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Fazer da água uma aliada – tornar Tomar uma cidade esponja

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Numa altura em que as alterações climáticas intensificam episódios extremos de inundações e de seca, o conceito de cidade esponja, criado pelo arquiteto chinês Kongjian Yu[1], propõe encarar a água como uma aliada, repensando o seu papel na cidade.

Inspiradas nos ecossistemas naturais, as cidades esponja recorrem à vegetação, aos solos permeáveis e ao desenho orgânico dos cursos de água para revitalizar a paisagem urbana.

Durante décadas, o modelo tradicional de gestão da água em meio urbano baseou-se em canalizações subterrâneas e margens de betão. Contudo, este sistema rígido e impermeável impede a infiltração da água, agrava a pressão sobre as infraestruturas e diminui a capacidade natural de armazenamento e regulação, aumentando a vulnerabilidade das cidades a fenómenos extremos.

A ideia central das cidades esponja é criar condições para que as águas pluviais sejam absorvidas e retidas no território, em vez de simplesmente escoadas. Para isso, são usadas soluções como pavimentos permeáveis, jardins de chuva, lagos artificiais, telhados verdes e zonas alagáveis temporárias. Estas infraestruturas verdes permitem reter a água nos períodos de abundância e utilizá-la nas épocas de escassez, contribuindo ainda para o arrefecimento do ambiente urbano e para a adaptação climática das cidades[2].

As características de Tomar, com o seu rico património histórico e natural, oferecem uma oportunidade única para repensar a relação entre urbanismo e natureza. Transformar Tomar numa cidade esponja implica aumentar a permeabilidade do solo, substituir pavimentos impermeáveis por pavimentos que promovem a infiltração, criar corredores verdes e valorizar a vegetação ripícola do rio Nabão, convertendo espaços públicos em infraestruturas ecológicas de gestão da água e promovendo a biodiversidade.

Como sublinha Yu[3], a cidade resiliente não se constrói apenas com tecnologia, mas com uma nova forma de pensar a paisagem que também envolva as pessoas. Tornar Tomar numa cidade esponja implica aprender a viver em harmonia com os ciclos naturais e a reconhecer a água como parte essencial da identidade urbana.

Ao fazer da água uma aliada, Tomar não só se prepara para os desafios climáticos do futuro, mas também reafirma o seu compromisso com a sustentabilidade, com a inovação e com a qualidade de vida dos seus habitantes.

Joana Simões

Licenciada em Eng do Ambiente pelo IST

Mestre em bioenergia pela FCT/UNL

Doutoranda em Ciências da Sustentabilidade na UL

[1] https://www.turenscape.com/en/about/cdo.html

[2] https://documents1.worldbank.org/curated/en/502101636360985715/pdf/A-Catalogue-of-Nature-based-Solutions-for-Urban-Resilience.pdf

[3] https://www.semanticscholar.org/paper/%E2%80%9CSPONGE-CITY%E2%80%9D%3A-THEORY-AND-PRACTICE-Yu/9017aabea38610909b18c93b199a53c6a4788598

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