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O desafio de transformar boas iniciativas numa estratégia alimentar de Tomar

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No dia 15 de maio de 2025, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo aderiu ao Pacto de Milão sobre Política de Alimentação Urbana[1].

Este acordo[2] surge como resposta ao crescimento da população urbana e tem como objetivo tornar os sistemas alimentares das cidades mais saudáveis, sustentáveis e justos. Mais do que uma simples declaração, o Pacto de Milão é uma ferramenta prática que propõe 37 ações organizadas em seis categorias (governança, dietas e nutrição sustentáveis, igualdade social e económica, produção alimentar, abastecimento alimentar e distribuição e desperdício alimentar), cada uma com indicadores para acompanhar os progressos.

Entre essas ações destacam-se, por exemplo, a criação de conselhos alimentares, o mapeamento de iniciativas locais, a promoção de dietas saudáveis e sustentáveis, a revisão de políticas públicas para apoiar a produção local e o combate ao desperdício alimentar. Também se propõe a valorização de programas alimentares escolares com base em alimentos locais, o apoio a hortas comunitárias e a inclusão social através da alimentação.

Embora ainda não seja claro como o Pacto está a ser aplicado na prática na região do Médio Tejo, algumas iniciativas em Tomar já vão ao encontro dos seus objetivos e podem servir de base para uma estratégia alimentar urbana mais ampla. Um exemplo é o projeto “Mercado é aqui[3]”, que promove a literacia alimentar, valoriza os produtos locais e dinamiza o Mercado Municipal de Tomar. Outro exemplo é o “Hortas no adro[4]”, um mercado tradicional na freguesia da Serra e Junceira, onde se vende diretamente do produtor ao consumidor, com produtos sazonais e de agricultura familiar.

Eventos como “Todos com o feijão, o feijão com todos” ou o Congresso da Sopa também se alinham com o espírito do Pacto, o primeiro ao incentivar o consumo de leguminosas, alimentos nutritivos, de baixo custo e com benefícios ambientais por exigirem menos água e fixarem azoto no solo, e o segundo ao promover um prato simples, acessível, nutritivo e sustentável, que permite aproveitar sobras e reduzir o desperdício alimentar.

A adesão ao Pacto de Milão representa uma oportunidade estratégica para repensar e alinhar as políticas alimentares da região com os desafios atuais e futuros. Tomar já dá alguns passos nesse sentido, e agora é essencial reforçar essas boas práticas e integrá-las numa estratégia alimentar municipal que promova sistemas mais resilientes, inclusivos e sustentáveis.

Joana Simões

Licenciada em Eng do Ambiente pelo IST

Mestre em Bioenergia pela FCT/UNL

Doutoranda em Ciências da Sustentabilidade na UL

 

[1] https://mediotejo.pt/index.php/noticias/medio-tejo-assina-pacto-de-milao-sobre-politica-de-alimentacao-urbana

[2] https://www.milanurbanfoodpolicypact.org

[3] https://cm-tomar.pt/index.php/comunicacao/noticias/mercado-de-tomar-vai-ensinar-a-criancas-e-adultos-que-o-melhor-da-nutricao-sao-os-produtos-locais-e-da-epoca

[4] https://www.facebook.com/profile.php?id=61562133861668

 

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