Opinião

O caso da eventual candidatura do Rio Tejo a Património Mundial

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Tejo e Tabuleiros a Património Mundial?

 

Excelente oradora, e com boa presença, a presidente da câmara de Tomar, e da CIMT, e da Tejo Ambiente, costuma falhar estrondosamente nas suas opções práticas. É pena, para quem preside um executivo municipal, mas é assim. Dois exemplos, entre muitos outros:

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A – A vinda a Tomar de investidores israelitas e americanos, anunciada na sequência de uma viagem a Israel, há vários anos, não aconteceu até agora.

B – As obras camarárias mais recentes, anunciadas como de requalificação da cidade, e muito dispendiosas, afinal não se recomendam. Nem pela beleza. Nem pela utilidade. Nem pela pontualidade. Nem pela qualidade. Pouca sorte a da srª presidente? Ou simples falta de adequada preparação prévia, e pouca sorte dos tomarenses?

Quiçá encarando já uma eventual derrota nas próximas autárquicas, porque incapaz de alterar o contexto sombrio bem visível a nível local, a autarca nabantina resolveu agora lançar uma nova e grandiosa empresa. Julga ela. Com a forçada colaboração dos media que controla, mediante avultados subsídios e outros recursos públicos, vá de anunciar que a CIMT, a que também preside, está a pensar na candidatura do Tejo a Património da Humanidade da UNESCO. Isso mesmo. Candidatura do Tejo a Património mundial. A fuga para a frente. A seguir vai o Nabão?

A surpresa foi de tal monta na região, que até o presidente de Abrantes, cidade e concelho banhados pelo Tejo, apanhado de surpresa, mas do mesmo partido da senhora presidente, se viu forçado a saltar para o barco em andamento. Disse estar pronto a liderar o processo de candidatura. O mínimo aceitável para não ofender os abrantinos. E já depois disso, segundo O Mirante, também Santarém saltou para o barco, naturalmente com a mesma intenção de liderar. A coisa promete, pois estamos em ano de promessas, porque de eleições locais.

Sucede que, apesar do manifesto empenho da presidente nabantina, e da adesão por arrasto dos autarcas abrantino e escalabitano, ou estou redondamente enganado, ou o Tejo enquanto tal não é sequer candidatável. ao reconhecimento pela UNESCO.

Património da Humanidade, ou Património Mundial, designações honoríficas adoptadas pela agência cultural da ONU, referem-se a bens criados, ou pelo menos modelados, pela acção humana. É o caso, por exemplo, da paisagem do vale do Douro, das margens do Nilo, dos arrozais do Vietnam, ou dos moais da Ilha da Páscoa.

Mas não é de todo a situação do Tejo, ou de qualquer outro rio, a começar pelo Amazonas. São cursos de água em que apenas o leito e as margens podem ou não ter sido mais ou menos modeladas pela acção humana. No caso do Tejo português, talvez só a lezíria, Almourol, ou Amieira do Tejo. Nunca todo o curso português do rio, de resto já Património da Humanidade no troço que circunda Toledo – Espanha.

Temos assim duas situações possíveis, uma muito mais provável que a outra: Ou a UNESCO rejeita de facto a candidatura, deixando-a a marinar durante anos e anos, para depois alegar que a mesma não se enquadra no regulamento respectivo, além do mais porque Portugal pesa pouco em termos políticos, a nível europeu, e os grandes empresários agrícolas espanhóis, que usam a água das barragens do Tejo, não andam a dormir. Ou resolve, apesar de tudo, aprovar a candidatura, procurando evitar posteriores dissabores que sempre há.

Caso decida aprovar, deverá depois, consoante a data de novas candidaturas, ir declarando sucessivamente Património da Humanidade todos os rios e ribeiros, que são bem numerosos no planeta. Porque nestas coisas da ONU, dá muito nas vistas quando há segregação. Somos a Humanidade. E esta não é composta por filhos e enteados, embora às vezes pareça.

                                                                 António Rebelo

 

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5 comentários

    1. Já estão na calha. Estou aguardando os resultados das presidenciais, nas quais não poderei votar. Para ir a Tomar de propósito, ficava-me por algumas centenas de euros. Demasiado para votar numa eleição, cujo vencedor é conhecido antes mesmo de abrirem as urnas. Para votar aqui em Fortaleza, uma vez que o consulado de Portugal ainda nem sequer respondeu a um mail meu de há três anos, calculo que para votar, só lá para o final do próximo mandato. Com alguma sorte.

      1. Eh pá, não se demore porque quando voltar já não reconhece Tomar, he pá com os projetos todos nacionais e internacionais a grande velocidade….Eh pá nem sei se não vai a responsável máxima da cidade tão atarefada que anda…

        1. Eh pá!, é capaz de estar cheio de razão, porém que hei-de eu fazer, pá!? Acostumado que estou a partir de factos reais para elaborar hipóteses plausíveis, eh pá! agora custa-me a fazer o oposto. Além disso, eh pá!, parece-me que partir de hipóteses, sobretudo quando épicas e falaciosas, para gerar factos reais, é praticamente tempo perdido pá!. Embora possa parecer o contrário à primeira vista pá!.
          Eh pá!, o camarada repare por exemplo neste título de uma notícia local: “TOMAR – Portugal, pelas mãos do concelho nabantino, preside à Templars European Federation”. Eh pá! Parece-me a nova viagem do Gama, do Cabral, ou do Magalhães pá! desta feita louvada em tom de epopeia por um novo Luís Vaz ainda com as duas vistas, e no entanto cego pá!

        2. Eh pá! Não vá dar-se o caso de o camarada perder uma coisa tão importante, pá! Aqui vai o link da mencionada notícia, pá! Com a minha opinião segundo a qual, eh pá! o jornalista de serviço não terá sido decerto o autor de semelhante prosa épica, pá!
          https://radiohertz.pt/tomar-portugal-pelas-maos-do-concelho-nabantino-preside-a-templars-route-european-federation-c-video/
          Esta gente denota estar mesmo convencida de que a sua atuação camarária é uma verdadeira epopeia contemporânea, na qual eles são os heróis pá!

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