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Desiludido com Tomar, António Rebelo escolheu o Brasil para viver

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O tomarense António Francisco Rebelo, professor aposentado de 80 anos, autor do blog Tomar a Dianteira, vive há seis anos em Fortaleza, no Brasil.

Entre outros motivos, o que o levou para terras de Vera Cruz foi o clima e a desilusão com Tomar e com os tomarenses.

É conhecida a sua opinião assertiva e crítica em relação ao poder local e à realidade de Tomar, mas António Rebelo sente-se, na maior parte das vezes, a pregar no deserto, o que o levou, por exemplo, a suspender o seu blogue.

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Esta é mais uma entrevista a um tomarense que trocou as terras nabantinas pelo Brasil. Fomos tentar perceber porquê.

 

Porque optou deixar Tomar e viver no Brasil?

– Uma vez cumprido o luto de dois anos, na sequência do falecimento da mãe do meu filho, decidi vir para o Brasil por dois motivos centrais:

A – Tomar é muito bonita e aconchegante mas os invernos eram para mim muito desconfortáveis, devido ao frio e à humidade. Mesmo com ar condicionado e aquecimento, era um castigo quando tinha de me levantar durante a noite para me aliviar. Ao sair do quente da cama para o frio ambiente (quem é que tem WC com aquecimento no inverno?) tinha sérios problemas de artrose e contracção muscular. Daí ter começado a procurar um clima quente durante todo o ano, com um preço acessível. É o que tenho aqui no Brasil. 25-35 graus todos os dias do ano, à beira mar, e praia com sombra de árvores.

B – Pesou também na emigração a tristeza cultural local, bem patente no ar melancólico das pessoas que encontramos na rua. Em Tomar há festas, mas não há alegria. Há eleições mas não há políticas nem políticos.

 

Em que zona se encontra?

– Vivo em Fortaleza (2,5 milhões de habitantes), capital do Estado do Ceará, um dos 27 estados brasileiros, três vezes a superfície de Portugal, mas apenas 6,5 milhões de habitantes.

 

Como é a sua vida no Brasil?

– A minha vida aqui é a de um reformado, a quem foi concedido sem dificuldade um visto de residência permanente sem prazo de validade, ao contrário do que acontece aí em Portugal. A minha companheira tem um visto de residência válido por 5 anos, cuja obtenção foi muito difícil.

Faço as minhas caminhadas no calçadão da beira-mar, aqui à minha porta; leio, vejo televisão e procuro acompanhar a actualidade tomarense e portuguesa.

 

Aponte alguns aspetos positivos e negativos de viver no Brasil

– Estou aqui há 6 anos e não me sinto capaz de apontar aspectos negativos da vida brasileira. Isto porque o Brasil é um continente. Equivale na prática à Europa inteira. Daqui onde estou, no Nordeste, são 3 mil quilómetros até à fronteira sul. Como de Lisboa a Berlim. Há também o problema das grandes cidades. S. Paulo tem mais do dobro da população portuguesa e o Rio já vai nos 12 milhões de habitantes. Como perceber coisas assim?

 

Vem regularmente a Portugal?

– Viajo para Portugal todos os anos, e por aí fico durante dois ou três meses, enquanto faz calor. Trato de problemas de intendência e aproveito para viajar pela Europa.

 

Quais as características das mulheres brasileiras que mais atraem os portugueses?

– Não sei responder. Na minha opinião, a língua comum, a alegria de viver das brasileiras e o facto de aceitarem com naturalidade o modelo tradicional do homem chefe de família, tão vilipendiado na Europa e nos USA.

 

Que conselhos dá a quem queira sair de Portugal e viver no Brasil?

– É fundamental vir cá primeiro, para ver como é e decidir só depois. O Brasil é um mundo. Faz fronteira com todos os outros países da América do Sul, que são 13. Uma coisa é viver no Nordeste (10 estados) outra muito diferente é viver no sul, sobretudo no Rio, S. Paulo e Santa Catarina.

 

Tenciona regressar um dia a Tomar definitivamente?

– Talvez um dia tenha de regressar a Tomar, por razões de saúde, pois o meu seguro médico -ADSE- é daí. Mas fá-lo-ei contrariado. Há muito que assimilei o facto indesmentível de ter sido sempre rejeitado, salvo raras excepções, por aqueles conterrâneos que se julgam bem-pensantes, e são do mais intolerante que há. Ainda vivem nos tempos da santa inquisição.

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21 comentários

  1. Fico contente por saber que o sr. Rebelo está feliz da vida em terras de Vera Cruz. Pois então por aí vá ficando já nada o prende por aqui. Até o seu amigo calé já se foi. Isso, somado à tristeza endémica que caracteriza o nosso povo (o português), e que tanto o perturba, deve ser suficiente para o manter nas terras quentes do forró.

  2. O teor de sarjeta de alguns comentários supra, confirma afinal aquilo que escrevi nas respostas ao questionário do Tomar na rede. É portanto inútil avançar mais considerações. Coitado de quem nasce, cresce e morre néscio, sem jamais disso se dar conta.

  3. Parabéns
    Exmo Prof. ANTÓNIO REBELO
    Pela sua paciência.

    INFELIZMENTE UM CEGO VÊ MELHOR QUE QUEM VÊ MAS NÃO QUER VER… e era melhor que não vissem assim não insultavam e seriam pessoas mais humildes.

    PALAVRAS PARA QUÊ QUANDO SE VENDEM INSULTOS SEM SAL OU SEJA DESINSSOSSES…

    ABC
    Ao
    SR. Professor António Rebelo

  4. Pronto! Como era esperado, alguns comentários não totalmente abonatórios trouxeram-lhe ao de cima a habitual irratibilidade. Não lhe dêem corda quando não atira para a frente com os estudos franceses e aí é que vocês vão ver o quão “piqueninos” são!

  5. Jovem, Tomar está na mesma. A triste sina que começou com o inefável Paiva, tarde em melhorar.
    Deixa.te ficar longe do merasmo
    Um abração do tamanho suficiente para atravessar o Atlântico
    Alexandre Lopes

  6. O sr. Cá do Burgo / Rebelo esquece-se que a tradição manda que devem ser moças a transportar os tabuleiros, não “velhotas” entradotas como eu, nascidas nos princípios dos anos sessenta. Mesmo que não fosse por isso, é de tradição que os tabuleiros sejam vestidos de rendados alvos. Nunca com rendas de cor.
    Por favor não continue a tentar alterar-me o género. Continuará a estar enganado quanto à minha pessoa. Você é que optou por trocar a velha Lusitânia pela terra dos veados! Porque terá sido? Para não se sentir sozinho? Em manada funciona melhor? Ou então porquê descobriu finalmente a sua vocação carnavalesca?

  7. Se o senhor Cá do Burgo não for a pessoa que eu penso que é, peço imensa desculpa pela desqualificação com que o tratei no meu comentário anterior. Realmente não se deve insultar as pessoas atribuindo-lhes identidades que não têm, sobretudo quando são inequivocamente de baixo nível.

  8. Tenha maneiras, ERICA, se ainda conseguir. Comporte-se! Não atribua a terceiros práticas e qualidades que são atributos exclusivos seus. ERICANOS. Entendeu?
    Quero lá saber de quem você possa ser ou não. Os meus centros de interesse são outros. Não incluem preocupações com labregos mal polidos, com pretensões a intelectuais do burgo.

  9. Respeitável ERICA, dans le sens français, você já fez esta mesma fita, nos mesmos precisos termos, aqui há anos, quando eu escrevia regularmente no tomar na rede. O que significa que se repete. E quando tal acontece, há doença do foro psiquiátrico, de certeza. Les français ont un verbe pour le dire: RADOTER. Et si vous radotez sans vous en rendre compte, c’est grave.
    Doença do alemão? Oxalá que não, muito sinceramente!
    Mas conviria ir ao médico especialista, quanto antes.
    Escreveu você, numa das suas infelicidades, que estou ou estive irritado com os dislates aramados em comentários. Peço licença para esclarecer que apenas revelou duas coisas. 1 – A sua manifesta incapacidade para interpretar escritos alheios; 2 – A sua tendência para ideias fixas. A tal maleita…
    Trate-se criatura. Depois terei todo o gosto em dialogar consigo. Com uma única condição: Use o seu nome completo de baptismo, como eu faço. Valeu?

  10. Muito bem dito, Alexandre Lopes. As pessoas queixam-se do PS sgora, como se não tivesse sido igual com o PSD. Perdem tempo em tangas de partidos como se estivessem na AR e entretanto as mudanças concretas, nem vê-las.

  11. Ei-lo em todo o seu esplendor! Cá em Tomar ou no Brasil, a receita é sempre a mesma. O local não importa. É uma mera questão de geografia. A antropologia explica como o meio ambiente molda o ser humano. No caso deste excelso idoso…não me parece que tal aconteça. Porventura devido à idade, a irrascibilidade está sempre à tona, n’est-ce pas, monsieur Rébélo?

  12. Fui aluno do Sr. Prof. António Rebelo nos anos 90, espírito de quem guardei muita estima. Guardei referências boas e talvez alguma menos boa, no entanto, quem nunca errou que atire a primeira pedra.
    Motivou-me e entusiasmou-me com a sua forma crítica e eclética de lecionar.
    Folgo em saber que está bem e que as caminhadas mnemónicas continuam, por Tomar ou pelo Brasil.
    Saí de Tomar há 20 anos, por motivos ligeiramente diferentes dos seus, mas convergentes no mesmo ponto crítico. Não basta ser cego, o registo sente-se e não acrescenta valor.

    Um bem haja!

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