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O Francisco da Avenida Nuno Álvares

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Na atualidade portuguesa é cada vez mais difícil entender ou tentar compreender pessoas moderadas. Vivemos tempos onde a partilha de opiniões poderá ser um erro crasso, com agravante da extrapolação nas redes sociais. Isto é, qualquer opinião poderá ser conectada com fundamentalismo exacerbados, e até mesmo conectados com extremismos políticos. Outro condimento que deve ser tido em conta é alguém expor as suas ideias, e ter uma repercussão extremamente negativa, e por vezes violenta em alguém que manifeste a sua opinião de forma célere e sem querer ofender ninguém. O recato, e o anonimato, é uma forma cada vez mais usual, sob pena de represálias, pois a insegurança da sociedade assim o faz e consequentemente o condena. Por isso, cidadão comum, escrevo estas linhas para todos podermos reflectir acerca de minorias, em especial na cidade de Tomar. E não, não quero de todo acusar quem quer que seja, quero expor aquilo que vejo, factos indesmentíveis. Reais!

Comecemos, a vivência junto a uma comunidade, uma minoria em Tomar, todos sabemos onde se localiza. Peguemos no comum morador que reside na Avenida D. Nuno Álvares Pereira, de seu nome “Francisco”. O Francisco é casado, tem dois filhos, tem um pequeno apartamento, tem uma profissão fora de Tomar, todos dias se levanta para apanhar o comboio das 6.45 para ir trabalhar até há capital, e volta por volta das 19.00 horas regressa a casa. Custa-lhe passar pouco tempo com os filhos, mas o “pão” tem de aparecer em casa. O Francisco é tomarense, tem um carro em segunda mão, e paga todas suas contribuições, com a sua mulher, leva uma vida pacata e tenta proporcionar uma vida boa e de futuro aos seus filhos, dando educação. O orçamento familiar da família é limitado e, por isso, lá em casa as coisas é com conta e medida.

O senhor Francisco sabe que a zona onde vive convive de forma sã com vizinhos e transeuntes que circundam naquela zona por vezes torna-se pouco recomendável. A família do Francisco está há pouco tempo naquela casa. Recentemente a Avenida D. Nuno Alvares Pereira tem sofrido uma grande transformação, a todos os níveis. Uma evidência que salta á vista de todos é a demolição de barracas onde algumas famílias habitavam. A autarquia decidiu criar um espaço junto ao posto da Guarda Republicana. É um projecto interessante, onde o objectivo será uma melhor inserção dessas mesmas famílias. Porém, algumas situações não provam a dita inserção/integração.

As festas nocturnas continuam (sim, porque outrora já acontecia junto à avenida D. Nuno Alvares Pereira), qualquer dia de semana, não importa qual o som das colunas da música é audível, não parecendo que o posto da GNR tenha um bom isolamento será bem audível em horas que deveria ser de repouso para quem trabalhar e se levanta de madrugada. O Francisco lamenta-se com os vizinhos, e em conversa todos chegam a um dado, todos já ligaram para a PSP, mas o problema continua por resolver. Ou não aparecem, ou muitas vezes não conseguem resolver, a própria GNR já comunicou situações à PSP e por falta de meios não conseguiu solucionar o problema. Dizem na rua!! Mas será só culpa dos órgãos de polícia criminal? Não! Mas em grande parte sim. O resultado: resta ao Francisco dormir no comboio aquilo que não conseguiu dormir nas poucas horas que passa em casa, porque os seus vizinhos, pessoas em “integração” não deixaram. O Francisco não tem nada contra a música, e muito da música que passa (“Gipsy Kings”) ele tem a colectânea toda em casa, gostava era de descansar.

Certo dia, o Francisco verifica no blogue informativo mais consultado da região, “Tomar na Rede”, que a zona da Avenida Nuno Alvares (como é conhecida) teria havido disparos junto a zonas de habitação. Dizia a notícia que algumas balas foram disparadas contra os prédios, e até atingiram automóveis. Naturalmente o Francisco ficou preocupado, ligou para a mulher a procurar saber se estava tudo bem. Ela tranquilizou-o. Confirmou a situação e disse que tinha assistido, mas não tinha sido no lote de prédios deles, os disparos foram feitos das barracas junto ao rio. A situação teve até a pronta intervenção policial, contudo não conseguiram apanhar nada, o autor, nem a arma. O Francisco comenta com a mulher como é possível, as situações ditas estranhas são recorrentes seja com armas, ou até outro tipo de situações que no mínimo levantam suspeita. Talvez seja uma transição da dita “integração”, é o que pensa o Francisco aquando da sua viagem de comboio até casa.

O Francisco está de férias! A família do Francisco fica por Tomar, vai uns dias às praias próximas, e desfruta do iodo e bronze que a praia lhe dá. O orçamento não permite grandes férias, e para além disso o carro não dá para fazer grandes distâncias, já apresentou alguns sintomas de velhice, mas por agora não pode trocar. O Francisco sente-se incapacitado não conseguir ter um carro melhor, e questiona para si o parque automóvel dos seus vizinhos que estão a ser integrados, e que para além de alguns veículos de gamas altas, a troca é recorrente. O que será? Por certo, as margens do Nabão, não são as margens de um rio em Angola que tenha pipitas de ouro. A mulher do Francisco trabalhadora independente vai muitas vezes pagar a contribuição social às instalações da Segurança Social. Os episódios com vizinhas e vizinhos nas instalações são recorrentes (ameaças, não respeitar a vez, o que possam imaginar de falta de respeito para com funcionários e utentes é regular esses acontecimentos). Denota-se que a contribuição social será o ganha-pão dos vizinhos em “integração”.  O Francisco acha injusto, mas a vida é mesmo assim, e por falar disso tem o IUC para pagar, e a sua mulher tem de pagar o IVA das finanças sob pena de ficar em dívida e ser penhorado o pouco que tem. E aí será difícil sobreviver.

Esta história a única coisa fictícia que tem é o nome “Francisco”. Podia ser qualquer cidadão que vive ou tem a sua vida profissional junto de comunidades a escrever estas linhas, e por certo qualquer um, que ler estas palavras vai provavelmente identificar-se com este escrito. Este texto não é de todo racista ou queira exprimir sentimentos racistas, longe disso, porque não é uma questão de racismo, é uma questão de direito e deveres. De cumprimento da Lei! Este texto é de alguém que já não acredita nas instituições tanto camarárias, governamentais, e autoridades policiais que não cumprem com o seu dever.

O caso de um individuo abordar um encarregado de obras, para não iniciar as obras da Avenida, vejam bem, pelo cúmulo de fazer muito barulho. Pese embora um responsável camarário desmentir esta situação, mas ela existiu. Foi real! E isto assusta, quando é desmentido pelos responsáveis autárquicos, este caso é evidência de como as autoridades não tem real noção da situação.

É preciso parar com tanta inércia, de agir, responsabilizar, e integrar com equilíbrio, com regras.

Não vivemos tempos fáceis, por favor, não tornem isto mais complicado, façam cumprir a lei.

                                                            Francisco Rodrigues

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14 comentários

  1. Esta sua queixa comoveu-me, conterrâneo Francisco. Porque você tem carradas de razão, mas ninguém lhe vai valer. Isto porque o usual barulho e outros incidentes do bairro calé, assim como a atitude geral das “autoridades”, são apenas um dos sintomas do evidente apodrecimento da outrora coesa e pujante comunidade tomarense. Repare: Porque demoram tanto as obras em curso? Porque são tão reles os respetivos projetos? Porque não há sinalização suficiente? Porque não há passagens para peões? Porque não há vias para veículos de urgência? Porque não atua a fiscalização? Porque se mantêm os eleitos mudos e quedos?
    Simplesmente porque há uma teia de corrupção, liderada por um grupelho sediado ali na Praça da República, que beneficia de total impunidade desde há anos e anos, porque as sucessivas maiorias foram eleitas graças aos seus votos. Por isso nada acontece, nem pode acontecer, aos funcionários municipais, mesmo quando “metem a mão na gaveta”, recebem benesses ilegais, ou prevaricam de qualquer outro modo. Ver caso da Estalagem, por exemplo…
    Estamos a ser “geridos” por um poder local cobarde, com esterco quase até aos joelhos.
    Mas o povo parece gostar. Pelo menos enquanto houver dinheiro para festas, comezainas e outro fogo de vista.

    1. De entre os vários amigos que tenho em Tomar, tenho um que é “Francisco”, pagador de impostos de toda a ordem, e infelizmente, como ele diz, morador na Nuno Álvares Pereira. Os barulhos nocturnos, desde tiros até à música, passando por disparos de armas de fogo, se já foram catalogados de estranhos, de tão recorrentes que são, já passaram a normais. O que é estranho, confessou-me o meu amigo “Francisco” são as raras noites de acalmia, de silêncio.
      Contou-me este meu amigo “Francisco” que certa noite, há alguns anos, um vizinho ligou para a PSP queixando-se do som altíssimo da música com origem nas vivendas à beira-rio. Resposta do agente de serviço: “Que é que quer que a gente faça? Não temos máquina para medir os decibéis!”.
      Frequentemente dizem que não têm agentes para mandar ao local. O meu amigo “Francisco” garante que isso é muito estranho, uma vez que ele mesmo já ligou várias vezes para a PSP mas por situações que envolvem outras pessoas que não os de etnia, e sempre obteve resposta adequada e rápida da polícia.

      Não é de admirar o encolher de ombros de quem manda neste concelho falhado. A actual presidente concelhia já foi eleita com os votos da etnia que ela fez questão de assegurar, com promessas de toda a ordem, que acabou por não cumprir.

      É este o cenário desta terra cheia de lixo espalhado por todo o lado, cuja remoção pagamos todos os meses na factura da água, e de barracas, algumas pomposamente apelidadas de espaço para eventos culturais (refiro-me à barraca do mercado).

  2. Seria só, fazer cumprir a lei.
    Mas não pode ser.
    São minoria, não podem, nem devem ser, discriminados.
    Os direitos das minorias têm que ser salvaguardados, mesmo que ruidosos.
    E a Lei discrimina, entre inocentes e culpados.
    Estão isentas de deveres, porque são minoria.
    E os deveres, discriminam.
    Cidadania acima de tudo.

    1. Eu já vi esses ditos cães dos vizinhos a matarem um gato e ainda tentei impedilos mas não consegui porque os cães sao perigos, so o sofrimento do gato na boca dessea cães a puxarem no como se fose elástico e ate dava pena, eu tenho uma crianca que gosta de andar de bicicleta e ah pouco tempo um cao desses ditos vizinhos veio a correr e tentou agarrar nas pernas fa crianca e se não fosse eu a intervir sabe se la o que podia ter acontecido.
      A música…nem se fala..ja sao 1, 2 ,e 3 que a polícia vai ali e não fazem nada. Desligam a música na hora mas passado 10 mim de eles se irem embora ja a música ta a tocar novamente ate de manhã. Este senhor têm toda a razao uma grande verdade para quem trabalha.
      Não se consegue dormir é um desassossego para os vizinhos..

  3. Se o meu cão ou gata não estiver chipado… Pago multas….
    Deviam ver ontem, a agonia do bicho a morrer na boca dos cães!!!!
    Se o segurança do supermercado me vir a por um pão dentro da mala, até a PSP chamam, estes até trazem os carrinhos do supermercado para casa e o segurança nem ninguém vê…

  4. Concordo com o texto, muito bem escrito. Parabéns.
    Eu tenho a sorte de não viver nesse lado da cidade. Mas sempre que estou nesse lado da cidade… É fácil perceber o abandono que se vive ainda mais com as obras.
    Infelizmente não vejo forma nem vontade de melhorar.
    Só queria referir que parte de alguém integrar na comunidade dos outros passa por simplesmente ter essa vontade de integração. Mas quando se tem tudo e quando lhe dão tudo… Essa vontade não é necessária.

  5. Autarquia, Autoridades, tiros e música, roubos e rusgas, droga e carros, pensões , cães e gatos, população e minorias.
    Não se crê que o bom senso e a vergonha estejam ausentes.
    Porquê, então, a lei e os regulamentos não serem iguais para todos?
    Porquê, então, haver aqueles a quem as Autoridades fecham os olhos e assobiam para o lado, e haver os outros a quem tudo é exigido sem tolerância?
    Porquê o silêncio da Câmara? Porque há votos em 2021?
    Porquê os maus resultados das rusgas, em certos sítios? Porque há fugas de informação?
    Porquê, esta situação intolerável é revoltante?
    Porquê, Francisco?

  6. Eu já vi esses ditos cães dos vizinhos a matarem um gato e ainda tentei impedilos mas não consegui porque os cães sao perigos, so o sofrimento do gato na boca dessea cães a puxarem no como se fose elástico e ate dava pena, eu tenho uma crianca que gosta de andar de bicicleta e ah pouco tempo um cao desses ditos vizinhos veio a correr e tentou agarrar nas pernas fa crianca e se não fosse eu a intervir sabe se la o que podia ter acontecido.
    A música…nem se fala..ja sao 1, 2 ,e 3 que a polícia vai ali e não fazem nada. Desligam a música na hora mas passado 10 mim de eles se irem embora ja a música ta a tocar novamente ate de manhã. Este senhor têm toda a razao uma grande verdade para quem trabalha.
    Não se consegue dormir é um desassossego para os vizinhos..

  7. Por incrível que pareça, em Tomar há muitos “Franciscos”, com a dificuldade de conviver a “integração”. “Integração” essa, que quanto mais apoio da segurança social para a dita integração, mais desintegrada está da sociedade portuguesa e mais vive com cada vez mais direitos e nenhuns deveres.

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