PolíticaDestaque

O estado do Concelho na perspetiva do CDS-PP

- Patrocínio -

O deputado municipal de Tomar do CDS-PP, Francisco Tavares, fez uma intervenção assertiva e contundente sobre o tema “O Estado do Concelho”, na sessão extraordinária da Assembleia Municipal realizada no dia 17 de junho.

A sessão decorreu no Centro de Convívios da Portela da Vila, na União de Freguesias de Além da Ribeira e Pedreira. No site oficial não está publicada a convocatória e, ao contrário do habitual, não houve transmissão online, ficando os cidadãos impedidos de acompanhar o debate à distância.

Na sua intervenção, o deputado centrista critica a gestão socialista na câmara por “falta de visão, falta de estratégia e um comodismo crónico”. Mas nem tudo é mau porque “somos especialistas em festas e em eventos”.

- Patrocínio -

Dada a sua pertinência, publicamos na íntegra a intervenção de Francisco Tavares:

“Começo por parabenizar o PSD pela ideia, o Senhor presidente da AM por ter aproveitado e aos meus colegas deputados que por unanimidade aprovamos esta iniciativa de discutir, anualmente, o estado do concelho.

Mas, como diz o povo, de boas intenções está o inferno cheio.

Para que uma boa ideia, possa servir para alguma coisa é necessário que haja consequência desta e de outras assembleias.

E, portanto, ainda que o histórico do que tem sido a importância e relevância deste órgão das últimas décadas nos enche de péssimos quanto ao futuro desta iniciativa, devemos ter a esperança e acima de tudo a insistência para que efetivamente se tire consequências, positivas para o concelho, destas nossas reuniões.

Depois valorizar a realização destas desta reunião de forma descentralizada e, portanto, é a prova de que a par de eventos para milhares de pessoas, o município também consegue organizar reuniões para os seus autarcas nas freguesias rurais o que é um indicador que considero bastante positivo.

Feita esta introdução, vamos ao tema que nos traz hoje a esta reunião que é o estado do nosso adorado concelho.

Disse-vos há umas sessões que não contassem comigo para o politicamente correto ou que seguisse diretórios que não fosse o que eu considero o melhor para o concelho. Não pretendo ser meigo com as palavras.

José de Alencar, tem uma frase que infelizmente acho que se aplica para início de intervenção:

 “só a ignorância aceita e a indiferença tolera o reinado da mediocridade”

Infelizmente em Tomar, somos uns conformados, ficamos satisfeitos com o poucachinho e só realmente nos preocupamos quando nos toca diretamente, até lá citando um governante socialista “porreiro pá”.

Senão vejamos alguns dados para refletirmos:

– Observando os últimos 3 censos, o município de Tomar viu diminuir, sucessivamente, a sua população residente, tendo esta passado de 43.006 habitantes em 2001, para 36.414 habitantes em 2021 (um decréscimo de 15,3%);

– Em 2021, no município de Tomar, havia 294 idosos por cada cem jovens, mais 145 do que em 2001, acima da média do MT, da nossa NUT e do país;

– Segundo os Censos 2021, no município de Tomar há 4.528 idosos que vivem sozinhos, mais 40,6% que em 2001

– Em 2020 a diferença entre o número de nascimentos e o de mortes em Tomar foi negativo, traduzindo-se num saldo natural de menos 368 indivíduos. Inferior ao MT, à NUT e ao País.  Em contrapartida, o saldo migratório foi positivo (mais 395 indivíduos). Não fossem os imigrantes e a situação era ainda mais dramática.

– Em 2020, face à população residente, a incidência de crimes registados pelas polícias do município de Tomar foi a 2.ª mais elevada do Médio Tejo

– Entre 2009 e 2019, o número de empresas não financeiras diminuiu, em Tomar, de 4.249 para 3.884 (um decréscimo de 8,6%)

– Em 2019, a disparidade salarial entre homens e mulheres no município de Tomar era de 194 euros, mais 35 euros do que em 2009 (preços correntes)

– Em 2019, por cada 100 empresas não financeiras existentes em Tomar, foram criadas 12 e extintas outras 12

– Em 2020, o município de Tomar tinha a 6.ª maior taxa de Trabalhadores da Administração Pública Local por mil habitantes entre os municípios do Médio Tejo

– Ainda sobre o Ranking Bloom Consulting 2022, que analisa e compara todos os municípios portugueses, em 4 categorias:

  • No ranking “Geral”, Tomar desceu -4 lugares para 57º
  • Nos “Negócios” conseguimos subir +1 lugar para 65º
  • No âmbito do “Visitar” descemos -12 lugares para 50º
  • E no “Viver” descemos -4  lugares para 49º a nível nacional

A pergunta que vos deixo é se, face a estes dados e ao conhecimento que todos temos do nosso concelho e ainda em comparação com outros municípios vizinhos, se temos razões para estar satisfeitos ou no limite descansados pelo rumo que o nosso concelho tem tomado.

Na minha opinião, não há razões para sorrir. Somos especialistas em festas e em eventos, nisso acho que nos temos tornado uma referência. Mas a verdade é ao invés de ver os meus amigos e colegas a vir às festas em Tomar de tempos a tempos, gostava que esses mesmos amigos vivessem, trabalhassem e criassem família cá em Tomar.

Gostava de ter ido ao encontro do aniversário da minha geração no Liceu e ter pelo menos 1 colega presente a trabalhar em Tomar.

Gostava de quando a minha irmã me diz que gostava de vir trabalhar para Tomar mal termine o curso, dizer-lhe que está cheia de oportunidades de emprego na sua área, que vai poder encontrar uma casa para arrendar nos primeiros anos e depois comprar, gostava de lhe dizer que se tiver problemas de saúde que não tem de sair do concelho para os resolver, gostava de lhe dizer que a nossa irmã mais velha ou os seus amigos de infância, que emigraram por falta de oportunidades, voltaram para Tomar e estão a ajudar a contribuir para a riqueza do concelho.

Gostava de lhe dizer tanta coisa, mas não perspetivo que lhe possa dizer nenhuma destas coisas sem lhe estar a mentir.

Porque a verdade é que Tomar tem tudo para poder concretizar estes sonhos, tem os recursos naturais, tem a localização, tem o clima, tem o ensino, tem muitos serviços, tem os recursos históricos e de potencial turístico… o que não tem?

Não tem estratégia, não tem visão e acima de tudo não tem ambição.

E há problema com isso? Claro que não, enquanto houver eventos está tudo bem.

Há uns anos, através do conselho municipal de juventude, fui o potenciador da criação do conselho municipal de segurança, tendo inclusivamente na altura tomado posse como membro. Passados alguns anos e em que alguns indicadores relativos à criminalidade nos devem preocupar, o órgão, que eu saiba, nunca mais voltou a reunir.

Há cerca de 10 anos – já perdi a conta – ainda o município era governado pelo PSD, propus a criação de uma incubadora de empresas em Tomar. Achava e continuo a achar que Tomar é o local ideal para criação de um hub tecnológico onde start-ups e empresas de todo o país poderiam sediar. A pandemia veio potenciar ainda mais esta visão.

Todos os municípios nossos vizinhos criaram este tipo de estrutura, umas maiores outras mais pequenas… e em Tomar? Em Tomar continuamos com aquela visão bacoca e ultrapassada de que não somos nós que devemos ir à procura de investimento no concelho, ele é que tem de vir e mostrar porque é uma mais-valia.

Nada me deixa mais triste que verificar que esta falta de visão, esta falta de estratégia, este comodismo crónico infestou o concelho que eu amo.

Nada me deixa mais revoltado do que ver como não só não aproveitamos, mas como desvalorizamos o nosso património.

Como continuamos sem um museu da nossa festa maior e onde quem nos visita não tem forma de experienciar nada da magia na nossa festa dos tabuleiros.

Como deixamos que nos destruam os rios ou ataquem o que considero o maior segredo da região que é a albufeira do castelo do bode, sem que nos preocupemos realmente.

Como permitimos que outros concelhos, outrora mais atrasados que Tomar nos ultrapassem alarvemente.

E no final, a cereja no topo do bolo:

A arrogância e incapacidade de décadas de governação deste município levaram a um afastamento crónico dos tomarenses dos políticos. Hoje ninguém sabe quem são os autarcas tomarenses, ninguém sabe do que fazem e recorrem aos políticos exclusivamente quando precisam de pedir algo.

As cadeiras do público nas assembleias municipais, salvo pontuais excepções, ou estão vazias ou utilizadas pelos colegas de partido.

O povo, esse foge da política como diabo da cruz.

A ideia de vivermos enquanto comunidade, de trabalharmos todos juntos para o bem comum, de contribuirmos com ideias, com propostas para o crescimento do concelho, de participação dos encontros políticos, a fiscalização do povo do trabalho dos seus eleitos… foi substituído por critica de café, regado com populismos e demagogias e que em nada contribuem para melhorar o nosso concelho.

O meu compromisso é com Tomar e é por Tomar que continuarei a trabalhar, mas a esperança que deposito em Tomar é exclusiva do seu património e dos seus recursos, porque até que os tomarenses acordem para a necessidade de largarmos a mediocridade, não antecipo um futuro risonho para o nosso concelho.

Mas felizmente temos sempre um extraordinário evento para afogar as mágoas e chorarmos em conjunto que antigamente é que era, mas nada fazermos para voltar a colocar Tomar no mapa da prosperidade.

Caros colegas,

O futuro do nosso concelho será tanto melhor, quanto melhor nós, autarcas, cumprirmos a nossa missão. É o desafio que vos deixo, sendo que aos dias de hoje, estamos todos a falhar!

Disse”.

Tomar, 17 Junho 2022

Francisco Tavares

Deputado Municipal de Tomar do CDS-PP

- Patrocínio -

6 comentários

  1. E os partidos que costumam governar não estão à beira da extinção porquê?
    É por serem mais capazes que os outros?
    Ou será por nunca terem falhado nas promessas e terem sempre em atenção o bem estar e qualidade de vida dos cidadãos?
    Ou será porque, como o Manel gosta de dizer, os ”verdadeiros portugueses” votam neles?

  2. É assim, só não vê quem não quer.
    Esteja ou não o CDS em extinção, o Concelho de Tomar está muito mal.
    E o texto publicado não conta estorias, dá-nos conta de realidades.
    E querer ignorar isso, desviando atenção para o CDS, é engano da avestruz.

  3. Bla, bla, bla. O assunto é mais complicado. Enquanto a aposta principal para a economia local for o turismo não se esperem mudanças. Todos os partidos nas últimas décadas não apresentaram alternativas e talvez nem os tomarenses as queiram.

  4. Exatamente! Malvados partidos da oposição, que não apresentam alternativas, tornando-os assim nos principais culpados do estado do concelho. Por isso, voto e sempre votarei PS, não vá o diabo tecê-las…

  5. Desde quando é que a criminalidade é um problema assim tão grande em Tomar? Quem beneficia com esse alarmismo?

    As pessoas, sobretudo os jovens, vão embora e não é por causa de uma onda de crime qualquer.

    O discurso do rapaz sobre a irmã é um bocado infeliz… reflecte a realidade de muitos jovens mas quem o conhece e à família dele sabe que a dita irmã não terá propriamente grandes problemas em sobreviver e pagar a renda. Há exemplos melhores em que de facto os jovens não têm dentes para viver em Tomar e são obrigados a sair.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Botão Voltar ao Topo