
As cidades são responsáveis por 70% das emissões de gases com efeito de estufa e 75% do consumo global de energia[1]. Com o aumento da urbanização, esta realidade tem tendência a agravar-se, sendo urgente apostar numa transição energética que seja, simultaneamente, limpa, acessível, inclusiva e capaz de construir cidades resilientes e adaptáveis às alterações climáticas.
É neste contexto que surge o Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia[2], uma iniciativa voluntária que mobiliza os municípios a reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, melhorar a eficiência energética e promover o uso de energias renováveis.
Ao aderirem ao Pacto, os municípios comprometem-se a elaborar um Plano de Ação para a Energia Sustentável (PAES), definindo medidas e atividades adaptadas à sua realidade local, e envolvendo ativamente todos os atores locais (empresas, associações, escolas e cidadãos). Além disso, os municípios beneficiam de apoio personalizado, ações de capacitação, partilha de boas práticas, e de um sistema contínuo de monitorização contínua, que avalia, de forma estruturada, o progresso alcançado.
Embora ainda não tenha formalizado a sua adesão ao Pacto dos Autarcas, o município de Tomar integra a Rede Cidades pelo Clima[3] como membro fundador e já iniciou o caminho rumo à neutralidade carbónica. Entre as medidas implementadas, destacam-se a substituição das luminárias públicas por LED com gestão em rede, ou a instalação de carregadores exclusivos para os transportes públicos urbanos e para a frota municipal[4]. Apesar destes avanções, o desafio permanece exigente e requer uma estratégia integrada mais ambiciosa.
A adesão ao Pacto dos Autarcas constitui uma oportunidade estratégica para Tomar consolidar e expandir estas iniciativas, tomando decisões com dados fiáveis e promovendo maior envolvimento da população nos processos de transformação urbana.
Mais do que adotar soluções tecnológicas, as cidades tornam-se verdadeiramente inteligentes quando envolvem os cidadãos nas decisões, promovendo a cocriação, monitorização e avaliação das soluções rumo a um futuro mais sustentável.
Joana Simões
Licenciada em Engenharia do Ambiente pelo IST
Mestre em Bioenergia pela FCT/UNL
Doutoranda em Ciências da Sustentabilidade na UL
[1] https://www.iea.org/reports/empowering-urban-energy-transitions/executive-summary [2] https://eu-mayors.ec.europa.eu/en/FAQs [3] https://cidadespeloclima.pt [4] https://smart-cities.pt/scn-municipios/tomar-2024/







