
Em 1999, o centro histórico de Tomar mudava de figura com as obras na Corredoura e a consequente proibição do trânsito, obras que se estenderam para a praça da República, ponte velha e av. Marquês de Pombal.
Falava-se então na necessidade de humanização das cidades como uma batalha que os municípios travavam para que os cidadãos tivessem mais qualidade de vida e para que a preservação do património histórico fosse assegurada.
Nessa altura, além de ser proibido o trânsito (com exceção de cargas e descargas), foram colocados bancos e floreiras na Corredoura.
O vandalismo e os furtos dos azevinhos, a juntar à falta de manutenção destruíram algumas floreiras não só da Corredoura mas também as da ponte velha. A câmara acabou por recolhe-las todas para os pavilhões da FAI.
Ficaram os bancos, mas estes também foram sendo recolhidos, por exemplo quando havia eventos, e cada vez menos recolocados nos locais.
Agora temos a pandemia que é sempre um bom argumento para tudo o que corre mal. Facto é que há cerca de dois anos, os bancos desapareceram, restando apenas dois, que já existiam antes, na praceta de Olivença.
O cidadão António Santos enviou-nos um email com a seguinte mensagem: “como perguntar não ofende, alguém me sabe dizer a razão porque retiraram os bancos da Rua Serpa Pinto (Corredoura). Acho que fazem lá falta!”.
Resta saber se, terminado o confinamento e aliviadas as restrições da pandemia, pelo menos os bancos são repostos.
O desaparecimento dos bancos e das floreiras, o encerramento dos sanitários públicos, o fim do parque de campismo, o parque para caravanas, onde só há um guarda diurno, e a redução cada vez mais acentuada dos contentores de lixo, dos jardineiros e dos varredores, fazem parte de uma mesma política. Trata-se de reduzir/suprimir tudo o que force os funcionários municipais a trabalhar. Basta reparar que até os jardins tradicionais, ou o da rotunda, já são manutencionados por empresas privadas.
O problema não é só tomarense. É nacional. Mas em Tomar está muito mais avançado, e pode ser resumido da forma seguinte: Em percentagens variáveis, Câmaras municipais não têm postos de trabalho, mas empregos para os seus funcionários. Ou, noutra formulação, têm cada vez menos postos de trabalho e cada vez mais empregos.
Podem estar a seguir uma estratégia similar à dos centros comerciais, na qual é óbvio que eles não querem lá as pessoas, as pessoas são apenas um mal necessário, eles querem apenas as rendas das lojas… e tanto quanto me apercebo ao longo dos anos é assim em todos.
Nos centros comerciais usualmente só se veem locais para sentar na zona dos comes e bebes nas melhores das hipóteses, desta forma incentivam as pessoas a circular e a não ficarem paradas, talvez seja essa a estratégias dos municípios que decidiram que não querem pessoas paradas e então se saírem à rua não têm onde se sentar.
Nos centros comerciais também as instalações sanitárias, se estiverem sequer abertas, (na sua maior parte devem estar fechadas à chave, pelo menos nos mais pequenos ou com menos lojas abertas), costumam ser nojentas, ou não ter várias coisas que dá jeito como: papel higiénico, sabonete líquido e papel para secar as mãos, sem falar que costumam ser minúsculas e quase sempre escondidas ao fundo de um enorme corredor quase sempre mal assinalado para reduzir ainda mais a sua utilização… sem falar que estão constantemente fechados para manutenção sem alternativa ou com a mesma longe.
Talvez seja então essa a visão dos governantes locais, por um lado querem o dinheiro das pessoas, por outro não as querem realmente lá, e então agem como se elas não existissem… e não fazem nada a menos que existam tantos a reclamar que não possam mais ignorar determinada coisa.