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Bombeiros: é tempo de decisões

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Tiago Carrao 2
Tiago Carrão*

Os Bombeiros Municipais de Tomar assinalaram no dia 28 de janeiro 98 anos de existência – uma corporação de prestígio, que durante décadas tem prestado um serviço de excelência à comunidade tomarense e à região. Mas, mais do que foi, interessa o caminho que tem pela frente e a capacidade de se adaptar aos novos tempos.

À corporação dos Bombeiros de Tomar colocam-se hoje novos obstáculos, necessidades, condições de funcionamento e riscos. Desafios esses agravados pelo facto de se tratar de um corpo de Bombeiros misto, constituído simultaneamente por elementos do quadro efetivo da Câmara Municipal e por voluntários. Em todo o país, são poucas as corporações em regime idêntico.

Estes novos desafios requerem diferentes modelos de funcionamento e abordagens, outro tipo de soluções e de respostas.

Bombeiros – é um tema sensível, mexe com as pessoas. Todos nós, em algum momento da nossa vida, recorremos aos soldados da paz. Se ao nível das instalações, viaturas e equipamentos a situação não é ideal, preocupam-me especialmente os meios humanos. Sente-se o desânimo e a desmotivação num corpo de Bombeiros já desfalcado com a saída de bombeiros e não colmatada com novas entradas.

O resultado está à vista de todos: o transporte de doentes é quase inexistente e mesmo para situações de emergência a resposta não é a adequada. Quantas vezes não vimos já o socorro ser assegurado por corporações vizinhas? Por um lado, salários baixos, por outro um regime de voluntariado que já conheceu melhores dias, seja pela degradação de condições, seja pela falta de massa crítica.

É verdade que, felizmente, temos ainda bombeiros voluntários com espírito de missão, que dizem presente em prejuízo das suas famílias. Mas a boa vontade não chega para tudo. Sabemos que o funcionamento da corporação de Bombeiros tem custos significativos, suportados pelo orçamento municipal. Assim como sabemos que, ao contrário de corpos de bombeiros voluntários, não há financiamento da administração central. Uma injustiça na legislação que sucessivos governos teimam em não corrigir.

Recordamo-nos, por exemplo, que no final do ano passado o INEM investiu 3,7 milhões de euros em ambulâncias novas para Fátima, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Vila Nova da Barquinha, Torres Novas e Benavente. E Tomar ficou de fora.

A situação é preocupante e não me parece que a governação municipal socialista tenha essa noção. Basta ver que na última reunião de Câmara rejeitaram a proposta do PSD de atribuição de benefícios aos bombeiros de Tomar, à semelhança de muitos outros municípios. Há que colocar o assunto na ordem do dia e tomar decisões o quanto antes.

Mais tarde ou mais cedo, o modelo misto de funcionamento da Corporação de Bombeiros de Tomar terá que ser revisto. E pensar em alternativas passa por um de dois cenários:

A profissionalização de todos os bombeiros, passando a uma verdadeira Corporação Municipal, assegurando uma resposta eficaz, embora com um aumento substancial da despesa municipal.

Ou, a transformação numa Associação de Bombeiros Voluntários, como fez, por exemplo, Abrantes em 2013. Abrindo a porta ao financiamento da administração central e libertando fundos municipais para outras áreas e garantido um nível de resposta equivalente.

Por mais difícil que esta decisão possa ser, é determinante para o futuro da corporação e para a nossa comunidade. Em 2022, por ocasião do centenário da Corporação dos Bombeiros de Tomar, gostaria de ver tomada essa decisão. A bem dos Bombeiros. A bem de Tomar.

                                                   *Vice-Presidente | PSD de Tomar

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3 comentários

  1. “Recordamo-nos, por exemplo, que no final do ano passado o INEM investiu 3,7 milhões de euros em ambulâncias novas para Fátima, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Vila Nova da Barquinha, Torres Novas e Benavente. E Tomar ficou de fora.

    O trecho acima indicado não é totalmente correcto. Tomar recebeu uma Ambulância de INEM Mercedes NOVA salvo erro durante o ano de 2018 ou no inicio de 2019.

    Todos sabemos que o PSD quer o poder, mas não através de meias verdades ou da mentira…

  2. Concordando com o Cidadão Tomarense,

    Tomar não ficou de fora, mas também não recebeu uma ambulância nova, mas recebeu sim a verba atribuída pelo INEM para comprar a referida ambulância, sendo que nem sempre o valor pago pelo INEM paga a totalidade da mesma.

    E, por exemplo, os Bombeiros de Ferreira do Zêzere ainda não foram contemplados com essa verba, por isso não tem ambulância nova, o que só deverá vir a acontecer em 2021, continuando a vir fazer emergências ao nosso concelho com a velhinha ambulância amarela que lhes está atribuída.

    Por isso, caro Tiago Carrão, antes de partilhar os seus artigos, tome conhecimento das realidades, em especial dos nossos bombeiros e pense no problema que está aí à porta, com a chegada do verão e do calor.

  3. “E Tomar ficou de fora”. Sim e fica de fora em muita deliberação do poder político. Já ficou de fora com o investimento nas estradas, na saúde (centralismo em Abrantes), na segurança (centralismo em Leiria), em áreas comerciais e entretenimento (Torres Novas), industria (Torres Novas e Abrantes) e até agro-industria (Ferreira Zêzere). Manteve a ferrovia porque os comboios não têm espaço no Entroncamento. E porquê tanta perda? Porque Tomar perdeu peso económico e com ele peso político algo que muito se agravou com os últimos mandatos autárquicos PSD. Mandatos em que se criou a ilusão do turismo como suporte economico da cidafe. Compreende-se a sua ambição mas bem lhe ficava assumir antes de mais as responsabilidades do seu partido.

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