivo de abastecer de água Fátima.
O povo de Tomar juntou-se e saiu à rua para dar conta do seu descontentamento em relação a esse projeto do governo. A manifestação, à qual se juntaram autarcas e dirigentes, encheu a Praça da República, Corredoura e outras ruas nas proximidades.
Perante tantos protestos, o governo não teve outro remédio senão deixar cair o projeto.
António Rebelo, numa das suas crónicas a propósito da poluição do rio, recorda a época em que em Tomar se ouviu falar no desvio da água do Nabão para abastecer Fátima. “Foi como se tivessem acendido o rastilho do protesto. Liderados pelo saudoso Nini Ferreira, os tomarenses logo manifestaram, apesar de ser proibido e muito perigoso. Com a palavra de ordem “O Nabão é sangue do concelho”, houve colagem de cartazes, concentração frente aos Paços do concelho e manifestação de rua. Tudo tão inesperado que o temível poder salazarista recuou e nunca mais se voltou a ouvir falar de semelhante coisa. Até o então major Fernando Oliveira, (um dos tenentes do levantamento de 28 de Maio, e mais tarde presidente da câmara, o melhor que houve em Tomar até hoje), ficou assustado”.
As manifestações do povo em plena ditadura podem constituir uma atrativa peça jornalística e, por isso, frequentemente lembrada. Mas o mais certo foi a ideia ter sido abandonada pois punha em risco o funcionamento das fábricas de papel, muito importantes para a economia na época. Aliás havia fortes ligações entre o governo e as administrações dessas empresas. Achar que o salazarismo se assustou com a movimentação dos tomarenses é uma tese rebuscada.
Boa noite Sr. António Pina .
Seja como for , á época pelo que se viu Havia Tomarenses .
Havia povo .
Havia gente .
Havia liderança .
E hoje o que há ?
Talvez carneirada !!!
De acordo. Hoje predominam os aposentados (da antiga economia tomarense) e alguns funcionários públicos. Mas isso foi uma opção da maioria dos locais quando concordam que o futuro da cidade está no turismo.