Estacionamento, o Calvário Tomarense

Tomar é um concelho a muitos níveis único, invulgar, diria até predestinado. Está inserido num território, Portugal, que tem nos últimos anos (após a Primavera Árabe, dada sensação de insegurança nestes locais), recebido um número superior de turistas. Tomar, sendo uma das grandes joias históricas do nosso país, não é excepção e também experienciou este aumento.

A governação municipal socialista decidiu apostar nesta tendência, colocar os ovos todos no mesmo cesto e apostar no turismo, nas festas e eventos de uma forma nunca antes vista. Sendo que os recursos são limitados, algumas áreas de intervenção ficaram para trás. Tratando-se assim áreas como a habitação, o investimento ou emprego de forma secundária nas prioridades do executivo socialista liderado por Anabela Freitas, que em breve abandonará o barco, que passará a ser chefiado pelo autodeterminado “infalível” Hugo Cristóvão. Habitação, investimento e emprego que, como todos sabemos, são fundamentais para a fixação de população, para contrariar o êxodo populacional e para garantir qualidade de vida aos que por cá vivem.

Falando em qualidade de vida, também é mais do que claro para quem vive no concelho que ter transporte próprio é determinante para a independência individual. Mas, para fazer uma boa utilização da sua viatura, é necessário ter onde estacionar. Sabemos que para a governação socialista, com avenças municipais de estacionamento, esta é uma não questão. No entanto, o cidadão já nem a pagar encontra soluções de estacionamento no Centro Histórico, local de trabalho de muitos cidadãos e de comércio e restauração.

Todas as obras realizadas nos últimos anos têm diminuído a oferta de estacionamento em zonas críticas (sejam estas de serviços, ou de habitação). A única grande oferta de estacionamento criada foi o parque junto à estação de caminho de ferro, cuja iniciativa é efetivamente positiva e de louvar. Mas claro, como é apanágio da governação socialista, com negociação mal feita, não existindo nada a impedir que a empresa Infraestruturas de Portugal deixe de permitir a utilização do parque, ou, pior, coloque o parque tarifado, sem o Município poder fazer nada para o impedir. O Município realizou investimento Municipal sem praticamente nenhuma salvaguarda. Mas, caros tomarenses, não se preocupem, pois como diz o (Vice-)Presidente Hugo Cristóvão “Temos de confiar na boa-fé das instituições”.

Infelizmente os exemplos de falta de planeamento e de estratégia não se ficam por aqui. Nos últimos dias decorreu a apresentação pública da proposta de revisão do Plano de Pormenor da Alameda 1 de Março e Rua João dos Santos Simões. Ficou claro, para todos os tomarenses que, olhando para a planta, a proposta leva a uma redução da oferta de estacionamento, inclusive a destruir os estacionamentos no triângulo do cruzamento da rua João dos Santos Simões com a Rua Voluntários da República (junto da Tomartrónica). Mais uma vez, a falta de soluções de estacionamento é geral e a tendência é a piorar.

Assistimos a um constante assobiar para o lado nesta temática (e não só) e por isso urge a denúncia desta gestão sem planeamento, sem estratégia e sem linhas orientadoras que permitam colocar Tomar no caminho da prosperidade e voltar a colocar o nosso concelho como uma referência regional e nacional.

Tomar é capaz, os tomarenses são capazes, haja quem os saiba liderar, com engenho, com brio e com humildade.

*Deputado Municipal eleito pelo PSD