Morreu o tomarense Fraústo da Silva, fundador do politécnico de Tomar
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O tomarense João Fraústo da Silva, fundador dos polítécnicos de Tomar e da Covilhã, bem como da Universidade Nova de Lisboa, morreu neste sábado, dia 11, vítima de problemas respiratórios.
Nasceu em Tomar em 30 de agosto de 1933, ou seja, há 88 anos. Era filho do advogado Antunes da Silva, líder da comissão administrativa que geriu a câmara logo a seguir ao 25 de Abril.
João José Rodiles Fraústo da Silva estudou no Colégio Nuno Álvares em Tomar de 1949 a 1950. Era o sócio nº 251 da Associação dos Antigos Alunos e foi o primeiro Presidente da Mesa da Assembleia Geral, em 1990.
E a sua ligação a Tomar foi fundamental para a criação do Politécnico numa altura em que era ministro da Educação e Universidades no VIII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão entre 12 de junho de 1982 a 9 de junho de 1983.
Começou por se licenciar em Engenharia Química e Industrial pelo Instituto Superior Técnico, fez depois o doutoramento em Química na Universidade de Oxford, ocupando diversos cargos ao longo da sua carreira.
Foi o primeiro reitor da Universidade Nova de Lisboa (1973-1975) e também presidiu ao Instituto Nacional de Administração.
No final de 1985 foi convidado por Mário Soares para assumir as funções de Mandatário Nacional da sua candidatura à Presidência da República, o que aceitou tendo participado ativamente na campanha eleitoral.
Em 1996 foi convidado para assumir as funções de Presidente da Fundação das Descobertas/Centro Cultural de Belém, funções nas quais foi sucessivamente reconduzido até dezembro de 2006. Foi também designado para o Conselho de Curadores da Fundação Oriente e eleito presidente daquele Órgão.
João Fraústo recebeu várias condecorações. Foi distinguido em 1972, pelo Presidente da República com o grau de Grande Oficial da Ordem da Instrução Pública, sob proposta do ministro da Educação, e mais tarde, 1989, com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
Em 1999 foi-lhe atribuída a medalha do Senado da Universidade Nova de Lisboa, e em 2000 a medalha Ferreira da Silva da Sociedade Portuguesa de Química. Em 2001, a Universidade de Lisboa atribuiu-lhe o grau de Doutor Honoris Causa em Química, em reconhecimento do relevante curriculum e contribuição para a projeção internacional do país nesta área científica.
Fraústo da Silva é autor de seis livros e 10 manuais didáticos, três teses, mais de 180 artigos científicos publicados em revistas nacionais e estrangeiras especializadas, cerca de 40 estudos, relatórios e artigos sobre problemas das Políticas da Educação e da Ciência, várias patentes e cerca de 180 comunicações apresentadas a congressos nacionais e internacionais.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, lamentou a morte do antigo ministro e recordou o “percurso notável” do fundador da Universidade Nova de Lisboa.
Em 2003, como presidente da Fundação das Descobertas do Centro Cultural de Belém foi entrevistado na RTP pela jornalista Ana Sousa Dias, entrevista que pode ser vista aqui
Morreu antigo ministro da Educação João Fraústo da Silva
Ministra da Ciência e Ensino Superior lamenta morte de Fraústo da Silva
Ao contrário do que diz a notícia, Fraústo da Silva não fundou os dois politécnicos quando era ministro da educação. Foi antes do 25 de Abril, durante o governo de Marcelo Caetano, quando presidia ao Instituto de inovação educacional, no ministério da Educação Nacional. Era então Júlio das Neves deputado pelo partido único governamental e diretor da Jácome Ratton. Nessas qualidades, foi encarregado de encontrar um catedrático para encabeçar a comissão de implementação do futuro IPT. Uma vez que Fraústo da Silva já recusara (decerto por conhecer bem os seus conterrâneos) foi tarefa difícil. Acabou por aceitar o Prof Doutor Pacheco de Amorim, um homem de extrema direita que já então conhecera melhores dias. O resto é do domínio público. Na série de asneiras que vêm ornamentando os seus mandatos, a presidente resolveu atribuir medalhas a Júlio da Neves e à sua afilhada, como fundadores do politécnico, quando afinal foram apenas “moscas que pousaram no coche”.
Quanto ao Fraústo, talvez para o ano seja condecorado a título póstumo, para remediar a asneira. Tomar é assim. Fundado ao mesmo tempo que o de Tomar, o politécnico da Covilhã é agora e desde há mais de uma década, a Universidade da Beira Interior, que até inclui formação em medicina. Já o Politécnico irmão de Tomar, esta como se sabe e não se recomenda.
Fundador do Politécnico de Tomar, como do de Vila Real e da Covilhã foi Veiga Simão em 1973, como ministro da educação nacional. Tal fazia parte da chamada Reforma Veiga Simão. Por essa altura Fraústo da Silva estava a deixar a direção do IST e a assumir função de reitor da Universidade Nova. Mais tarde, nos anos 80, chegou a ser membro convidado do Conselho Científico em Tomar, por um curto período. O resto da história é conhecido.
É o que lhe parece, sr. Pina. Na verdade, foi o Fraústo, na qualidade de presidente do Gabinete de Inovação do Ministério da Educação Nacional, que teve a ideia e preparou tudo. O Veiga Simão limitou-se a assinar, e a vir depois a Tomar para receber a homenagem.
O Politécnico de Vila Real é outra história. Só os de Tomar e da Covilhã é que foram criados por decreto no mesmo dia. Basta consultar os Diários do governo da época.