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Por causa do Nemátodo-da-madeira-do-pinheiro, o pinheiro manso que existe junto à alcáçova do castelo de Tomar vai ser abatido.
Até há pouco tempo o pinheiro tinha a folhagem verde, mas entretanto a praga tomou conta da árvore secando-a e deixando as folhas castanhas.
A direção do convento refere que o pinheiro vai ser abatido “por motivos sanitários”, uma vez que “foi diagnosticado como estando infestada pelo Nemátodo-da-madeira-do-pinheiro”.
De acordo com os procedimentos sanitários instituídos, a árvore tem de ser abatida e a sua lenha queimada.
O mesmo já aconteceu na mata dos Sete Montes onde foram abatidos dezenas de pinheiros.
O que é o nemátodo-da-madeira-do-pinheiro?
O nemátodo-da-madeira-do-pinheiro (NMP) nome comum para Bursaphelenchus xylophilus (Steiner et Buhrer) Nickle et al., um verme microscópico do grupo das lombrigas, é o agente causal da doença-da-murchidão-do-pinheiro (DMP). Este verme ataca resinosas, preferencialmente, pinheiros e a sua dispersão para as espécies hospedeiras é realizada por um inseto-vetor, o longicórnio-do-pinheiro Monochamus galloprovinciallis.
Este organismo é considerado uma grave ameaça aos povoamentos de pinho, essencialmente pinheiro bravo (Pinus pinaster Aiton) sendo por esse motivo e dado os seus potenciais impactes ao nível ecológico, económico e social, considerado organismo prejudicial para a União Europeia e identificado, pela Organização Europeia e Mediterrânica para a Proteção das Plantas, como organismo de quarentena (Lista A1 da OEPP), existindo fortes restrições à circulação de plantas, material lenhoso, produtos e subprodutos das espécies hospedeiras do NMP.
Ao nível da Comissão Europeia, foram publicados vários normativos que regulamentam esta matéria, o primeiro dos quais consubstanciados na Decisão n.º 2000/58/CE de 11 de janeiro, que autorizava os Estados Membros a adotar provisoriamente medidas adicionais contra a propagação do NMP, no que diz respeito a zonas de Portugal onde fosse conhecida a sua presença, medidas estas que atualmente se consagram na Decisão de Execução n.º 2012/535/UE, da Comissão, de 26 de setembro, alterada pela Decisão de Execução n.º 2015/226/UE, da Comissão, de 11 de fevereiro, pela Decisão de Execução n.º 2017/427/UE, da Comissão, de 8 de março e, mais recentemente, pela Decisão de Execução n.º 2018/618/UE, da Comissão, de 19 de abril.
Para além do contexto legal europeu mencionado, de aplicação direta e imediata, as medidas extraordinárias de proteção fitossanitária indispensáveis ao controlo do NMP e do seu inseto vetor estão regulamentadas no direito nacional através do Decreto-Lei n.º 95/2011, de 8 de agosto, alterado e republicado pelo Decreto-Lei nº 123/2015, de 3 de julho, com a Declaração de retificação nº 38/2015, de 1 de setembro, que consolidou a legislação anteriormente em vigor e a melhor ajustou às supracitadas Decisões.
Posição sistemática: Nematoda: Chromadorea: Rhabditida: Aphelenchoididae
Acredita-se que o nemátodo-da-madeira-do-pinheiro seja originário da América do Norte onde está difundido no Canadá e nos EUA em todos os estados e províncias onde existem pinheiros e outras florestas de coníferas.
Distribuição geográfica de Bursaphelenchus xylophilus
- Europa: Portugal; Espanha (surtos esporádicos);
- Ásia: China, Japão, Coreia
- América do Norte: Estados Unidos da América e Canadá
Hospedeiros: plantas dos géneros Abies, Cedrus, Larix, Picea, Pinus, Pseudotsuga and Tsuga
- Dispersão
- Proteja o seu pinhal
. Biologia e Sintomas
- Biologia
O nemátodo-da-madeira-do-pinheiro é transmitido de um hospedeiro para um novo hospedeiro pelo inseto vetor Monochamus galloprovinciallis. A transmissão é realizada durante o período de maturação do inseto quando se alimenta em árvores saudáveis, designada como transmissão primária, ou durante a atividade de oviposição do vetor feminino em árvores recentemente mortas ou enfraquecidas e conhecida como transmissão secundária (Naves et al., 2016).O nemátodo-da-madeira-do-pinheiro tem um ciclo de vida típico, com quatro estágios juvenis e um estágio adulto com indivíduos machos e fêmeas que se reproduzem sexualmente. A fase micrófaga do ciclo de vida ocorre na madeira morta ou moribunda, onde vive e se alimenta de fungos, em vez da própria madeira. O nemátodo por si só não se transporta para árvores saudáveis, para a próxima fase, necessitando de um inseto vetor. As fases seguintes desenvolvem-se nos canais de resina do hospedeiro. A maior atividade dá-se durante o verão.
- Ciclo de vida
- Sintomas
A sintomatologia associada à doença da murchidão do pinheiro não é específica, podendo os sintomas ser comuns a outras causas de declínio mas podem ser identificados outros sintomas, designadamente:
- Amarelecimento e murchidão das agulhas (primeiro as mais antigas, estendendo-se gradualmente a toda a copa);
- Diminuição da produção de resina;
- Manutenção das agulhas mortas por período prolongado;
- Existência de ramos secos mais quebradiços do que o habitual, levando à secura total da copa
No entanto a presença do NMP só pode ser detetada em laboratório após colheita de material lenhoso.
. Medidas de contenção
Segundo a EPPO, 2018, o nemátodo Bursaphelenchus xylophilus tem a capacidade de se estabelecer sem expressão de sintomas e em condições mais frias, ou durante o período latente pode dificultar a deteção de B. xylophilus a tempo de permitir a erradicação bem-sucedida.
A dispersão do nemátodo está associado à capacidade de dispersão do inseto vetor, assim o controlo das populações deste inseto está associado ao controlo do nemátodo.
O controlo e possível irradicação assenta:
- Medidas de prevenção:
- Manter o pinhal saudável;
- Eliminar os sobrantes da exploração florestal;
- Detetar e remover os pinheiros com sintomas de declínio no período de novembro a março de cada ano;
- Controlar a população do inseto vetor durante o seu período de voo (abril a outubro) por meio de armadilhas;
- Não conservar lenha de um ano para o outro.
- Medidas de controlo:
- Prospeção e monitorização, com o objetivo de avaliar a dispersão do NMP no território continental (e que cobre também o teste da presença deste agente biótico nocivo em material de embalagem importado);
- Eliminação de exemplares suscetíveis, com vista a manter a Zona Tampão e a sua área adjacente livres de coníferas hospedeiras do NMP com sintomas de declínio, com especial enquadramento das ações de controlo em áreas consideradas prioritárias;
- Controlo e fiscalização à circulação de material lenhoso e material de embalagem de coníferas hospedeiras do NMP e inspeção aos operadores económicos que processam e tratam esses materiais, com vista a minimizar a possibilidade de dispersão da DMP com base na atividade humana.
Consulte: PLANO DE AÇÃO NACIONAL PARA CONTROLO DO NEMÁTODO DA MADEIRA DO PINHEIRO 2018 – 2022
A Área correspondente à totalidade do território continental e ilha da Madeira é uma zona de restrição (ZR) o que significa que as ações de controlo:
- Prospeção e monitorização da presença do NMP e do seu vetor;
- Identificação e eliminação dos exemplares de coníferas hospedeiras de NMP mortos ou com sintomas de declínio, incluindo os afetados pelo fogo ou por tempestades,
- Controlo da circulação de material lenhoso e do material de embalagem de coníferas hospedeiras, particularmente no que respeita à sua circulação para o exterior da Zona de Restrição (ZR) e para a Zona Tampão (ZT)
- Inspeção de unidades industriais que processem, transformem e tratem madeira e material de embalagem.
são obrigatórias para toda a área.
A totalidade do território continental é considerada Zona de Restrição (ZR), a qual se subdivide, na aceção do normativo Comunitário suprarreferido:
- Zona Tampão (ZT): Área do território continental com uma largura de aproximadamente 20 km adjacente à fronteira com Espanha, integrada pelas freguesias listadas e publicitadas no sítio na Internet do ICNF, I. P.
- Zona Infestada que compreende:
- Locais de Intervenção (LI): freguesias onde foi assinalada a presença do NMP ou em que é reconhecido, pelo ICNF, I.P., o risco do seu estabelecimento e dispersão, listadas e publicitadas no sítio da Internet do ICNF, I.P.
- Zona Adjacente à Zona Tampão (ADJZT): uma área com uma largura de aproximadamente 5 km adjacente ao limite interno da Zona Tampão, constituída pelas freguesias adjacentes à ZT intersetadas por essa área.
