Opinião

Ventos de mudança em Tomar e logo ao lado

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Resultados da eleição presidencial 2021

 

Na sequência da curta análise dos resultados eleitorais de domingo passado, que não terá agradado a alguns instalados, pareceu útil alargar um pouco o trabalho a dois concelhos vizinhos. Temos assim uma comparação de realidades comparáveis, entre Tomar, 34.031 eleitores e 56% de abstenção, Abrantes, 31.806 eleitores e 53, 17% de abstenção, e Torres Novas, 30.895 eleitores e 51,41% de abstenção.

O primeiro elemento que salta à vista é a diferença de 5% entre a abstenção em Tomar e em Torres Novas. Como é uso dizer-se à esquerda, “isto anda tudo ligado”, e parecendo que não, em 34 mil eleitores possíveis, menos 5% sempre são mais 1.700 cidadãos que resolveram ficar em casa. Porque terá sido? A experiência ensina que, regra geral, são os descontentes que se abstêm. Haverá portanto mais descontentamento em Tomar que em Abrantes ou Torres Novas.

Outro elemento importante é a constatação de que as proclamações do poder PS em Tomar, não passam afinal do barulho dos fracos. Em Tomar o PS governa apenas em 5 das 11 freguesias, contra 12 em 13 no concelho de Abrantes e 10 em 10 no de Torres Novas. O seu a seu dono. Em Tomar, os socialistas dominam as freguesias com mais eleitores (S. João/Santa Maria, Asseiceira, Madalena, Paialvo e Sabacheira), mas em termos de quantidade perdem por 6 PSD contra 5 PS.

Passando aos resultados da presidencial, e abstraindo o vencedor destacado, que se previa desde há muito, a candidata socialista Ana Gomes perdeu para Ventura, do Chega, em todas as freguesias do concelho de Tomar, incluindo portanto nas cinco governadas pelo PS. Santos da casa não fazem milagres, diz o povo. E dado que a presidente da câmara anunciara antes que ia votar Marcelo, pior ainda.

No concelho nabantino, o melhor resultado de Ventura foi na freguesia de S. Pedro, com 17,5%, e o mais fraco em Além da Ribeira/Pedreira, com 10,2%.

Em Abrantes o panorama é ligeiramente diferente. Ventura venceu Ana Gomes em 12 freguesias, mas Ana Gomes ficou-lhe à frente no Tramagal, com 10,5%.

O melhor resultado de Ventura foi na freguesia do Carvalhal, com 19,2% e o pior na freguesia de Fontes, com apenas 8,8%.

Ana Gomes venceu Ventura em duas das 10 freguesias de Torres Novas. Numa das duas uniões de freguesias urbanas, com 13,2% e na Brogueira, com 9,94%. Ventura obteve o melhor resultado na Meia Via, com 14,8% e o pior em Pedrógão, com 10,1%.

Parece-me lógico que este resultados vão influenciar bastante as próximas autárquicas, tanto por aquilo que escondem, como sobretudo pelo que denunciam, mas abstenho-me de explicitar por agora.

Tenho em conta a opinião do comentador Helder Silva, que asseverou em prosa recente não haver qualquer relação, pois os eleitores de Outubro próximo serão outros, em virtude do movimento conhecido como “eleitores flutuantes”.

Tenho a impressão que, influenciado por análises políticas das grandes urbes e dos grandes países, Helder Silva está a transferir postulados intransferíveis para o meio ainda rural em que felizmente se vive em Tomar, Abrantes, ou Torres Novas, por exemplo.

Em Outubro próximo logo veremos quem está enganado.

                                                                          António Rebelo

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5 comentários

  1. Meu caro,
    O conceito de eleitores flutuantes, eu chamei-lhes de swing voters, não se aplica somente ás grandes urbes mas também ao nível da freguesia. Repare que a Marisa Matias e o Tino de rãs foram a eleições a pensarem que valiam a votação que tiveram á 5 anos atrás é levaram os dois uma grande coça, li algures que a Marisa nem vai ter direito a subvenção estatal, o que se fôr verdade me deixa satisfeito. A Marisa é a mesma de há 5 anos atrás, porque é que os Portugueses votaram nela há 5 anos e não votaram agora???!!! Porque é que os eleitores da freguesia de Rãs deram a vitória ao Tino em 2016 e agora votaram Marcelo???!!! Porque são swingers, digo eu. A Anabela foi reeleita em 2017, salvo erro, porque corria tudo bem no país. Também houve muitas senhoras que votaram nela por ser mulher, e queriam vêr uma senhora no cargo. O estado do país influência as eleições locals mas o contrário já não se verifica. Eu acho errado fazer uma extrapolação dos resultados destas eleições para as próximas autárticas, você não consegue definir, com exepção do CHEGA que o PSD vale x, o PS vale y, a CDU z, etc… Houve muita gente do BE e da CDU que votou Ana Gomes para derrotar o Ventura, que, pâsme-se ganhou no Alentejo. Eu tenho um familiar que habitualmente vota no BE e que agora votou Marcelo por gostar muito do lado humanístico dele. São eleições diferentes e não podem ser tiradas conclusões para Novembro ou para Legislativas.

    1. Há um detalhe nessa sua explicação que me surpreende. Você, que até mostra ser uma pessoa bem formada e informada, adoptou como sua a explicação dos marxistas de serviço para tentar justificar a estrondosa derrota do BE e a estagnação do PCP. Falo do alegado voto útil, para derrotar o Ventura. Escreve você que “Houve muita gente do BE e da CDU que votou Ana Gomes para derrotar Ventura”.
      Não acredito nessas boas almas. Porque a ser assim, então porque só resultou em 7 dos 18 distritos (Viana, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Setúbal) e nos Açores? E como explicar que mesmo assim, com essa apregoada ajuda do voto útil, Ana Gomes teve menos 11% que Sampaio da Nóvoa em 2016?

      1. Meu caro,

        A explicação não sei, a única maneira de saber seria fazer um inquérito (sondagem) detalhado á população. Já ouvi dizer que a Ana Gomes ficou á frente do Ventura porque teve mais votos nas grandes urbes onde a população tende a ser mais escolarizada e de esquerda. Em 2016 os candidatos não eram os mesmos, com excepção do Tino de Rans e da Marisa, logo não se pode comparar!!! E depois temos o factor Marcelo, que é muito popular, ele vai buscar votos á direita e á esquerda. A minha intuição é que ele é mais popular do que o Soares, que era um lorde. O Marcelo é mais humilde, é muito querido por uma grande percentagem da população. Já sei que me vai dizer que o Soares tem o recorde da votação mas eu acho que o Marcelo é mais popular que o Soares e só nåo bateu o recorde por causa da pandemia e do fenómeno CHEGA.

        1. Também já li essa evidência, segundo a qual Ana Gomes ficou à frente de Ventura “porque teve mais votos nas grandes urbes”. É verdade. Mas como explicar então o caso de Leiria, com mais eleitores inscritos que Coimbra (413 mil contra 377 mil), e onde Ana Gomes perdeu para Ventura? E o caso dos Açores, com menos população que Santarém, mas com mais votos para Ana Gomes?
          Há ainda uma outra questão de fundo, que é esta: Como raio é que Ana Gomes venceu Ventura, alegadamente graças ao “voto útil” do BE e do PCP, justamente nos distritos onde essas duas formações costumam ter resultados bastante fracos, se exceptuarmos Lisboa, Setúbal e Porto?

  2. E para reforçar o meu pensamento repare, António Rebelo, que o Soares teve o recorde de votação aquando a reeleição e, anos mais tarde volta a concorrer e, salvo erro, fica em terceiro, atrás do Manuel Alegre. Não faz sentido!!!!

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