Realizador tomarense premiado por documentário sobre refugiados
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Nuno Escudeiro nasceu em Tomar em 1986, estudou em Aveiro e decidiu emigrar em 2012, ano em que “a alma do país estava muito negra e em baixo”. Viveu na Finlândia, mas atualmente reside em Itália, sem vontade ainda de regressar a Portugal.
Há poucos dias foi premiado no Canadá com o documentário “The Valley”, sobre a relação de forças entre civis e autoridades no apoio a migrantes na Europa.
O filme foi premiado no domingo passado no festival de cinema Hot Docs, em Toronto, será exibido hoje em Paris, numa sessão na Ordem dos Advogados, e no fim de semana chega aos canais televisivos franceses do Senado e Arte.
A partir de Paris, Nuno Escudeiro explicou à agência Lusa que “The Valley” foi rodado na fronteira entre França e Itália, na região dos Alpes, onde as comunidades locais de Roya e Durance ajudaram migrantes que procuravam refúgio na Europa.
O filme segue um grupo de voluntários que presta assistência a migrantes sem documentos oficiais, contornando assim o sistema legal, num ato de desobediência civil que causou polémica em 2016.
Nuno Escudeiro viu-se compelido a filmar e a testemunhar um de muitos casos de acolhimento de refugiados, num ato de “participação na História dos nossos tempos”, disse.
“Precisamos de ter consciência da nossa História, de voltar a ter empatia e de mostrar humanidade. Esta é uma questão do nosso tempo. O medo é uma emoção normal, mas a verdade é que o número de refugiados que chega à Europa é baixo”, disse.
E o realizador de 32 anos lamenta que ainda não haja “uma resposta séria e forte” por parte dos Estados europeus para a crescente legitimação dos discursos radicalizados.
C/ agência Lusa