Em quem votar amanhã
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Por intermédio de outras pessoas, colocaram-me as perguntas da praxe nestas alturas: Se estivesse em Tomar ia votar? Em quem votava?
Perguntas intermediadas, porque ao que consta começa a haver uma nova PIDE local, desta vez de extrema esquerda, vigiando os costumes e as opiniões alheias. Entende-se. Ao constatarem o esboroamento da sua influência concelhia, tornam explícito o seu sonho íntimo de sempre. Uma comunidade de pensamento unidimensional, de que em tempos falou Marcuse.
Indo ao que realmente interessa, que é a resposta às duas perguntas supra, se eu estivesse em Tomar ia votar de certeza, salvo algum imprevisto. Embora reconhecendo que a abstenção é uma confortável forma de protesto, desta vez parece-me imperativo ir votar. Seja em quem for, ou como for, mas votar. Maneira de mostrar descontentamento, de protestar portanto, caso se consiga que nestas presidenciais a abstenção seja menor que nas anteriores autárquicas. Se assim acontecer, situação muito difícil, bem sei, será um recado para os políticos locais: – Apresentem candidatos e programas capazes, que a gente vota. Caso contrário…
Passo agora à pergunta “Em quem votava?”. Na mesma óptica de protesto, e tentando de alguma maneira transformar eleições presidenciais em locais, a situação é como segue. Uma vez que o actual presidente tem a reeleição praticamente garantida, só votarão nele os apoiantes do PSD e do CDS, apesar do apoio do primeiro-ministro e da presidente da câmara. Temos portanto que, a nível concelhio, votar Marcelo é também apoiar o governo e a actual gestão municipal. É o que você quer?
Aparecem a seguir os três candidatos da esquerda pura e dura. Ana Gomes procurando legitimidade para uma futura candidatura à liderança do PS.
Marisa Matias, que vinda do povo e tendo ascendido por mérito próprio, representa a esquerda elegante, que já desapareceu em toda a Europa ocidental, salvo no trio do sul -Portugal, Espanha e Grécia.
João Ferreira, representa o PCP, uma formação que também já conheceu melhores dias, sendo a derrocada bem evidente em França, Espanha e Itália.
O agora bem conhecido Tino de Rans não passa afinal, como já escrevi há dias, de um mero animador de pista.
André Ventura e Tiago Mayan são as novidades desta eleição. Ao que tenho lido, (numa informação regra geral controlada pela esquerda, ou com jornalistas formados em escolas com professores igualmente de esquerda) Ventura é pouco recomendável por não ter um discurso coerente e por lançar acusações inconcebíveis numa sociedade democrática. Já Mayan tem um discurso bem estruturado, mas pretende a redução de impostos e o regresso a um capitalismo puro e duro, com privatizações e tudo.
É portanto evidente que os eleitores tomarenses descontentes devem votar num destes dois últimos, por serem os que mais incomodam as esquerdas instaladas e o PSD acomodado (o CDS já não conta). Era o que eu faria, caso aí estivesse. Já basta de esquerda incapaz e arrogante.
António Rebelo
Caro Antonio Rebelo, aquilo que partilhou neste artigo pode implicar “pena de multa não inferior a 100 dias. Esta proibição abrange toda a atividade passível de influenciar, ainda que indiretamente, os eleitores quanto ao sentido de voto…” devido a ser publicado na véspera. Se tivesse sido na sexta-feira, não lhe podiam apontar o dedo.
Diz bem, caro Conde. “Pode implicar…”
Um dos objectivos deste meu post foi exactamente esse. Demonstrar a inadequação de alguma legislação eleitoral portuguesa. No caso, se pretendessem aplicar a dita coima, como iam justificá-la? É do domínio geral que as leis portuguesas são válidas só em Portugal e para actos praticados em território sob administração portuguesa, como é lógico. Uma vez que eu escrevi e resido habitualmente no Brasil, como iam fazer? Multavam o administrador do TNR? Que culpa tem ele?
Mais complicado ainda, qual o cabimento de um dia de reflexão silenciosa obrigatória, uma vez que quase 250 mil cidadãos já votaram há dias, sem necessidade de qualquer pausa informativa forçada?
Somos mesmo um país com algumas leis que valha-nos Deus! E cujos órgãos de poder tendem a tratar os cidadãos como criancinhas.
Achar que a informação que realmente conta (TV’s privadas, TVI /Global Média, SIC/Impresa, Expresso, revista Visão, COFINA com C. da Manha e sua revista Sábado, jornais Sol e I) é controlada pela esquerda, não lembra a ninguém medianamente atento ao Portugal de após 75. Porque o que contam são as orientações editoriais e não o colocar fora de horas no televisor um qualquer comentador alinhado com as “esquerdas”. A candidatura liberal é o caso mais curioso do naipe em presença: como é possível num país pobre, esmifrado e sem iniciativa, dependente do Estado (veja-se o caso dos privados de sucesso que ou são distribuidores alimentares ou querem contratos com o Estado), em que os políticos defensores da “iniciativa privada” nas últimas décadas nada mais fizeram que “vender o país a pataco”, achar que com novas empresas brotando não se sabe de onde, virão manhãs de felicidade e sucesso? Reduzir impostos? Muito simpático, mas como evitar o súbito risco de pobreza para mais uns tantos milhões de portugueses?
Nunca fui nem sou partidário do achismo, cidadão António Pina. Por isso não achei nem acho que a informação que conta é isto ou aquilo. O que digo na crónica é que a generalidade dos jornalistas é de esquerda e/ou teve formação de esquerda nas escolas que frequentou, pelo que, quiçá sem disso se dar conta, faz jornalismo de esquerda, incluindo os directores. E não se trata de “achar”. Simplesmente de ir comparando aquilo que escrevem com o trabalho dos colegas do EL PAIS, LE MONDE, TIMES, FIGARO, JOURNAL DE GENEVE, e por aí adiante. (Excluo é claro a informação tomarense, que não é de direita, nem de esquerda, nem de centro. Limita-se a publicar o que agrada a quem lhe paga, salvo um caso bem conhecido.)
É claro que há excepções, como o Observador ou o Correio da Manhã, por exemplo. Mas estão longe de ser a maioria, ou sequer uma percentagem significativa.
Sobre a outra parte do seu escrito, se voltar a ler com mais atenção, notará que falei apenas de “voto de protesto” no contexto da eleição presidencial. Quanto ao resto, uma coisa me parece certa: cada vez mais estado, cada vez mais impostos, cada vez mais funcionários, cada vez mais burocracia, cada vez mais subsidiados, foi chão que já deu uvas. Por alguma razão os países do leste europeu colapsaram e o muro de Berlim caiu. E não foi a NATO que invadiu, como se temia por aquelas bandas antes de 1989.
Por alguma razão em 2021 os socialistas só governam agora na Europa ocidental em Espanha e em Portugal, nos dois casos com o apoio da extrema esquerda. Até mesmo a Grécia já não é vermelha. Porque será?
Deixemos então o “achismo”. O que eu penso é que independentemente da formação ideológica de antanho dos jornalistas, nos grandes grupos de comunicação neste pequeno país, com mercado reduzido, quem manda é o patrão, regra geral de ascensão duvidosa e com pouco mundo, ainda que tolerante perante uma ou outra laracha de um “esquerdalho”. Excetua-se talvez o Público no panorama. Entendo ser o Correio da Manhã o exemplo do mau jornalismo e o Observador um jornal bem feito mas totalmente alinhado na direita. Era bom ser possível a comparação com os jornais que cita; acontece que o país, já pobre, entrou, nos anos 90, num ciclo de mais empobrecimento, ainda que com mais comodidades e consumo através dos euros que foram chegando do centro europeu, mas estando sempre na condição fe dependente de alguém. Integrados na Europa, sem sermos capazes de aproveitar oportunidades, somos cada vez mais reduzidos á condição de colônia de férias e refúgio de reformados dos países ricos do centro, daqueles países onde há pluralidade com qualidade e independência na comunicação social.
António Rebelo finalmente revelou-se, sem surpreender. É chegano não assumido, ou é mais tipo Paul von Hindenburg?
Senhora (ou será antes menina?) Ana Paula Silva:
Após alguma ponderação, a única resposta educada que encontrei foi esta:
O meu passado de 7 décadas fala por mim, tal como o seu presente, sobretudo os seus comentários aqui no TNR, falam por si, respeitável cidadã.
Antes chegano do que pertencer ao partido dos atrasados mentais como o dos lábios vermelhos ou dos curruptos xuxas.
quanto menos estado,menos corrupção! é científico e 100 p cento verdadeiro… logo,está aí a sua resposta,já que a corrupção, amiguismo,compadrio ,boys etc são o cancro da democracia e economia