Um tomarense que morreu no Tarrafal
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Chamava-se Albino António de Oliveira de Carvalho e era comerciante no Alvito, Tomar, onde era conhecido por “Carvalho das Batatas”.
A sua vida foi interrompida aos 52 anos pela Pide-DGS (polícia política) em 1937, quando foi detido “para averiguações”. Foi enviado para a prisão do Aljube, em Lisboa, onde permaneceu de 23 de março a 8 de agosto desse ano. Após uma passagem de quase dois anos pela prisão de Peniche, entre agosto de 1937 e maio de 1939, regressou por uns dias ao Aljube, de 7 a 12 de maio de 1939, passando ainda pelo reduto Norte da Prisão de Caxias até embarcar para o campo de concentração do Tarrafal, na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, a 20 de junho de 1939.
Como desenlace deste périplo prisional foi no Tarrafal (Cabo Verde) que Albino Carvalho acabou por morrer em 1941, aos 56 anos, vítima de doença, maus tratos e falta de assistência médica.
Esta é a cronologia da prisão e morte de um comerciante que nasceu na Póvoa do Lanhoso em 10 de dezembro de 1884, e se estabeleceu em Tomar, conforme consta de uma ficha no museu do Aljube.
Haverá por cá ainda familiares deste homem que morreu num dos piores cárceres do antigo regime?
Não posso passar sem expressar de modo claro o meu reconhecimento ao Blog “Tomar na Rede” por esta divulgação.
Modesta que possa parecer, quase de rotina e de “fim de página”, ela revela uma sensibilidade cultural e histórica que contrasta com o pântano obscuro, pimba e retrógrado que é esta cidade, o seu concelho e as suas instituições.
Quando digo isto tenho presente – e é bom que se saiba -, coisas como: A Câmara Municipal, esse tal Politécnico, as Associações ditas “culturais”, os partidos políticos… acho que já chega.