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O Triunfo dos Porcos

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Nota prévia

O Triunfo dos porcos é um livro de George Orwell, publicado em 1945, do qual existe uma edição em português.

George Orwell é o nome literário de um cidadão inglês nascido na Índia, em 1903, na altura sob administração britânica.

Basicamente, o livro é uma longa metáfora, ou alegoria, que relata a revolta dos porcos de uma quinta, os quais acabam por tomar o poder, sob o lema “os porcos são todos iguais”. Só mais tarde, após a tomada do poder, se chega à conclusão que, afinal, “os porcos são todos iguais, mas há uns mais iguais que outros”. Como infelizmente acontece em todas as sociedades humanas democráticas que existem actualmente.

 

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Sempre na vanguarda do progresso em tudo o que respeita a problemas políticos, Tomar aparece mais uma vez a liderar. Quando em França, na Alemanha, na Inglaterra, e por aí adiante, são cada vez mais os casos de separatismo interno, de “comunitarismo”, em que uma parte da população se recusa a cumprir as leis da Coroa, ou da República, Portugal aparece como um paraíso de convivência social, excepto nalguns aglomerados populacionais dos arrabaldes de Lisboa e Porto, sobretudo.

Ou melhor, aparecia, porque agora surgiu o insólito inesperado. Em Tomar, em plena área urbana da parte antiga, uma família cigana cria suínos de estirpe vietnamita, que pastam em liberdade, sem qualquer suporte legal. E nada lhe acontece. A Câmara municipal faz de conta que nada sabe, apesar de repetidas chamadas de atenção, com fotos e vídeos.

Temos assim, ao que julgo pela primeira vez de forma tão objectiva, uma evidente fractura social, com duas comunidades distintas na urbe nabantina. De um lado a população tradicional, cujos cidadãos praticamente nada podem fazer sem o indispensável consentimento camarário, o antigo alvará. Quando, por exemplo, para arredondar os fins de mês, algumas pessoas começaram a alugar alojamentos a turistas via internet, caiu-lhes logo a autoridade camarária em cima: autorização prévia, requisitos mínimos, identificação à porta, pagamento de impostos e taxas.

Pelo contrário, do outro lado, a comunidade cigana do Flecheiro nunca esteve, nem está sujeita às normas de Lisboa, nem às municipais. Uma família resolve, por exemplo, criar porcos ao ar livre, junto às suas barracas, e logo ao lado de prédios de habitação, sem que alguém lhes faça ver que é ilegal e muito perigoso em termos de saúde pública (peste suína, por exemplo). A que se deve semelhante tolerância camarária? A uma tentativa condenável (mais uma) para captar os votos da comunidade?

Seja como for, temos em Tomar, em 2021, quando nada o fazia prever, a nova edição do Triunfo dos porcos. Desta vez bem real, e não simples ficção. Tal como na versão original, torna-se claro que “os porcos são todos iguais, mas há uns mais iguais que outros”.

Tanto em sentido próprio, como em sentido figurado.

Ao que isto chegou!

                                            António Rebelo

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9 comentários

  1. O melhor é relatar a situação ao sepna. Dar a cara e apresentar queixa, mas o veterinário municipal tem tbm que agir. Mas como sabemos…está tudo comprado. O melhor é tornar essa realidade do conhecimento geral, dando amplitude nacional e envergonhar a passividade/interesse eleitoral da câmara municipal de Tomar. Quero ver se mesmo a nível europeu os turistas tem interesse em visitar uma cidade que no fundo representa um perigo para eles, pq no fundo representa um perigo para a sociedade, vejamos as notícias e detenções feitas recentemente. Talvez aí quando a CMT começar a resentir no bolso pense duas vezes.

  2. Coragem
    Eficiência
    Frontalidade
    Transparência
    Tratamento igual dos cidadãos.
    A ação da câmara municipal, e de quem a
    administra, tem estas características.
    Só nos podemos orgulhar de tão exemplar ação, e câmara.
    Assim, sim.

  3. Este brasileiro percebe da coisa. Até nos está a dar uma lição de história da literatura moderna. Assim, sim!!! Isto é que é cultura. Pessoalmente prefiro as moscas do William Golding.

  4. Essa Erica deve ser cigana. Cruzes canhoto…
    Gostei do texto. Já estou a ver que pôr o lixo na porta da Anabela Freitas, a presidentinha, não chega…. é começar a colocar porcos, no carro novo. Aí já não são todos iguais.

    1. Por favor, pela sua rica saúde, por tudo o que lhe é querido, nem pense em colocar mais porcos nos carros da autarquia. No da presidente e nos dos outros.
      Já basta o que basta!

  5. Tão esperto, tão esperto, e não sabe que não os apartamentos não se alugam, arrendam-se. O que se aluga são os bens móveis… Alguma humildade, pouco habitual nos seus textos, não lhe faria mal

  6. Sou forçado a começar por agradecer a sua óbvia boa educação. Topa-se logo que o seu estilo é mais virado para o rústico encorpado. Tipo caipira.
    Admito de bom grado não ser tão esperto como o sr. Que quer, nem todos podemos ser tão inteligentes. E a inteligência ou se tem ou não. Não há hipótese de comprar.
    Indo agora ao essencial. Presumo que o sr, será, sem disso se dar conta, mais uma vítima do ensino “sebenteiro” que continua a ser ministrado em muitos estabelecimento de ensino superior em Portugal. Digo isto porque a sua observação baseia-se no disposto no artº 1023 do Código civil, que distingue coisa imóvel (arrendamento) de coisa móvel (aluguer). E sendo ex-aluno sebenteiro, partiu do princípio que se está no código, tem de ser assim mesmo. O habitual casmurrismo português.
    Se fizer o favor de clicar neste link, por exemplo,
    https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/alugar-dif-de-arrendar/12210
    concluirá que afinal “Alugar ou arrendar são sinónimos no que se refere a dar alguma coisa de renda ou aluguer”. Sabe certamente o que são sinónimos, portanto…
    Para concluir, como escrevi sobre aluguer de apartamentos para turistas, esclareça-me por favor:
    O sr. quando vai a um hotel e fica uma ou duas noites, aluga o quarto ? Ou arrenda o quarto? O quarto é um móvel? Ou um imóvel?
    Procure moderar-se se puder. Iniciar um comentário insultando o autor comentado, não lembra ao diabo. Mas lembrou-lhe a si.
    Por mim está perdoado. Não somos o que queremos. Somos só o que podemos.

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