
Depois de, em maio de 2018, ter lançado o seu primeiro livro “Singularidades de uma Mulher de 40″, que se revelou um sucesso, a jornalista tomarense Elsa Ribeiro Gonçalves prepara-se para lançar “Novas Singularidades de uma Mulher de 40”.
A nova obra vai ser lançada na Feira do Livro de Lisboa no domingo, 5 de setembro, pelas 12 horas, no auditório Sul, perto da rotunda do Marquês de Pombal.
O livro retrata a história de uma mulher comum de 40 anos que, “após ter tomado a decisão de se despedir do seu monótono emprego, ousa tirar os sonhos da gaveta, descrevendo as suas inquietações durante a caminhada que faz, através de diálogos que trava consigo mesma”, explica a autora de 45 anos.
“Novas Singularidades de uma Mulher de 40” promete continuar a fazer muitas mulheres “a seguirem o exemplo da protagonista: deixarem de viver um eterno papel secundário e passarem a ser a protagonistas das suas vidas”.
A edição é da Origami Livros/Médio Tejo Edições.
Está prevista também uma apresentação do livro em Tomar, ainda sem data marcada.
OS ESCRITORES DE TOMAR
Esta senhora e o Nuno Lopes são, das pessoas que dão forma de livro ao que escrevem, as únicas com alguma qualidade em Tomar.
O resto não vale nada. São, a bem dizer, géniozinhos de trazer por casa. Por Tomar, portanto. Escrevem, verso ou prosa sobre eles mesmos, os seus umbigos e os seus amores, muito centrados no respectivo umbigo, só porque ainda ninguém lhes disse que não era ali o centro do mundo. De facto, falta-lhes mundo, falta-lhes crescer.
Mas esta coisa de poder publicar por conta própria, conseguindo facilmente o beneplácito da câmara ou de um café onde se faça o lançamento, mais uma referência num jornaleco de cá onde pouco ou nada acontece e aquilo parece algo, dá-lhes logo um inchaço ao ego que deixam de caber na corredora ou no ecrã do I-Pode.
Há uns anos um (esta é memorável) que havia auto-editado uma redacções com base nas memórias da aldeia, quando lhe perguntei se havia feito alguma pesquisa etno-antropológica sobre aquilo, respondeu-me com ar de génio e vitima, como quem não tem a culpa daqueles genialidades que lhe saem, que não; que era tudo da cabeça dele enquanto apontava para lá semicerrando os olhos. Eu acho que ele não estava a mentir: estaria mesmo convencido daquilo.
Outros ainda, na sua ânsia de verem a sua justa autoria divulgada e firmada no universo, escrevem sobre tudo o que “estiver a dar”. Pode ser sobre o mundo do futebol: treinadores ou jogadores de bola do mais grunho, independentemente da óbvia dificuldade que tenham em expressar um pensamento que vá para além de um grunhido.
Ou então – e isto em Thomar é sucesso garantido – é escrever sobre os Templários. Ou não fosse Thomar uma cidade templária, seja lá isso o que for. Não importa mesmo nada que quando eles passaram e construiram por estas bandas, não houvesse propriamente Tomar, ou eles não tivessem ligado pêva a isso.
Não importa. O que interessa é que calhou ser cá, e agora, por cá, tudo é Templário: a cidade e as sandes de chouriço.
Sendo assim, escritor que se queira reconhecido, com acesso mesmo ao patamar dos intelectuais, vai de escrever “templário” e explicar “templário” às criancinhas.
São os escritores de cá.
Escapam de facto estes dois: o Nuno e a Elsa. Conheço-os vagamente e também acho que de mim só terão uma ideia vaga (eu escrevo sobre pseudónimo, esclareça-se). Nada lhes devo. Mas nutro por eles uma consideração que decorre precisamente das circunstâncias tomarenses em que têm existência.
O Nuno, para além da ficção que escreve, revela no seu trabalho e na sua escrita uma preocupação desenvolvimentista que, pela excepção que é, sempre registei e referi com agrado. E se nós levarmos em conta que ele é precisamente funcionário de uma edilidade que paga balúrdios a escritores de encomenda (como os do futebol), para virem cá “estudar as aldeias” e dizerem à gente o que é a terra onde vivemos; onde protagoniza uma vereadora da cultura cuja literacia (ao nível de facebook)é o que se sabe… se levarmos em conta essas condições ambientais de escrita e reflecção, percebemos melhor o valor de um Nuno Lopes.
Mais solitária ainda, nesta terra de géniozinhos apaparicados pela nomenclatura, a Elsa é uma lufada de ar fresco. Gosto dela. O olhar jornalístico com que trabalha também revela (eu sempre vi) uma relação com a realidade social, sempre a ver ou a auspiciar uma abertura e modernidade que contrastam com a pequenez e mediocridade medieval e interior que caracteriza Tomar.
Desta não estava eu à espera. De todo. Uma excelsa criatura que escreve à Lesboa (não é gralha, é propositado) e geralmente com notável alinhamento de ideias, a mostrar à saciedade que tem algo a dizer, e sabe dizê-lo por escrito, afinal também tropeça. Há neste escrito erros ortográficos imperdoáveis num intelectual que se pretende de gabarito e com mundo, como por exemplo em “reflecção” e “sobre pseudónimo”.
Que se passa, escriba Samora? Doença do alemão? Oxalá que não!
Tenho de dar mais erros.
De facto (o ser à antiga, tipo pré-acordo, também conta para o Alzheimer?) escrevo de enxurrada e a maior parte das vezes nem sequer volto a ler. Sou um baldas. Desde a escola primária que me conheço assim. E agora sem grande desculpa porque já há ferramentas que corrigem. Estou mesmo convencido que, mais um pouco, e os correctores ortográficos vêm já com um dispositivo que nos dá um merecido carolo de cada vez que dermos uma calinada.
Mas “prontos”. Vale e fica a simpatia de alguém que assume que me lê. E a minha gratidão por isso.