
Antes de serem montadas e utilizadas, já se sabe que as bancadas da Festa dos Tabuleiros vão dar prejuízo. Foi a própria presidente da câmara de Tomar que confirmou a situação na reunião de câmara do dia 11.
Conforme foi anunciado, na av. Cândido Madureira vão ser montadas quatro bancadas com 1204 lugares pagos para quem quiser assistir ao cortejo da Festa dos Tabuleiros no dia 7 de julho.
Mesmo vendendo a 10 euros cada lugar, a montagem das bancadas e toda a logística e serviços associados têm um custo superior à eventual receita que se possa arrecadar.
Os bilhetes para as bancadas vão poder ser adquiridos no site ticketline e também na sede da Comissão Central.
João Pedro Costa Cabral, com loja na av. Cândido Madureira, foi à reunião de câmara protestar contra a montagem das bancadas. Segundo o comerciante, as bancadas não aumentam o número de lugares, não apresentam vantagem económica e prejudicam o comércio. Na sua opinião, “foi uma má decisão da câmara, não foi bem pensada”.
A presidente da câmara argumentou com a possibilidade de as pessoas poderem assistir ao cortejo de forma mais confortável, informando que as bancadas são montadas a partir do dia 5 e são desmontadas no dia 8.
Pois é! Confirma-se. Conforme escrevi aqui no Tomar na rede, em 29 de Maio passado, num comentário respondendo ao cidadão Pompeu, (que antes havia debitado barbaridades, cuidando estar a defender a festa grande, na sequência do post PIOR a EMENDA QUE O SONETO), as 4 bancadinhas a montar, para ver passar os tabuleiros, vão afinal servir apenas para apresentar como argumento contra os que defendem uma festa que dê lucro. A senhora que lidera o executivo acaba de esclarecer, na reunião camarária, que mesmo vendendo todos os lugares, a receita apurada não chegará para cobrir as despesas.
Para que instalam então as bancadinhas? Para cumprir a tradição? Para promover Tomar?
Mas não há tradição nenhuma de bancadas para assistir ao cortejo, dirá o leitor. Pois não há não senhor. Apenas aquele desastre de há 8 anos, na Alameda 1 de Março. Financiadas por patrocinadores, não deram prejuízo mas ficaram quase às moscas, em termos de bilhetes vendidos.
Mas neste caso a maioria instalada procura cumprir outra tradição muito tomarense. A de estoirar dinheiro em iniciativas de utilidade duvidosa, como o das bancadinhas. A não ser que se trate de mais um ajuste direto para ajudar algum camarada em dificuldade para pagar os salários ao fim do mês. Também pode ser.
É uma palermice mal amanhada. Nem se consegue perceber como é que 4 bancadinhas vão ter 1.204 lugares. 301 lugares cada uma? Mas como raio é que uma bancada forçosamente retangular consegue ter uma fila com mais um lugar que as outras? Já estão a contar com mais um banco à parte, em cada uma, para o controlador de bilhetes?
Reles criaturas!
Há quem não goste da iniciativa, sobretudo quem já viu muitas vezes a Festa e se não virem esta vêem outra… Quem vem de longe, viajando longas horas, que não tem possibilidade de vir a mais do que uma ou duas festas, não deve achar muita graça chegar ao local e só ver as pombas ou as cruzes dos tabuleiros. Sim, porque é difícil conseguir um lugar para ver o cortejo passar. Quem quiser paga, quem não quer tenta ver noutro local. Quanto ao lucro, nunca poderia dar. Esta é uma Festa feita por todos em que a maioria trabalha gratuitamente. É uma Festa de partilha. Desejo que os bilhetes se vendam todos e que as 1204 pessoas, ou mais, que irão circular nessa rua ajudem aquele comércio. Quanto aos restantes comerciantes, vai haver muita gente também para lhes comprar. Desejo a todos uma boa FESTA e que deixem o Espírito Santo tranquilizar os vossos corações.
VIVA A FESTA!
Pois pois! Viva a festa! Viva o Espírito Santo! Viva o despautério! Viva a vilanagem! Viva a palermice!
O problema, minha senhora, não é já ter visto ou não, ser de cá ou ser de fora, gostar ou não gostar. O problema é a parvoíce (mais uma!) de ir fazer umas bancaditas que já se sabe que vão custar mais uns milhares de euros aos contribuintes. Mesmo com os utilizadores a desembolsarem 10 euros por cabeça.
Diz a senhora que a festa nunca poderia dar lucro. É o que lhe parece! Mesmo no obsoleto e tosco modelo atual, dá lucros encapotados a muito boa gente. Que por isso não quer que as coisas mudem. O problema é que este ano custa pelo menos 400 mil euros aos cofres municipais, dentro de quatro anos custará mais de meio milhão de euros, e assim sucessivamente. Até que a dada altura passará a custar zero euros, por evidente falta de recursos para a fazer.
Porque, veja bem, no esquema atual e usual “para cumprir a tradição”, a festa já custa à Câmara mais de 10 euros por cada habitante do concelho. Para quê? Qual é a utilidade real, prática, visível, mensurável daquilo que chamam a Festa grande? Quais são os seus dividendos palpáveis? Promoção de Tomar? Mas promoção de quê?
Não será já tempo de os tomarenses, sobretudo os seus autarcas, se deixarem de fantasias e cairem na realidade que todos vemos? (falta de limpeza, contentores a transbordar, falta de estacionamento, falta de sinalização, falta de WCs públicos, falta de informação, falta de objetivos, falta de um plano de desenvolvimento, falta de investimento, falta de emprego…)
É lamentável ler tais palavras. Os problemas da autarquia e a política, devem ser discutidos noutro local. Nunca aproveitando a nossa Festa, aquela que Felizmente tem passado gerações, aquela que é só nossa e de que tanto nos orgulhamos. Não misturemos as coisas. Ah, e se encontrar soluções para esta cidade, eu voto em si. Também quero emprego cá, na minha querida terra, pois percorro 260 km por dia para trabalhar. Um bem haja, Sr. Samuel. Felicidades.
Minha senhora, num regime aberto, como aquele em que felizmente vivemos desde 1974, mesmo lamentável é a sua atitude. Que o meu comentário não lhe agrade, compreendo sem dificuldade. Que por isso as minhas palavras sejam lamentáveis, não se entende de todo.
Palavras lamentáveis porquê? Porque ousam ir contra aqueles que, como a senhora, não percebem (ou simulam não perceber) que a crise tomarense resulta também da acentuada tendência para se gastar de forma exagerada com festas e outras manifestações compra-votos? Em eventos de utilidade mais do que duvidosa?
Escreve a senhora que “se encontrar soluções para esta cidade, eu voto em si.” Pois muito agradecido, mas não tenciono candidatar-me. Dito isto, asseguro-lhe que as minhas críticas fundamentadas à política seguida pela atual maioria, vão exatamente nesse sentido -provocar a discussão que possa levar a encontrar soluções para Tomar. Concordará decerto que, se e quando a Festa dos tabuleiros facultar uma receita final global, em vil metal, dupla ou tripla daquilo que custa, permitirá à autarquia uma folga financeira suscetível de desencadear outros investimentos com valor acrescentado, tanto públicos como privados. E talvez então apareça em Tomar, no âmbito desses investimentos, uma ocupação profissional interessante que lhe evite essa situação realmente lamentável de ter de fazer 260 quilómetros para “ganhar o seu pão”.
Não é evitando e até lamentando os debates, que se conseguem encontrar soluções profícuas, num mundo cada vez mais complicado. E no quadro desses debates, tudo pode e deve ser misturado, porque tudo está interligado, quer queiramos quer não.
Cumprimento-a com todo o respeito, Srª Dª Ana Maria, desejando o melhor futuro possível para todos nós.