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Exposição 𝙀𝙉𝙏𝙍𝙊𝙋𝙄𝘼 mostra a arte da “fotografia analógica e outros”

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Está a dar que falar a exposição patente na Casa Vieira Guimarães em Tomar até ao dia 24 de julho. O tomarense Jimmy Yung (Vasco Figueiredo) apresenta 𝗘𝗡𝗧𝗥𝗢𝗣!𝗔, uma “exposição de fotografia analógica e outros”, por iniciativa da Associação de Antigos Alunos do Liceu de Tomar/ESSMO (AAAESSMO), estabelecimento de ensino que está a comemorar 50 anos.

Vasco Figueiredo cresceu em Tomar onde foi bom aluno e apaixonado por desporto, mas aos 17 anos mudou-se para Lisboa. Foi no Instituto Superior Técnico que descobriu o gosto pela fotografia analógica e desde então nunca mais parou de tirar fotos aos seus amigos, nos dias e noites que passou com a sua Canon na mão, nas ruas da capital.

Além do polémico tabuleiro em exposição, algumas dessas fotos podem ser apreciadas na Casa Vieira Guimarães às quartas e sextas feiras das 14h às 18h e aos sábados e domingos das 10h às 13h e das 14h às 18h.

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“Tomar na Rede” foi tentar conhecer um pouco mais sobre o artista e a sua arte.

– Como surgiu o gosto pela fotografia?

A primeira vez que me lembro de tirar uma foto foi numa viagem à Madeira com uns 5, 6 anos. A minha mãe dizia que tinha muito jeito e posso afirmar com bastante confiança que a primeira foto que tirei foi a uma cascata.
Depois disso houve pouco seguimento até que em 2015 o meu grande grande amigo Francisco Salgado começou a levar uma máquina analógica quando íamos sair à noite em Lisboa. Conseguia imagens muito únicas e reais que contrastavam muito com as tiradas com o telemóvel, apaixonei-me de imediato. Como bom amigo que é, arranjou-me uma máquina e nunca mais parei de fotografar.

 

– Porquê a opção pelo analógico? Que máquina usa?

A minha máquina preferida é a Canon AE-1 mas tenho um pequeno arsenal, cerca de 15: várias “point-and-shoot” que se estragam com facilidade mas são baratas.

O analógico tem em primeiro lugar a nostalgia das férias de Verão com a família, as pessoas ligam-se rápido a esse sentimento, depois há também o tempo que temos de esperar para ver as imagens, tempo suficiente para deixar as memórias repousar, em contraste com a gratificação instantânea do digital; por último são máquinas mais pesadas, tens de lhes saber tocar e gosto de lhes sentir o peso, como uma arma.

 

– Como e onde é feito o trabalho de revelação fotográfica?

Inicialmente revelei alguns rolos no laboratório de fotografia do Instituto Superior Técnico para aprender as técnicas e conhecer o processo. Mais tarde começei a trabalhar com a “Print Factory” em Lisboa. A revelação é automática mas muito competente e há 6 anos que sou cliente.

 

– Em Tomar pelo que sabemos já não há quem faça revelação fotográfica…

Tomar tem casas de fotografia muito boas e quase todas sabem fazer revelação fotográfica mas infelizmente tornou-se economicamente inviável. Creio que o único laboratório activo neste momento é no Politécnico de Tomar.

 

– E rolos? Onde comprar?

Desde há 2/3 anos que se tornou progressivamente mais difícil comprar rolos em Tomar mas podem e devem tentar na loja de fotografia do Sr. Arlindo Santos ao pé da Marisqueira, na loja do Sr. Vítor junto à levada e na Fotoshop na Corredoura. É comum estar disponível e em stock em pelo menos uma das três.

 

– Um pouco como aconteceu com o vinil, está a redescobrir-se a fotografia analógica?

Excelente pergunta! Sim definitivamente houve uma redescoberta na última década, em primeira instância por parte dos fotógrafos mas cada vez mais pelo público em geral, influenciada pelo Instagram que impulsionou muito o estilo. Por causa disso o negócio alterou-se profundamente. Quando comecei a fotografar, um rolo com 36 fotografias custava 2,5€ e sete anos depois o mesmo rolo custa 14€, o que infelizmente fechou um pouco a porta aos mais novos. Ainda assim é relativamente sustentável e o investimento vale a pena porque consegues imagens frescas e diferentes que se destacam numa indústria dominada pelas digitais, são imagens clássicas.

 

– Quais as principais diferenças em relação à fotografia digital?

Essencialmente, o tempo que temos de esperar para ver a foto, a reação das pessoas quando percebem que é uma máquina analógica (acham muita piada) e o mais importante de tudo que é a nossa imaginação e o que projetamos ao ver a fotografia, que tem sido progressivamente anulada pela resolução das novas máquinas. A imaginação é essencial.

 

– Quais os principais aspetos negativos que aponta à fotografia digital?

O digital produz imagens espetaculares quase impossíveis de capturar com uma analógica e vice-versa; são estilos diferentes e que co-existem, não há propriamente aspetos negativos ou positivos mas sim propósitos diferentes com resultados diferentes, como acontece com as pessoas.

 

Complete a frase: para mim, fotografar é…

Uma tentativa frustrada de guardar as minhas pessoas, experiências e memórias num quadradinho.

 

Uma última pergunta: no local da exposição está um tabuleiro na montra, com as cores do arco-íris. É da sua autoria? Qual o significado? Que mensagem pretende transmitir?

Sim, claro que é da minha autoria e todas as peças e instalações presentes na exposição são da minha curadoria (shoutout Paulo Rente).
Naturalmente que tem uma interpretação política inerente mas o principal foco foi o re-design e re-interpretação de todos os elementos originais (por ex. a estrutura é única e forma cruzes diagonais embora formada pelas mesmas 5 canas dos tradicionais tabuleiros) de forma a integrar os valores LGBTQ na sua composição e essencialmente promover o conceito de “One Love”; Em contraste à permeabilidade à cultura e influência norte-americanas nas redes sociais, acredito que esta sensibilização ganha muito em criar um diálogo através da expressão artística perto das nossas comunidades.

 

Mais sobre o autor:

@jimmy.yungg

http://vascofigueiredo.com 

 

Tabuleiro LGBT provoca acesa polémica

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3 comentários

  1. Os Tomarenses, “os verdadeiros” respeitam a liberdade artística e a liberdade de expressão.
    Os verdadeiros Tomarenses, são na generalidade pessoas educadas, os “outros” podem voltar para o sítio de onde vieram…

  2. Parabéns ao artista que fez o que a arte têm exatamente de fazer: romper anátemas, limites e barreiras e reconstruir a realidade com perspectivas novas! Só mais uma coisa, os Templários em Portugal resistiram em 1312 ao papa e a Filipe o Belo mas os seus sucessores foram condicionados fortemente em 1500 com os inquisidores de João III.. Não precisamos de mais inquisidores e inquisição, deixem a expressão artística em paz!!

  3. Experimentem a levar essas ideias para a festa, tentem implementar essa mariquic* na tradição que temos, que o primeiro passo é mandarmos para o lixo a candidatura a património mundial e de seguida o que vão fazer é uma guerra aberta com o povo nabantino, porque quem manda é o povo e desde há muito que o povo pretende que se preserve e mantenha a tradição o mais genuína possível. Tentem só entrar por esse caminho, que vão ver a revolução que há em Tomar!

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