
Têm sido amplamente divulgado por muitos órgãos de comunicação que, apesar da greve em curso na CP, deveriam estar garantidos serviços mínimos — especialmente nas horas de ponta e nas ligações consideradas essenciais, como Lisboa e Porto.
Mas a realidade, pelo menos em Tomar, é outra.
Na manhã desta segunda-feira, 12 de maio, entre as 05h10 e as 13h13, todos os comboios com partida de Tomar para Lisboa-Apolónia foram suprimidos. Oito ligações previstas. Oito comboios cancelados. Nenhum serviço garantido.
Onde estão os serviços mínimos?
Nos comunicados? Nas promessas? Porque na linha, não estão.
Enquanto isso, famílias e trabalhadores fazem muitos quilómetros por dia para garantir que os filhos vão à escola e que chegam ao trabalho. E fazem-no sem qualquer apoio, sem alternativas reais e muitas vezes a custos que ninguém está a compensar.
E não, as alternativas rodoviárias não são suficientes.
A rede de autocarros na região é limitada, com horários pouco compatíveis com os horários escolares e laborais. E quando há autocarros, estes surgem cheios, sobrelotados, em péssimas condições de conforto e fiabilidade. Fala-se em “evitar sobrelotação” nos comboios como argumento para não decretar serviços mínimos. Mas nos autocarros, ninguém quer saber.
Tomar não é exceção. É só mais uma cidade do interior a ser esquecida.
Aqui, o comboio é um bem essencial — não um privilégio. E quando nem os serviços mínimos são assegurados, estamos perante um bloqueio que ultrapassa o aceitável. Um abuso disfarçado de direito.
Alguém nos explica como é que isto está a acontecer sem que ninguém se responsabilize?
Ou vamos continuar todos a fingir que isto é “normal”?
Fica a pergunta.
Fica a denúncia.