Juventude: conversa de muitos, prioridade de poucos
No passado dia 28 de fevereiro, foi apresentado em Lisboa um estudo inovador “Juventude(s): do local ao nacional – que intervenção?”.
Este estudo foi levado a cabo pelo Observatório Permanente da Juventude, do Instituto de Ciências Sociais e Humanas, no âmbito da criação do Plano Nacional para a Juventude.
Foi feito um levantamento exaustivo sobre as políticas e prioridades dos municípios relativamente à população jovem e contou com a participação de 251 dos 308 municípios.
Da análise dos dados recolhidos foram retiradas algumas conclusões:
– Apenas 22 autarquias em todo o país têm em vigor um Plano Municipal para a Juventude, ou seja, menos de 10%. Dos municípios que não possuem esse plano, 40% referem que tal acontece por “opção política”. Sejamos claros, para estes 40% a Juventude não é uma prioridade.
– Quase 60% dos municípios não possui um orçamento específico para a área da Juventude;
– Há mais de 30% de municípios sem Conselho Municipal de Juventude ativo, o que assume particular gravidade por se tratar de uma exigência da lei.
3 indicadores que escolhi partilhar convosco para que possamos refletir sobre eles.
Afinal de contas, são dados contraditórios com os discursos da maioria dos autarcas, para quem a juventude é uma prioridade – dizem eles!
Dizem-se preocupados com as oportunidades para os mais jovens, a dificuldade no acesso à habitação, a procura de trabalho.
Mas, na hora da verdade, não passam das palavras.
Ao menos em Tomar não temos ilusões, a Presidente da Câmara Municipal foi muito clara quando afirmou em Assembleia Municipal no final do ano passado que não acreditava em políticas específicas para a juventude.
Mas, a verdade é que os mais jovens se deparam com problemas reais e, quase sempre, com maior incidência no interior do país.
Problemas esses que têm condenado à desertificação os concelhos mais afastados do litoral e dos grandes centros urbanos.
Caminhamos inevitavelmente para um desequilíbrio estrutural e demográfico do nosso país, em vez de buscarmos a tão aclamada coesão territorial.
Tomar não foge à regra.
Não temos Plano Municipal para a Juventude.
Não temos um orçamento específico para a área da Juventude porque, como já vimos, a Presidente de Câmara considera que não deve haver políticas específicas para a Juventude.
Temos um Conselho Municipal de Juventude que carece da dinâmica e energia próprias dos mais jovens.
Estas opções da governação socialista revelam, mais uma vez, visão curta.
Tomar tem qualidade de vida. Da cultura ao desporto, todos os níveis de ensino, do associativismo à solidariedade social. Mas tudo isto não basta para assegurar a fixação dos mais jovens.
Porque temos então tanta dificuldade em agarrar o talento, a criatividade, a inovação e a capacidade empreendedora da juventude? Não o podemos continuar a ignorar!
Desde 2013, com a chegada do CENIT da SoftInsa/IBM, que evitou que dezenas de jovens saíssem de Tomar e permitiu a outros tantos regressar, pouco mais se fez para consolidar este caminho.
É preciso “arte e engenho” de quem governa o Município para não só captar mais investimentos que geram emprego qualificado como para gerar um ambiente amigo do empreendedorismo e transformar o talento dos mais jovens em mais-valias e valor.
Porque temos Escolas Secundárias, Escola Profissional, Centro de Formação Profissional e Instituto Politécnico, capazes de formar os melhores. A massa crítica que tanto precisamos para a nossa terra se desenvolver.
É por isso urgente uma verdadeira política pública de juventude em Tomar, capaz de dotar os mais novos das ferramentas necessárias para o seu crescimento e sucesso.
A começar pela dinamização do Conselho Municipal de Juventude, como verdadeiro meio de envolvimento e participação dos jovens nas decisões e ações que os afetam.
A elaboração de um Plano Municipal da Juventude, como ferramenta para a implementação de uma estratégia capaz de corresponder aos direitos, interesses e desafios dos jovens, estimulando um ecossistema dinâmico que ajude a posicionar Tomar como um concelho amigo da juventude.
A capacitação de youth workers, voluntários e líderes juvenis; a criação de uma plataforma digital para a juventude; a comunicação segmentada para os mais jovens; a criação de um observatório para a juventude; a realização de encontros e a criação de programas de estágios.
E tanto mais há a fazer. Haja criatividade, vontade e liderança para assumir a causa da juventude!
Tiago Carrão
Vice-Presidente do PSD de Tomar