O Canil Intermunicipal de Tomar está a passar por uma crise sem precedentes. Com o vertiginoso aumento do número de animais abandonados, os cães atacam-se uns aos outros e, com uma frequência de que não há memória, são mortos pelos seus companheiros de box.
Inúmeras são as razões para este triste fenómeno, que vão muito além dos efeitos pós-Covid com a concomitante queda dos rendimentos familiares. O cerne da questão pode residir na ausência de uma política de apoio à esterilização neste Concelho. Além de ser uma questão de saúde pública, a esterilização também se traduziria numa diminuição de gastos nos cofres públicos, se compararmos aos custos da manutenção de tantos animais no Canil/Gatil Intermunicipal de Tomar.
As políticas de esterilização contempladas pelo Estado, com verbas anuais de 15.000€ e encorajadas pela legislação, têm tido, ao longo dos anos, pouca ressonância no nosso Concelho. Não podemos deixar de observar a forma como esta inactividade contrasta com municípios vizinhos como o do Entroncamento, Torres Novas ou Ourém, que oferecem esterilização subsidiada a todos os seus munícipes e em carácter gratuito aos carenciados, com uma ampla divulgação nas redes sociais e nos locais adequados.
Tomar, por sua vez, não concede sequer auxílio a munícipes carenciados, nem se verifica informação relativa a esta questão no site da Câmara Municipal. Um facto que parece passar despercebido a muitos autarcas são os custos relativos à esterilização em clínicas veterinárias, em que usamos como exemplo um valor aproximado de 200€ para a esterilização de uma cadela de porte pequeno/médio, que se tornam absolutamente incomportáveis quando comparados aos rendimentos médios de muitas famílias.
Não nos surpreende, portanto, que o Canil/Gatil Intermunicipal de Tomar esteja acima da sua capacidade máxima, o que fere a Lei relativa a este ponto e, com frequência, segundo relatos de vários munícipes, não proceda à recolha de animais errantes. O aumento dos casos de abandono de animais e a relativa falta de assistência por parte do Canil/Gatil Intermunicipal pode ser observado diariamente nas redes sociais.
Os números pré e pós-Covid também falam por si. Em 2020, havia cerca de 200 animais abrigados no Canil/Gatil Intermunicipal, ao passo que em 2023 já se verifica uma população de cerca de aproximadamente 400 animais nas mesmas instalações. As recentes obras de expansão do Canil/Gatil, também essas com apoios previstos pelo Estado, não dão vazão a este aumento e os custos de manutenção de tantos animais parecem não encontrar eco junto da nossa Câmara Municipal. Num artigo recente do Jornal O Público (13.08.2022), a Provedora dos Animais alerta para o facto de que os gastos com animais abrigados ultrapassam em muito os gastos com campanhas de esterilização.
A ausência de uma política de esterilização por parte da Câmara de Tomar é, por conseguinte, incompreensível tanto a nível de uma maior eficiência na gestão dos apoios públicos, como a nível humanitário. Dada esta inércia, os resultados não poderiam ser diferentes: Aumento no abandono e maus tratos a animais, aumento de mortes devido a sobrelotação no Canil/Gatil Intermunicipal de Tomar, e o aumento que se prevê certamente nos gastos públicos necessários para manter tantos animais que jamais terão um lar.
Beatriz Casado
É uma vergonha o municipio de Tomar estar entregue a gente sem dignidade, sem respeito pelos animais necessitados e estar vergonhosamente indiferente às necessidades do canil municipal que não tem respostas para nada nem ninguém. A CM de Tomar é tão INDIFERENTE aos animais necessitados que nem quis aderir ao cheque veterinário da Ordem dos Médicos Veterinários que muito honrosamente se dignaram a oferecer através dos Municipios . só que o Municipio de Tomar disse NÃO , pois não lhes dá lucro . Eu tenho um atestado de insuficiência económica , tenho os meus animais a necessitar de serem pelo menos esterilizados mas a CMT negou e nega dar a ajuda que nos é devida pois naturalmente têm onde investir o dinheiro dos contribuintes . Vergonha gente sem dignidade , se não fazem vosso trabalho é melhor darem o lugar a quem queira fazer.
These poor animals are so overcrowded they are killing each other. To do nothing is cruel and inhumane.
É realmente constrangedora a inatividade dessa câmara em relação aos animais. Dá para ver o espírito também na forma com tratam os cavalos.Está mais que provado que a esterilização é o único caminho para a solução. Que esperam então?Que vergonha!!
O estado tem de rever urgentemente a legislação dos animais, promover a esterilização com custos mais acessíveis, baixar o preço do IVA na alimentação e veterinários, só assinar consegue diminuir o número de abandonos. É realmente muito triste e revoltante estarmos num país da União Europeia e estamos muito longe de outros países com outro tipo de leis e regras para com estes. Ninguém faz nada… São seres vivos, o que é feito deles sem a mão do homem?!! Para não falar dos maus tratos e abandonos de que muitos são alvo, tratados como um objeto qualquer…. Lamentável
Sim ,o estado deveria fazer muito muito mais mas se não faz em relação às pessoas muito menos em relação aos nossos queridos animais , infelizmente … As acções de sensibilização e despertar para a situação tem que vir das massas , dos municipios , juntas etc… e infelizmente neste municipio fazem de conta que não existe a crueldade, negligência e falta de serviço para com os animais que precisam da nossa voz para poderem ter o respeito que nos merecem . O ser humano morreria de tédio se não fossem os Patudos, os Felinos etc…. Que cada um se manifeste à sua maneira e obriguem as instituições a fazerem o trabalho que lhes compete. Tudo de bom
Se forem ao site da Câmara Municipal de Tomar vêem que o último registo sobre o tema remonta a 2017, pelo menos assim era da última vez que verifiquei no ano passado. Também há uns tempos a CMTomar não tinha uma veterinária camarária, foi-me dito por pessoas da APAT, algo impensável.
Uma vergonha toda esta situação, até porque os apoios para a esterilização têm aumentado, assim se vê que a câmara está à deriva, à deriva para festas e festinhas.