
O primeiro Relatório Saúde e Ambiente 2024 [1] faz um alerta preocupante: os fatores ambientais, como alterações climáticas, poluição do ar, água, solo, perda de biodiversidade e exposição a químicos, estão a afetar gravemente a nossa saúde.
Estes efeitos já se fazem sentir: a Direção-Geral de Saúde (DGS) registou um excesso de mortes durante a onda de calor que atingiu o país em julho de 2025 [2].
Está provado que os espaços verdes são determinantes para a saúde humana [3]. Além de tornarem as cidades mais aprazíveis, ajudam a reduzir as temperaturas elevadas, a purificar o ar e a atenuar o ruído urbano. Estar em contacto com a natureza diminui o stress, melhora o humor e promove o bem-estar. Sons como o canto dos pássaros, a água a correr ou o movimento das árvores têm um efeito terapêutico. E, uma árvore, em dia de calor, pode ter um efeito de arrefecimento equivalente a dez ares-condicionados ligados.
É por isso urgente adotar uma visão integrada da saúde, que reconheça a ligação entre a saúde humana, animal, das plantas e dos ecossistemas. Esta abordagem, conhecida como “Uma só saúde”, reforça a ideia de que proteger o ambiente é proteger a saúde pública.
Foi com base neste princípio que surgiu o Atlas de Municípios Saudáveis [4], uma plataforma online que avalia os níveis de saúde dos municípios que integram a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis (RPMS). Esta rede reúne municípios comprometidos com o bem-estar das suas comunidades. Infelizmente, o município de Tomar não faz parte da RPMS, nem nenhum outro município do Médio Tejo.
O Atlas avalia diversos indicadores relacionados com o ambiente físico, como área de espaços verdes, acessibilidade a zonas verdes, qualidade da água, exposição a ruído urbano e hábitos de mobilidade da população. Estes dados ajudam a perceber como os territórios estão a responder aos desafios ambientais e a identificar onde é necessário intervir.
Mais do que reconhecer o direito a um ambiente saudável, instituído na Constituição da República Portuguesa, é fundamental os municípios implementarem medidas concretas, como criar mais zonas verdes, reduzir a poluição, e promover estilo de vida mais sustentáveis.
Só com compromisso, cooperação e uma visão integrada “Uma só saúde” será possível mitigar os efeitos das alterações ambientais e proteger a saúde das gerações atuais e futuras.
A crise ambiental não é apenas uma questão ecológica. É um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.
Joana Simões
Licenciada em Eng do Ambiente pelo IST
Mestre em Bioenergia pela FCT/UNL
Doutoranda em Ciências da Sustentabilidade na UL
[1] https://cpsa.pt/projetos/observatorio-portugues-da-saude-e-ambiente/ [2] https://pt.euronews.com/my-europe/2025/08/01/portugal-registou-mais-264-mortes-do-que-o-esperado-associadas-ao-calor-no-final-de-julho [3] https://www.ordemdospsicologos.pt/ficheiros/documentos/a_importancia_dos_espacos_verdes.pdf [4] https://www.atlasmunicipiossaudaveis.pt/