
O padre Manuel Patto, pároco de Areias, Beco, Chãos, Dornes e Paio Mendes, no concelho de Ferreira do Zêzere, está a ser criticado por celebrar funerais já depois do pôr do sol, o que é negado pelo próprio.
Uma cidadã relatou-nos duas situações nas freguesias do Beco e de Paio Mendes em que tal aconteceu, mas o padre Manuel Patto nega, garantindo que nunca fez funerais de noite.
Elisabete Félix acusa o padre de fazer os funerais tarde e “quando se chega ao cemitério já o sol se pôs e os corpos descem à terra quando já está escuro” e de não aceitar que as famílias possam pedir a outros padres para fazerem os funerais mais cedo.
“Há quinze dias na freguesia do Beco o coveiro só colocou meia dúzia de pás de terra e foi-se embora. Só no outro dia é que foi acabar de colocar a terra e compor a campa”. “No dia 18, no funeral da minha tia, foram os dois filhos que ajudaram o coveiro a tapar a cova e a colocar a pedra com o auxílio das luzes do telemóvel de outro primo meu, acabaram eram quase 22 horas”, relata a cidadã, indignada.
Elisabete diz que o padre marca funerais para as 19h30, mas “chega sempre atrasado” e não autoriza que saiam das casas mortuárias sem ele comparecer. Concretiza que no dia 18 chegou à casa mortuária às 19h40, seguindo-se a deslocação para a igreja onde foi celebrada missa de corpo presente. “Saímos para o cemitério já passava das 20h30 e chegámos ao cemitério às 20h50. Depois das orações no cemitério o corpo da minha tia desceu à terra eram 21h05, sem luz alguma, sem condições para o coveiro trabalhar se não fossem os meus familiares a auxiliar”, lamenta.
As críticas estendem-se às juntas de freguesia que “permitem os funerais a estas horas, sabendo que não há luz”, sem condições para despedidas condignas nem para os coveiros fazerem o seu trabalho. “É inadmissível e vergonhoso”, conclui Elisabete.
A versão e os argumentos do padre Manuel Patto
Sobre estas questões, solicitámos ao padre Manuel Patto que nos desse a sua versão dos factos e os argumentos para os funerais se realizarem ao fim do dia. Aqui fica o seu esclarecimento:
1.º É mentira que faço funerais de noite. Nunca tal aconteceu!
2.º Sou Sacerdote há mais de 10 anos e já fiz centenas de funerais, não preciso, passado este tempo todo, que me ensinem a marcar funerais.
3.º Nunca marquei um funeral sem que os familiares pudessem estar presentes.
4.º Nunca adiei o funeral para o dia seguinte; porque quando não posso durante todo o dia eu próprio peço a quem me substitua.
5.º Nunca nenhum funeral nas minhas paróquias foi feito por senhoras ou senhores leigos, foram sempre por alguém do clero.
6.º Nunca fiz os funerais a despachar mas sempre os faço com toda a calma, com cânticos e o melhor e mais respeitoso que sei e posso.
7.º Faço sempre o levantamento, depois há sempre exéquias na Igreja Matriz e faço sempre o acompanhamento a pé ao cemitério onde faço sempre a bênção da sepultura e a encomendação final.
8.º Conforme a minha disponibilidade e da família, eu marco os funerais para as várias horas do dia, desde manhã até à tarde, em qualquer dia da semana, incluindo em dias que estou de folga, já tendo acontecido vir de propósito, fazendo centenas de quilómetros, para celebrar um funeral. O que quer dizer que as horas dos funerais muitas vezes não são conforme o que eu preferia e às vezes não são o ideal para a família, mas sempre com a sua concordância.
9.º Nunca proibi nenhum sacerdote amigo ou conhecido do defunto ou dos familiares de vir fazer um funeral às minhas paróquias.
10.º Por tudo o que disse acima nos últimos 9 pontos posso afirmar com quase todos os paroquianos que são raros os sacerdotes e as paróquias que tenham um serviço religioso com tanto respeito e amor pelos nossos defuntos.
Essas calúnias aconteceram porque houve um ÚNICO funeral nesta semana que foi no passado dia 18 que foi às 19h30 e a família não se opôs à marcação e como os dias estão a ficar mais pequeninos quando chegámos ao cemitério eram cerca das 20h30 e estava a anoitecer mas ainda era dia e estava lá uma familiar que não me disse nada mas que foi publicar no Facebook a sua indignação por já ser tarde.
Marquei há quinze dias um funeral às 19h30 e no fim ainda havia sol.
Eu expliquei isso no final à família mas se alguém me disser pessoalmente que ficou ofendido porque o dia estava a findar, pedirei as minhas sinceras desculpas porque se alguém não quer que haja conflitos sou eu.
Não exijo que me agradeçam mas exige-se respeito por todos especialmente pelos que estão de luto e também um redobrado respeito pelos sacerdotes que são ministros de Deus.
Já não chegam os conflitos entre os herdeiros e familiares para ainda estarem a faltar ao respeito aos sacerdotes que respeitosa e piedosamente acompanham o corpo dos defuntos e encomendam as suas almas a Deus.
Que as almas dos nossos fiéis defuntos,
pela misericórdia de Deus,
descansem em paz.
Padre Manuel Vaz Patto
O padre Manuel Patto afirma que não faz funerais à noite. Os factos, porém, desmentem-no. No dia 18 de agosto de 2025, no concelho de Ferreira do Zêzere, o pôr-do-sol ocorreu aproximadamente às 20h27, segundo fontes do IPMA. O enterro da falecida — o momento central de qualquer funeral — aconteceu às 21h05, já sem luz natural, obrigando familiares a iluminar a cova com telemóveis. Não foi “perceção” da família, foi realidade: o funeral terminou depois do pôr-do-sol, em plena noite.
E não se trata de um acaso. O padre chega atrasado, marca funerais para horas tardias, pois é um homem de agenda ocupada e não permite que nada avance sem a sua presença. O resultado é um cenário indigno para os mortos e doloroso para os vivos. Mais grave ainda é a forma como depois nega a evidência, protegendo a sua imagem em vez de assumir responsabilidades.
Mas esta arrogância não é novidade. O mesmo padre já desafiou abertamente o bispo, como podemos ler aqui no Tomar na Rede, recusando-se a sair quando lhe foi ordenada a transferência. Age como se as paróquias fossem propriedade sua, como se a Igreja fosse refém da sua vontade. Ora, um sacerdote que não respeita nem o seu bispo, como pode respeitar os fiéis?
Um padre deveria ser exemplo de humildade, de serviço e de entrega. O que vemos aqui é precisamente o contrário: um homem agarrado ao seu poder, que exige respeito em vez de o conquistar, que se coloca acima da comunidade e acima da própria Igreja. O problema já não é apenas o atraso nos funerais. O problema é a soberba de quem esqueceu que a missão de um padre não é mandar, mas servir.