Mulheres e violência doméstica: especialista discute o problema global e o papel dos assistentes sociais no combate a essa realidade
A violência doméstica contra mulheres é uma questão séria e persistente em todo o mundo. Em muitos países, incluindo o Brasil e os Estados Unidos, por exemplo, milhões de mulheres sofrem com diferentes formas de abuso dentro de seus lares, que deveriam ser locais de segurança e amor.
A verdade é que este tipo de violência vai muito além da agressão física; ela inclui abuso emocional, psicológico, sexual e financeiro, afetando profundamente a saúde física e mental das vítimas.
De acordo com a National Coalition Against Domestic Violence (NCADV), nos Estados Unidos, 1 em cada 3 mulheres e 1 em cada 4 homens experienciam algum tipo de violência física por um parceiro íntimo ao longo de suas vidas. Esse problema é ainda mais grave quando analisamos as consequências da violência doméstica. Estudos indicam que ela é uma das principais causas de lesões em mulheres, causando mais danos do que acidentes de carro, assaltos e até estupros combinados.
No Brasil, a situação também é alarmante. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que, a cada dois minutos, uma mulher é vítima de violência doméstica no país. Embora as leis para proteger as mulheres tenham avançado, como a Lei Maria da Penha, que foi sancionada em 2006 e visa combater a violência doméstica e familiar contra a mulher, o número de casos continua altíssimo. Muitas mulheres ainda se sentem temerosas em denunciar seus agressores, o que reforça a necessidade de um sistema de apoio mais robusto e acessível.
Um ciclo difícil de romper
A violência doméstica pode acontecer em qualquer tipo de relação, independentemente da idade, raça, gênero ou classe social. É importante lembrar que ela não se limita apenas à violência física, mas inclui também abuso emocional, sexual e financeiro. Muitas vítimas não denunciam os abusos por medo, vergonha ou falta de apoio, o que agrava ainda mais a situação.
Nos Estados Unidos, em maio de 2023, foi lançado o primeiro plano nacional para acabar com a violência baseada em gênero. Esse plano inclui estratégias para abordar a violência sexual, a violência entre parceiros íntimos, o assédio e outras formas de violência de gênero. A iniciativa visa não só amparar as vítimas, mas também fornecer recursos para apoiar a recuperação e a reintegração das mulheres vítimas de violência doméstica.
Em meio a esse cenário preocupante, profissionais da área social têm desempenhado um papel essencial no apoio às vítimas de violência doméstica. Jordana Rosa de Souza é um exemplo de dedicação nesse campo. Com uma vasta formação acadêmica e experiência em políticas públicas de assistência social, Jordana tem se destacado em diversas frentes no combate à violência doméstica, onde atua diretamente com mulheres vítimas de violência.
Jordana possui um Mestrado em Políticas Sociais pela Centro Universitário Internacional – UNINTER e é graduada em Serviço Social pela Faculdades Integradas Espírita – FIES. Ela tem trabalhado em diversas instituições públicas, incluindo a Prefeitura Municipal de Campo Magro, onde iniciou sua carreira, e, mais recentemente, na SEDUA – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental . Sua experiência abrange o atendimento a mulheres vítimas de violência doméstica, coordenação de campanhas educativas e trabalho com grupos de apoio tanto para vítimas quanto para agressores.
“É fundamental que a sociedade entenda que a violência doméstica não é apenas um problema privado, mas uma questão de saúde pública e direitos humanos. Mulheres em situação de violência precisam de apoio, acolhimento e ferramentas para romper esse ciclo. Nosso trabalho como assistentes sociais é garantir que elas tenham acesso a serviços essenciais, como abrigos temporários, apoio psicológico e jurídico”, afirma Jordana.
Além de seu trabalho no campo da assistência social, Jordana também é membro ativo do CMDM (Conselho Municipal dos Direitos da Mulher) e tem participado ativamente da criação e execução de políticas públicas voltadas para o empoderamento das mulheres e o combate à violência de gênero. Ela organizou reuniões e programas de apoio para mulheres vítimas de violência doméstica e também para homens que perpetraram esses atos, com o objetivo de promover reflexão e mudança comportamental.
Esperança e transformação
Jordana também se envolveu em um projeto inovador voltado para o combate à violência doméstica. Ela desenvolveu um Business Plan focado na criação de um ambiente seguro para famílias afetadas pela violência doméstica. O projeto, chamado Hope House Initiative, é uma iniciativa social dedicada a quebrar o ciclo da violência por meio de um trabalho integrado com as famílias. O programa oferece apoio às vítimas e aos agressores, buscando criar um espaço de reflexão, cura e mudança de comportamento.
A principal característica do Hope House Initiative é o uso da tecnologia para criar um ambiente de segurança. Através de um aplicativo de geolocalização, que envia alertas de emergência e realiza análise de dados de sentimentos e comportamento, a iniciativa se alinha ao plano nacional dos EUA para combater a violência baseada em gênero.
“O objetivo é garantir que tanto as vítimas quanto os agressores tenham acesso a recursos que ajudem na mudança de atitudes e na criação de uma cultura de paz”, explica Jordana.
A violência doméstica é uma realidade que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e é um problema complexo que exige ações coordenadas entre governos, organizações não governamentais e a sociedade civil. O trabalho de profissionais como Jordana Rosa de Souza, que atuam incansavelmente para garantir que as vítimas recebam a assistência necessária, é fundamental. Sua atuação, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, destaca a importância de políticas públicas eficazes, programas de apoio, e iniciativas que possam romper o ciclo de violência.
No entanto, é necessário um esforço coletivo para garantir que todas as vítimas tenham acesso a recursos de apoio e para criar um ambiente onde a violência doméstica seja amplamente combatida e erradicada. Em conclusão, a sociedade precisa continuar a levantar a voz contra a violência doméstica e garantir que todas as vítimas tenham a oportunidade de recomeçar suas vidas livres de abuso.