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A promoção turística que vamos tendo

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É sabido que a principal qualidade dos políticos (sobretudo quando desprovidos de adequada formação prévia) é o gargarejo. Iludir os eleitores com palavras bonitas e ideias maravilhosas. Tudo bem publicitado, nos órgãos de comunicação antes comprados, directa ou indirectamente.

Dito isto, há políticos que gargarejam mais e melhor do que outros. Que tentam comprar votos mais do que outros. Com melhor feitio do que outros. Em Tomar é como sabemos, todos aqueles que vamos lendo e pensando um bocadinho. Dos outros rezará a história, como “o rebanho” ou “a manada”. Cujos integrantes continuam mudos e serenos. A digerir os pratos de lentilhas, comidos à custa dos contribuintes forçados.

Neste enquadramento, pareceu pertinente apresentar um caso concreto, numa área bem delimitada, para que os eleitores tomarenses que ainda pensam possam sacar as suas conclusões. Escolheu-se a área do turismo, não só por ser o principal motor privado da economia nabantina, mas também e sobretudo porque têm proliferado os gargarejos dos senhores autarcas, vangloriando-se do considerável incremento desse sector. Como se o seu labor estivesse na base do dito fenómeno, que ocorreu em todo o país antes da pandemia. Uma espécie de feiticeiros africanos a rezar pela chuva…

Pegando no catálogo de uma conhecida agência de viagens portuguesa (1), destacaram-se duas viagens curtas, das mais baratas, que a vida não está para folias: Fim de semana em Santiago de Compostela e Rota dos Templários. Ambos com a duração de dois dias e uma noite. O primeiro com um total de 1.100 quilómetros. O outro bem mais curto, de apenas 390 quilómetros.

A ida a Santiago inclui a visita do casco histórico, jantar, alojamento, pequeno almoço e almoço. A Rota dos Templários engloba visitas a Santa Maria dos Olivais, capela de Santa Iria, Mata dos 7 Montes, Convento de Cristo, Torre de Dornes, Castelo de Almourol, Castelo de Ourém e Fátima. Os visitantes almoçam em Tomar, mas jantam, pernoitam e tomam o pequeno almoço em Fátima.

Dito frontalmente, Tomar fornece a maior parte da matéria prima, a começar pelo tema da viagem (Rota dos templários), mas a economia local apenas fornece um almoço. É Fátima que assegura o jantar, o alojamento e o pequeno almoço. 3 prestações contra apenas uma. Estranho, muito estranho mesmo que assim aconteça. Porque será? O que falhou?

A fechar, o detalhe mais insólito e significativo. O Fim de semana em Santiago, 2 dias, 1.100 quilómetros de percurso, custa 169 euros por pessoa. A Rota dos Templários, 2 dias, 390 quilómetros de percurso, custa 220 euros por pessoa.

É assim que Tomar pretende desenvolver o turismo local?

 

(1) – A pedido de eventuais interessados, pode fornecer-se a designação da agência, bem como o link para aceder aos catálogos onde constam os circuitos mencionados. O Tomar na Rede fará o favor de encaminhar as hipotéticas solicitações.

 

(Texto sem assinatura, por dois motivos: 1 – Quem o escreveu não procura protagonismo. Apenas tenta ajudar a pensar. 2 – Tratando-se de turismo, quase todos os leitores sabem quem escreveu, mesmo sem assinatura. Em terra de cegos…)

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7 comentários

  1. Em terra de cegos, quem tem um olho é rei, garante o dito popular. Em Tomar, todavia, as coisas não são bem assim. Nesta santa terra de cegos, quem tem um olho e não se cala, em vez de reinar, leva cacetada de toda a ordem e corre o risco de vir a ficar sem a outra vista. Ameaças não faltam. Mesmo em democracia. Estranha democracia.

  2. Será o operador a Lusanova? Estou só assim a mandar para o ar.

    E que tem a autarquia haver com os percursos e paragens de um operador turístico privado?

    É só um almoço em Tomar, mas esse é menos um almoço em outro concelho… de certeza que em Fátima não se importavam de também servir esse almoço.

    Pode o município tentar influenciar os operadores privados a manter as pessoas durante mais tempo dentro do concelho para gastarem mais dinheiro dentro do mesmo? Claro, mas no final do dia depende do operador privado aceitar as sugestões. Se bem que realmente parece estranho referir templários e depois vão para Fátima, que não é lá muito conhecida pelos templários, mas pelas revelações referentes ao passado, presente e futuro próximo e altamente aproveitado pela Igreja Católica para os seus fins.

    Depois existe todo aquele problema da logística de deslocamento pela cidade já referido no passado em que os autocarros têm dificuldade em percorrer a cidade e ainda mais dificuldade em encontrar onde estacionar.

    E tem sempre as outras coisinhas sem importância como a ausência de instalações sanitárias, uma limpeza que pelo que vem sendo denunciado aqui no tomar na rede deixa muito a desejar ultimamente, entre outras coisas que para o turista interessa como placas por toda a parte a indicar onde estão os pontos de interesse na cidade.

    Outra coisa completamente estúpida, e que ninguém certamente em perfeito estado mental faria (por ser dispendioso) seria ter por exemplo durante todo o ano pessoas (figurantes) a usar as roupas de antigamente e tal para dar um ar “templário” à cidade, colocados em pontos chaves da cidade e outros em circulação e/ ou em áreas específicas a recriar a vida de antigamente, e sei lá tentar estender tal ao comércio da cidade seja ele no dito tradicional ou mesmo no não tradicional. Isto claro, é uma ideia dispendiosa como referi que ninguém no seu perfeito juízo fará.

    1. Excelente comentário. Muito esclarecedor e muito pedagógico. Faz a pergunta “Que tem a autarquia A VER com os percursos e paragens de um operador turístico privado?” (embora com o problema ortográfico do incorrecto HAVER, em vez do acertado A VER) e depois dá a resposta, que pode ser condensada na seguinte frase: A autarquia pode e deve fazer o mais que puder a favor do desenvolvimento turístico da cidade e do concelho.
      Infelizmente não faz. Porque não sabe nem está interessada em aprender fazendo. Por isso os resultados à vista de todos são tão brilhantes, que até têm incrementado a compra de óculos de sol, para não se ficar ofuscado.

  3. Não só este executivo camarário mas também os anteriores tem iludido a população com o aumento do turismo… Mas em vez disso remam em sentido contrário, por exemplo mobiliário urbano e passeios em mau estado, ervas por todo o lado , obras sem correta sinalização que se torna uma verdadeira aventura para quem não é da cidade. Para uma cidade que deseja ancorar os turistas por mais tempo faltam espaços de lazer e aí a câmara também tinha o dever de criar ou fomentar a criação tal como uma praia fluvial no açude de pedra, o campo de golfe nos Pegões etc… E de uma vez por todas voltar o parque de campismo!

  4. Nada há a acrescentar, tal é a evidência dos factos. Essa evidência, é triste.
    Preços desajustados, promoção tacanha, mas, principalmente, a desvalorização do principal activo que temos entre nós, que é o legado da Ordem do Templo.
    Reduzido a uma visita aqui, outra acolá, um almoço ali, e ala que se faz tarde.
    A senhora camara, triufante, participa em inaugurações, e discursa. Balofa. Porque os prometidos projetos, com parceiros internacioanis e tudo, foram apenas paret util em mais um discurso, de mais uma ocasiâo.
    Não esqueçamos, todavia, a pujante Rota dos Templarios.
    A senhora camara, patrocina tambem, envergonhadamente, a constituição de ordens templarias de amigos e correlegionarios.
    Promoção? De quê, onde, e quando?
    E é assim o turismo em Tomar.

  5. Há cerca de 40 anos muitas empresas de dimensão nacional faziam reuniões em Tomar. Com a implantação da A1 e com a capacidade hoteleira entretanto desenvolvida passaram a ir para Fátima. Os tomarenses sempre quiseram guardar a sua “importância” e evitar modernidades como boas acessibilidades rodoviárias. Fátima, Leiria, Torres Novas e até Abrantes agradecem. Os tomarenses que não se queixem.

  6. Sempre tive esta noção e hoje tenho a convicção que Tomar quase sempre teve falta de bons políticos á frente dos destinos da cidade e portanto o estado a que chegamos é tão só o espelho disso.
    Dizia-me este ano, outrora um empresário de sucesso desta cidade e hoje emigrante, que na década de 80 e inícios da década de 90 Tomar assemelhava-se á capital de distrito hoje nem já para dormitório.

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