Opinião

A tentação do poder

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Nota prévia

O momento político local pode ser resumido em dois pontos:  1 – Obras municipais que envergonham quem as vê, e deviam envergonhar quem as projetou e encomendou; 2 – Uma maioria sem rumo porque sem planeamento, nem vontade de o fazer.

Neste quadro, a menos que Anabela Freitas saque da cartola, um destes dias, um improvável António Costa e Silva local, o PS tem poucas hipóteses de vencer em Outubro 2021. Só não vê quem não quer ver.

Resta portanto aos comentadores atentos virar-se para o PSD, incitando os seus membros a conseguirem uma real alternativa para estes tristes tempos. O que não significa de modo algum apoio prévio ou voto garantido.

 

É humano. Quem gosta de política acaba sempre por ter, mais tarde ou mais cedo, a tentação de participar ativamente. De protagonizar. O peculiar sistema eleitoral, ao exigir a prévia inclusão numa lista partidária ou de independentes, acentua essa tendência. O cidadão que consegue integrar uma lista eleitoral, considera e bem que já obteve uma primeira vitória. Exacerba portanto a sua tentação do poder.

É essa tentação que faz com candidatos derrotados fiquem quase sempre com sede de vingança. Aquela ideia de que “na próxima é que vai ser”. Há numerosos exemplos de candidatos derrotados que insistiram e acabaram por vencer.

Dois desses exemplos mais conhecidos são Lula da Silva, presidente do Brasil apenas à terceira tentativa, e François Mitterrand, eleito só na quarta eleição como presidente da França. Há portanto alguma esperança para os candidatos teimosos. Aqueles que insistem após uma primeira derrota.

Mas essa esperança parece morar sobretudo (ou exclusivamente?) nas sociedades já amadurecidas e mais abertas à mudança. No impermeável eleitorado tomarense nunca tal ocorreu. Temos mesmo um exemplo bastante elucidativo.

Sem qualquer experiência política prévia, a dada altura o cidadão Pedro Marques apareceu a encabeçar a lista PS como independente. Entrou pelo telhado e venceu. Seguiram-se dois mandatos, em que esteve longe de brilhar. Já então por falta de programa vinculativo. Houve depois um conflito no PS, que impediu a terceira candidatura de Pedro Marques.

Naturalmente ressentido, alguns anos mais tarde, o ex-presidente acabou por liderar uma candidatura independente, em conjunto com dois quadros influentes da CDU -Fernando Oliveira e João Simões.

Apesar de aureolado com dois mandatos como presidente, e apoiado por quadros políticos importantes no panorama local, Pedro Marques nunca mais conseguiu voltar ao cadeirão presidencial.

Em 2005, na primeira candidatura IpT, conseguiu até ultrapassar o PS (4.235), com 4.946 votos, mas foi ultrapassado pelo PSD de Paiva, com 9.993 votos. Na segunda tentativa, em 2009, as coisas já não foram tão favoráveis para Pedro Marques. Ficou em 3º lugar, com 4.552 votos, menos 400 que em 2005, sendo sido ultrapassado pelo PSD, com 8.959, e pelo PS, com 4.756, mais 500 que em 2005. Finalmente, na terceira tentativa,  em 2013, foi o descalabro. Os IpT ficaram de novo em 3º, com apenas 3094 votos, menos 1.500 que em 2009, sendo ultrapassados pelo PS (5.479) e pelo PSD (5.198).

Perante um quadro tão sombrio, provocado pelo facto de os eleitores terem concluído que afinal Pedro Marques não trazia qualquer valor acrescentado em relação aos partidos, os IpT ainda angariaram um candidato para cabeça de lista. Acabaram porém por celebrar um acordo com o PS, mediante o qual o citado cabeça de lista IpT acabou por ir em 4º lugar na lista do PS.

Logo que conhecido esse inesperado acordo, os IpT esfrangalharam-se. Pedro Marques não integrou qualquer lista, mas houve transferências de independentes tanto para o PS (em conformidade com o acordo), como para o PSD.

E assim terminou, até agora, sem honra nem glória, a incursão de Pedro Marques na política local.

Fica o aviso, para a eventualidade de algum candidato já vencido anteriormente, pensar em recandidatar-se. Antes da hora ainda não é a hora, depois da hora já não é a hora. Nenhum meio de transporte em serviço normal pára duas vezes na mesma estação durante a mesma viagem.

                                                                 Margarida Magalhães

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3 comentários

  1. «Resta portanto aos comentadores atentos virar-se para o PSD»

    A primeira e derradeira causa do descalabro da coisa pública, em Tomar, em Lisboa ou no país, em qualquer lugar.

    A receita é? Hoje: «Resta portanto aos comentadores atentos virar-se para o PSD», amanhã: ‘Resta portanto aos comentadores atentos virar-se para o PS’!

    O rotativismo decadente de sempre.

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