
O ruído ambiente impacta negativamente a saúde e o bem-estar[1]. A Agência Europeia do Ambiente, estimou que, em 2022, mais de 30% da população portuguesa estaria exposta a níveis de ruído prejudiciais para a saúde (Lden[2]> 55 dB(A)).
Os efeitos do ruído vão muito além da simples perturbação do sono. A exposição prolongada pode provocar alterações hormonais e genéticas, aumentar a inflamação e o stress oxidativo, e contribuir para o desenvolvimento de problemas cardíacos, depressão, demência e lesões em órgãos vitais como o cérebro, fígado, rins e intestinos[3]. Além dos impactos nos seres humanos, o ruído afeta a biodiversidade, interferindo no comportamento, crescimento e reprodução das aves.
Tendo em conta o impacto do ruído no ambiente e na saúde, os instrumentos de gestão do território têm de considerá-lo na definição dos tipos de ocupação espacial (habitação, trabalho, lazer).
O município de Tomar dispõe de um mapa de ruído elaborado em 2019, que identifica o tráfego rodoviário como a principal fonte de ruído no concelho. As vias mais críticas incluem a EN110, EN113, IC9, EM531, EM533, A13 e A23, bem como as áreas envolventes, que apresentam níveis sonoros prejudiciais. Em 2022, um estudo mais localizado avaliou os níveis de ruído na Alameda Um de Março e na Rua João dos Santos Simões (UOPG 6), revelando que, embora os valores estejam dentro dos limites legais para zonas mistas, há uma concentração de ruído significativa junto às principais rodovias da zona.
No entanto, o mapa de ruído de 2019 pode já não refletir a realidade atual, considerando o crescimento urbano e o aumento da circulação rodoviária. Mais preocupante ainda é o facto de Tomar não ter elaborado o seu Plano Municipal de Redução de Ruído (PMRR), um documento legalmente obrigatório que visa identificar as áreas mais afetadas e definir medidas concretas de mitigação. A ausência deste plano representa um atraso significativo na resposta do município a um problema com impacto comprovado na saúde pública e na qualidade de vida.
Dado que o ruído ambiente não é apenas uma questão de desconforto, mas também um problema de saúde pública, a atualização dos dados existentes e a criação do Plano Municipal de Redução de Ruído são passos fundamentais para proteger a população e o meio ambiente.
Joana Simões
Licenciada em Eng. do Ambiente pelo IST
Mestre em Bioenergia pela FCT/ UNL
Doutoranda em Ciências da Sustentabilidade na UL
[1] https://www.eea.europa.eu/pt/articles/a-poluicao-sonora-e-um [2] Lden – nível de ruído Diurno-Entardecer-Noturno [3] https://cpsa.pt/media/comunicados/ruido-e-uma-ameaca-grave-a-saude/







