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Lançada petição contra “abate massivo de árvores” ao longo das estradas

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Com o argumento da segurança nas estradas, a Infraestruturas de Portugal continua a cortar árvores, algumas centenárias, ao longo das principais vias de circulação automóvel.

Para tentar impedir este “ecocídio”, um grupo de ambientalistas, entre os quais dirigentes de 17 associações, lançou uma petição online  “contra o abate massivo de árvores perpetrado pela Infraestruturas de Portugal (IP)”.

Segundo os subscritores, a IP está a proceder “de forma continuada, injustificada e sistemática” ao corte de árvores nas bermas das estradas e ferrovia e por isso alerta para o perigo de “desarborizar estes territórios”.

Os signatários pretendem alertar entidades como o Governo, as Câmaras Municipais, o ICNF, a APA, entre outras, para o abate de arbustos e árvores “de pequeno e grande porte, “de forma continuada, injustificada e sistemática”, por aquela entidade. Dão como exemplos recentes os cortes de “milhares de árvores adultas” no Parque Natural Sintra-Cascais (ER-247), Santarém (EN-362), Ponte da Barca (EN-101) ou na Prelada-Porto (VCI).

Acusa-se a IP de matar “árvores que demoraram décadas a crescer, quando precisamos delas mais do que nunca”. “contra a vontade das populações locais”, “com rapidez e leviandade, muitas vezes sem cumprir o aviso prévio legal”.

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O texto defende ainda que desarborizar estes territórios “afeta a qualidade do ar que respiramos, diminui sombras e humidade, traz mais calor e desconforto, expõe mais os veículos em andamento ao vento e aumenta risco de despiste, contribui para as alterações climáticas, reduz o habitat de flora e vida animal, gera perda de biodiversidade, desqualifica a paisagem e, no fundo, degrada os ecossistemas em que nos inserimos, incluindo os ecossistemas urbanos e urbanizados, que também são ecossistemas e necessitam de um reequilíbrio urgente entre natureza e infraestruturas humanas”.

Criticam-se os “espaços desqualificados” que resultam destas ações “onde impera a falta de vegetação e o excesso de cimento e barreiras”, “nomeadamente barreiras sonoras esteticamente deploráveis, com materiais poluentes e de má qualidade”.

O texto finaliza com um apelo ao Estado para que “faça da Infraestruturas de Portugal uma empresa pública ambientalmente responsável” e aos municípios para que “não permitam que a Infraestruturas de Portugal continue este ecocídio.”

Ao Expresso, o primeiro subscritor da petição, Rui Mourão, dirigente do Movimento Muda de Árvore (MUDA), acrescenta que “todos os dias chegam relatos de abates desenfreados por todo o país”. Outro dos subscritores, Júlio Ricardo, usa a expressão “catástrofe ambiental” para designar o fenómeno que afeta também a sua zona, Rio Maior e avança uma possível causa: “há muito apetite por esta madeira e nunca se viram tantos madeireiros a concorrer à gestão de faixas de combustível, como agora”. Os madeireiros ouvidos pelo semanário confirmam que há “elevada procura de rolaria pelas centrais de biomassa” e que o negócio é “facilitado pela rapidez com que se efetua o abate”. “É cortar e carregar”, afirmam.

Também ouvidos pelo jornal, Tiago Oliveira, presidente da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Florestais, defende que “a gestão das faixas de combustível não é para abater árvores, apenas arbustos secos, ramos e resíduos” já que “o fogo começa junto ao solo, não nas copas das árvores”; e Joaquim Sande e Castro, da Universidade de Coimbra, corrobora que “as execuções das faixas de gestão de combustível não são eficazes no combate ao fogo, estando a destruir património arbóreo, genético e a capacidade de enfrentar pragas e doenças.”

 

Petição contra o abate massivo de árvores perpetrado pela Infraestruturas de Portugal

 

Inquérito

 

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