
O pequeno escritor da Linhaceira, Salvador Franco, acaba de lançar o seu segundo livro intitulado “A princesa Ana e o Cavaleiro Miguel”.
Tal como no primeiro livro, “O Peixinho Chico”, esta segunda obra tem também um objetivo solidário.
Desta vez a venda do Livro reverte a favor do André, um menino de 17 anos de Reguengos de Monsaraz que sofre de paralisia cerebral e precisa de muitos cuidados diários.
O livro já está à venda nos lugares habituais e custa 8 euros. Pode ser adquirido diretamente através do facebook.
O preço de custo (produção) do livro é de 2.35 euros, revertendo a favor do André 5.65 euros por cada exemplar vendido.
Mais uma vez, Salvador e o seu pai, Hélio, foram entrevistados na televisão desta vez no programa Dois às 10 da TVI.
Apresentado como “pequeno guerreiro”, Salvador recordou a sua mãe, Vera Dinis, que morreu aos 38 anos, em março de 2019, vítima de cancro.
O pai, Hélio Franco, formador e pasteleiro, tem acompanhado e apoiado o filho nesta aventura literária.
Novidade é que o pequeno escritor da Linhaceira já está a pensar e a planear o seu terceiro livro.
A entrevista pode ser vista aqui ou aqui
Há comentários que preferia não fazer. Este é um deles.
Já não é a primeira vez que, cá por estas terrinhas, surgem, em idades destas, jovens geniozinhos. Normalmente constam, de situações em que os adultos circundantes promovem o sucesso literário dos rebentos ou das crias, sem que estas, naturalmente, percebam o que lhes está a acontecer. E não percebem por uma razão muito simples: não têm condições de idade ou de maturidade para isso. E se não as têm para isso, muito menos para qualquer expressão literária de que pretendam que se orgulhem.
O que está aqui em causa nem sequer é a valia literária das redacções. É mais o “ser famoso”. Nuns casos é a “comunidade escolar”; noutros acresce também a família ou os conterrâneos da aldeia, enquanto responsáveis por estas sagas.
A coisa está facilitada porque, nos nossos dias, o caminho para o sucesso e a glória passa somente pela impressão e registo da obra sem qualquer mediação de edição. Qualquer analfabeto pode hoje em dia publicar um livro que ninguém levantará objecções à valia do seu conteúdo. E então, se o “lançar” invocando condições sociais que invoquem, seja a orfandade, seja a solidariedade com outrem, o sucesso estará mais que garantido.
Daqui não virá mal ao mundo, objectarão alguns já apontando para o comentador que só sabe é dizer mal. Ao mundo não virá, admito-o. Mas ao pobre do escritor que agora se vê metido neste sucesso precoce, vem e virá de certeza. Tudo porque, tudo o indica, tem uns ou umas responsáveis pela sua formação que manifestamente não sabem o que estão a fazer.