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A derrota da arrogância

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Ao fim de 12 anos de governação socialista, a câmara de Tomar foi conquistada pela AD – coligação PSD/CDS nas eleições autárquicas de domingo, dia 12.

Mas como se explica que uma candidatura como a do PS, com obra para mostrar, com investimentos de dezenas de milhar de euros na campanha eleitoral e com dezenas de figuras de peso na comissão de honra, tenha perdido a eleição?

Na minha opinião, tem tudo a ver com a postura arrogante que os autarcas da maioria PS adotaram sobretudo neste último mandato em que o poder “lhes subiu à cabeça”.

Os especialistas chamam-lhe húbris. Dizem que, o poder, quando exercido durante períodos longos e sem o freio de contrapesos, causa alterações cerebrais que conduzem à soberba e a perdas de discernimento.

A basófia e o desdém com que a dupla Hugo Cristóvão e Filipa Fernandes, por exemplo, respondiam à oposição saiu-lhes cara e fez com que no domingo estes dois autarcas tivessem de “meter a viola no saco” e descer à terra.

Aliás basta comparar a postura que estes dois autarcas socialistas tiveram na reunião do executivo no dia seguinte ao ato eleitoral e nas reuniões anteriores quando “tinham o rei na barriga”.

O PS foi vítima da sua crescente postura arrogante, de vaidade e de prepotência.

De nada valeu a Hugo Cristóvão contratar dirigentes de associações numa lógica clientelista e com o objetivo da “compra de votos”. O mesmo fazendo ao integrar alguns nas listas das candidaturas e na comissão de honra.

HC arregimentou autênticos “capangas” acéfalos que, nas redes sociais, tratavam de ameaçar e ofender quem ousasse criticar a câmara.

Assinou contratos por ajuste direto que podem levantar suspeitas, seja para ajudar amigos da maçonaria seja para alimentar a sua clientela.

Nos últimos anos a dupla de autarcas gastou centenas de milhares de euros em agências de comunicação e marketing para alimentar a sua imagem, quando na verdade são autênticos “lobos com pele de cordeiro” (alguns funcionários municipais que o digam).

A perseguição, intimidação e até chantagem a alguns funcionários e técnicos municipais que integraram listas de outros partidos foi uma realidade lamentável que há muito não se via.

Foi HC o autarca que “despejou” o jornal O Templário das instalações da Nabância por considerar que não achava bem que um órgão de comunicação social ocupasse instalações municipais mesmo pagando renda.

Anos mais tarde ofereceu instalações à SIC e à Tomar TV no convento de S. Francisco. Quem for minimamente inteligente percebe o que está por trás desta oferta.

Ao longos destes anos boicotou “Tomar na Rede” proibindo que os serviços de comunicação enviassem informações, comunicados e avisos a este órgão de comunicação social.

HC não respondeu a quase todos os pedidos de informação solicitados por “Tomar na Rede” num boicote sistemático ao exercício do direito à informação.

Continua a pagar dezenas de milhares de euros de anúncios a alguns órgãos de comunicação social subservientes que assim são “manietados” para fazerem passar uma imagem “cor de rosa” da autarquia.

Por isso e porque “Tomar na Rede” sempre praticou um jornalismo independente, assertivo, crítico e atento a toda a realidade, era ostracizado.

Facto é que muitos problemas que aqui denunciámos eram rapidamente resolvidos. Aliás, a prática corrente desta gestão em fim de mandato era só atuar “a toque de caixa”.

Não deixa de ser sintomático que, e talvez prevendo o resultado desastroso da candidatura do PS, a mandatária Anabela Freitas, ex-presidente da câmara, esteve praticamente ausente na campanha eleitoral.

Com o fim da gestão socialista na câmara de Tomar acaba o caciquismo e o clientelismo que se foi consolidando ao longo dos últimos 12 anos.

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José Gaio

Ganhou o “bichinho” do jornalismo quando, no início dos anos 80, começou a trabalhar como compositor numa tipografia em Tomar. Caractere a caractere, manualmente ou na velha Linotype, alinhavava palavras que davam corpo a jornais e livros. Desde então e em vários projetos esteve sempre ligado ao jornalismo, paixão que lhe corre nas veias.

7 comentários

  1. Por pouco mais de 2%.
    As coligações mostram, como o próprio nome indica; sozinho não! Temos muito medo.
    Finalmente os problemas em Tomar e Tomar na rede estão resolvidos.
    A campanha foi intensa e Tomar vai voltar aos tempos do volta para trás.
    A partir de agora a câmara vai voltar a ter politicos elogiados e com excelentes qualidades.
    Grande vitória da coligação PSD/CDs/tomar na….!
    Claro que a censura vai voltar.

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  2. As análises aos resultados das eleições autárquicas em Tomar, quer estas aqui feita no Tomar na Rede, quer outras de indivíduos da área do PS , uns escorraçados pela Belinha , outros avençados pela cambada que tomou conta do pote, quando da fuga da Belinha para mais um tacho dourado, revelam que infelizmente ainda temos bastantes acéfalos que votam no PS.
    Neste tema , assistimos a uns vira casacas, que não conseguiram disfarçar a ganância pelos tachos em perspetiva , outros por pura estupidez.
    A parte objetiva do estado do concelho , onde se pode constatar um empobrecimento e envelhecimento preocupante, a falta de estratégia e competência dos boys and girls, que de repente se viram num emprego que julgavam ser para sempre e por mérito.
    Agora vem a dura realidade e a potencial travessia do deserto.
    Mas será que será assim?
    A AD ganhou ? Não, estão empatados em número de vereadores e a AD só tem o privilégio de poder escolher com quem vai fazer algum tipo de aliança. se o Chega , que com o seu vereador pode fazer maioria , ou com o PS dando umas benesses do BOLO e tornando público o que nos bastidores se pratica, FARINHA do mesmo saco.
    Vamos ver se apesar dos eleitores terem expressado uma maioria de direita, se os da AD, vão fazer o tal cordão sanitário com os que como eles querem sempre o” bem “do Concelho….
    Se tal acontecer , não se queixem que nas próximas eleições vão levar uns patins e ser corridos em força!!
    Os tomarenses estão fartos de esquemas, de gente que não tem onde cair morta e que vai para a política , para penacho e esquemas pessoais.

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  3. Tudo certo! Mas as empresas do novo presidente dependem de contratos com câmaras municipais e outras associações públicas (de cor laranja). Estou curioso para ver se o Tomar na Rede vai manter o mesmo olhar atento sobre isso.

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