
Salta à vista a mudança da iluminação do centro histórico de Tomar nas últimas semanas. A câmara decidiu substituir a antiga iluminação (amarela) para lâmpadas Led (branca) com o argumento da poupança de energia.
As opiniões dividem-se. A antiga iluminação coadunava-se mais com o ambiente do centro histórico, mas a luminosidade e a eficiência energética são menores.
As lâmpadas Led brancas dão mais luz, duram mais tempo e reduzem os custos com a fatura da eletricidade, mas os especialistas dizem que apresentam riscos graves para a saúde de pessoas e animais, além de descaracterizar o centro histórico, provocando maior poluição luminosa.
Outro problema é que a iluminação Led é mais concentrada. Ou seja, ilumina à volta do candeeiro, mas não espalha a luz pela zona envolvente, ficando algumas zonas completamente às escuras.
Em 2009 um grupo de profissionais de vários setores redigiu a carta de Taxco, documento que “estabelece as bases conceptuais, metodológicas e práticas para a iluminação dos monumentos e centros históricos, preconizando um maior respeito para com a sua integridade física e para com o próprio ambiente e defendendo o recurso a soluções de iluminação economicamente mais sustentáveis”.
Carta de Taxco, 2009
Critérios para Centros Históricos
1.Promover a normalização e regulamentação da iluminação do espaço público nos centros históricos.
2.Promover acções correctivas, para reverter efeitos indesejáveis e o impacto de anteriores planos de iluminação, e a criação de consensos amplos a os níveis do governo e da sociedade.
3.Por norma empregar-se-ão luminárias padrão independentes do imóvel.
4.Os projectos de iluminação deverão contemplar o emprego razoável dos meios técnicos e sistemas de última geração os quais façam uso dos avanços tecnológicos do momento.
5.Considerar a ÉTICA como princípio, e a TÉCNICA como um meio.
6.As instituições competentes terão a obrigação de estabelecer um programa de capacitação e actualização, de intercâmbio e difusão de experiências locais, para o seu aproveitamento geral.
7.Incorporar a CONSERVAÇÃO PREVENTIVA como parâmetro indispensável na iluminação de interiores, em particular dos bens culturais de grande sensibilidade à luz.
8.Projectos duráveis, graças ao aproveitamento dos avanços técnicos no referente à eficiência luminosa e ao baixo consumo energético para garantir a sua durabilidade e actualização para além da vida dos equipamentos.
9.Os projectos de iluminação artificial deverão evitar o efeito residual denominado poluição luminosa.
10.As autoridades locais deverão promover o estabelecimento de normas de aplicação em zonas e monumentos históricos. As empresas envolvidas no desenho, produção e instalação de iluminação artificial em zonas e monumentos históricos devem contribuir para um processo contínuo de melhoramento e todos os envolvidos devem beneficiar das experiências comuns
O exemplo de São Paulo – Brasil – Luz branca x luz amarela
Lâmpadas LED brancas têm riscos graves para a saúde de pessoas e animais
Vai comprar lâmpadas LED brancas? Conheça os riscos para a saúde
Atas do Encontro Internacional Iluminação em Monumentos e Zonas Históricas – 2012
Antes
Depois
Num breve passeio nocturno pela zona histórica, pude apreciar o efeito visual da luz branca…e gostei! Fiquei fã! Mas…só resulta se tiver a intensidade correcta, e essa intensidade deve ser adequada ao espaço onde o ponto de luz for inserido, isto é, um candeeiro numa das ruas da cidade velha não deve ter a mesma intensidade dum candeeiro da praça da República. Mas não façam o mesmo que foi feito na rua de Coimbra. Aquilo parece, ou parecia luz de alumiar mortos.
Está péssimo este serviço!
A cidade ficou mais escura, as pessoas têm medo de fazer as suas caminhados por causa de tamanha penumbra. A ponte velha, jardim do mouchão, várzea pequena estão muito mal iluminadas, bem como outras artérias como a alameda… Tudo numa escuridão medonha.
Mas penso que essas zonas irão ser intervencionadas. Se bem ou mal, logo veremos. Seja como for sou algo céptica quanto ao resultado final. Apesar de haver arquitectos na câmara, julgo que nenhum consegue perceber a importância da iluminação na arquitectura dos espaços.