
O jornal Cidade de Tomar desta semana dedica uma página a Carvalhos de Figueiredo, localidade atravessada pela EN110, a poucos quilómetros a sul de Tomar.
Na reportagem denunciam-se os múltiplos problemas deste aglomerado que, segundo um morador, “não tem nada”.
Apesar da proximidade da cidade e de ser atravessada pela principal via de acesso, Carvalhos de Figueiredo não tem passeios, o que obriga os moradores e transeuntes, como os peregrinos, por exemplo, a circular na berma da estrada ou em carreiros improvisados junto à valeta. O perigo espreita e só por milagre não há mais atropelamentos.
Outro problema grave é a falta de saneamento básico. Algumas casas têm fossas, outras despejam os esgotos a céu aberto.
“É uma vergonha, somos uma povoação com mais de mil habitantes e não temos passeios, não temos saneamento, não temos nada”, denuncia o morador ao jornal. Acrescenta: “As ervas altas e abundantes em toda a berma da estrada eram outra vergonha, mas isso, vá lá, andaram a cortá-las”.
Outro problema que podemos acrescentar são as infiltrações no interior da escola primária. Em algumas salas, chove.
Tudo isto numa terra onde, por ironia, mora o presidente da junta urbana, Augusto Barros.
É caso para dizer que “Santos da casa…”
E ESTAVAM À ESPERA DE QUÊ?
Na prática, Carvalhos de Figueiredo tem mesmo aquilo que e vereação socialista acha de deve merecer.
Aliás, o tema Carvalhos de Figueiredo é mesmo um bom exemplo comparativo do que é a cultura desta gente. Vejamos:
Em primeiro lugar uma aversão não assumida a tudo o que não seja mesmo e só a cidade. Para os socialistas, as pessoas das aldeias e das freguesias de fora não existem. Mesmo às portas da cidade, quase constituindo já um bairro da própria cidade, Carvalhos de Figueiredo não merece um mínimo de atenção. São aquelas valetas que não drenam e estagnam as águas meses a fio até à evaporação (basta passar lá), são as pessoas, famílias inteiras que têm de caminhar em fila indiana em pose de medo, porque ninguém destes xuxalistas consegue aperceber-se daquela situação.
Os amores desta câmara são as obras faraónicas, caríssimas e inúteis, como aquela monstruosidade da Várzea Grande. Aquilo constou, basicamente, de uma asfaltação ou cimentação em branco de um espaço que, mal ou bem (passe o pó e a lama) tinha mesmo utilidade pública. Quero dizer: tinha utilidade para os tomarenses da cidade e do restante concelho. Agora – e agora que os pobres têm, (porque têm mesmo de ter) carro para vir à cidade tratar do que tiverem de tratar, estão proibidos de lá estacionar. De facto, o que esta câmara tem feito e não se vê que se arrependa de tal, é excluir as pessoas do espaço que dantes era delas. Agora, ou não há lugares disponíveis, ou têm de pagar, porque a câmara precisa muito de dinheiro para fazer obras inúteis. Entre uns passeios em Carvalhos de Figueiredo e aquele mamarracho plano da Várzea Grande eu não hesitaria em Colocar Carvalhos de Figueiredo em primeiro lugar. Mas é aqui que se vislumbra bem a lógica e o sentido da obra socialista: é que o quer que fosse feito em Carvalhos de Figueiredo – até um simples passeio – beneficiaria inequivocamente as pessoas, e a obra faraónica do mamarracho plano e branco (aquilo até agride os olhos) tem como objectivo principal, e segundo eles bem conseguido, glorificar para a eternidade a vereação que tomou tal iniciativa.
A pretexto do Covid, já vão dois anos sem Feira de Santa Iria. Um excelente pretexto, porque mascarando de preocupação com a saúde das pessoas, e tentando passar essa ideia, o que fazem efectivamente é desrespeitar e estar-se borrifando para a mais antiga tradição desta terra. Muito mais antiga que a Festa dos Tabuleiros. Para não falar dessa coisa patética a que chamam Festa Templária. (É que aquilo nem é Templário, nem é tradição, nem sequer é festa.
Na memória das pessoas de Tomar, o que garantidamente vai ficando é o período infernal de obras que nunca mais acabavam, com a única preocupação de as mostrar em vésperas eleitorais. E depois, vai-se a ver, reduziram-se lugares de estacionamento e passa a cobrar-se pelos que se mantêm.
Eles podem achar que fizeram grandes e boas obras. Eu sei que acham isso. Mas, concretamente e visto do lado do munícipe que não tem alternativa senão viver cá, o que eles fizeram, com essas obras onde torraram o nosso dinheiro, foi excluir as pessoas da cidade e subtrair a cidade às pessoas.
Afinal, Carvalhos de Figueiredo estava à espera de quê?