O folhetim da Resitejo
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Já vai no “terceiro capítulo” o folhetim da transição da Resitejo para a RSTJ – RSTJ – Gestão e Tratamento de Resíduos, nova empresa intermunicipal que agrega 10 municípios para tratamento do lixo.
Na primeira deliberação tomada pelas câmaras e confirmadas pelas assembleias municipais, foi aprovado que o património da Resitejo passava para a nova empresa através de um “trespasse”.
Alertados para os impostos que teriam de pagar nesta modalidade, os municípios voltaram atrás, anularam a primeira deliberação e aprovaram a modalidade de “transmissão gratuita de património” entre a Resitejo e a nova RSTJ.
Agora vem a Autoridade Tributária dizer que neste sistema os municípios teriam de pagar 600 mil euros de imposto de transações.
Perante esta informação, os municípios decidiram voltar à forma inicial e optar pelo “trespasse” que tem mais vantagens em termos de impostos.
E é isso que vai ser votado na reunião extraordinária da câmara de Tomar de sexta feira, dia 14, às 16 horas, seguindo depois para votação na assembleia municipal.
Resta saber se à terceira é de vez…
A bem conhecida ignorância dos senhores autarcas e a sua costumeira incapacidade para planear o futuro, mais uma vez em evidência. Custava alguma coisa pedir às Finanças uma informação sobre a modalidade de transferência menos gravosa para os cofres municipais?
O que merece também severa crítica é o proverbial cinismo dos funcionários superiores municipais, que assistem a tudo como se nada fosse com eles, quanto mais não seja enquanto contribuintes. Custava-lhes muito dizer aos eleitos que seria melhor ir por tal caminho, ou por tal outro e justificar essas opções?
Que diabo! Há, só na Câmara de Tomar, mais de uma dúzia de técnicos superiores disto e daquilo, cada um dos quais arrecada ao fim do mês (e 14 vezes por ano), à roda de três mil euros (brutos, tal como eles). E ninguém se está para ralar?
Estarão decerto convencidos que a atual situação está para durar, o que ainda não foi demonstrado.
Agora imaginem o estado anímico e psíquico dos funcionários dos SMAS ao verem isto. Sendo que, a presidente da CM de Tomar, não arranja(dando a entender que não quer) 1 hora para reunir com o sindicato de modo a esclarecer detalhes da futura empresa e que afeta o futuro dos cerca de 100 trabalhadores que ali trabalham.
Compreendo o seu estado de espírito. Bom aguadeiro, terá já metido alguma água durante a sua carreira, como lhe competia. Talvez por isso, agora a desconfiança é recíproca. Os funcionários superiores dos SMAS nunca terão apresentado em tempo oportuno soluções fundamentadas para os enormes problemas da casa. Agora quem manda vinga-se à sua maneira. Uma vez que as eleições ainda são só em Outubro de 2021, não há qualquer pressa em reunir com os funcionários. Tanto mais que assim a situação está equilibrada pela negativa. Os funcionários ignoram o seu futuro. A administração também. Reina o nevoeiro cerrado em toda a região, apesar de o inverno ainda vir longe.