
O tomarense Manuel Delgado trabalha na produção do algodão na zona do Niassa, no norte de Moçambique, uma zona que não foi afetada pelo ciclone Idai.
A mais de mil quilómetros de distância do local da tragédia, Manuel Delgado relata que no dia do ciclone estava um dia de sol no sítio onde mora.
Seja como for, acompanhou e continua a acompanhar hora a hora o evoluir dos acontecimentos e o drama de milhares de pessoas afetadas.
“A cidade da Beira está habituada a cheias e mares, mas a situação é de tragédia. Telhados e vidros voaram. Mas é nos bairros periféricos, onde as habitações são precárias, é que se vive um drama real. Ficaram sem casa, sem água, sem comida e sem comunicações. Perto da Beira, Buzi, uma vila açucareira, toda ela está debaixo de água. Aí vai morrer muita gente.
São gente simples que pouco tem e agora perderam tudo.
O povo Moçambicano é muito generoso. Gosta e está habituado a partilhar sempre com um sorriso. Por isso há uma onda de solidariedade imensa.
Mas o pior vem aí. Mais água das barragens do Zimbabwe vai elevar o caudal dos rios. As terras já não suportam mais água. Com isto vem a cólera e a malária.
A barragem de Cabora Bassa não tem influência nas inundações, ao contrário do que já vi noticiado”.
Manuel Delgado enviou-nos fotos e vídeos da zona afetada, incluindo imagens da casa de um colaborador português da empresa algodoeira onde trabalha.