Do “doutor” Lopo Dias de Sousa à “doutora” Ângela Tamagnini
Há uns anos, alguém se enganou a fazer a placa toponímica da rua D. Lopo Dias de Sousa (sétimo e último mestre religioso, canónico, da Ordem de Cristo) e escreveu rua Dr. Lopo Dias de Sousa como se esta figura da história de Tomar que viveu entre 1359 e 1417 tivesse alguma formação académica. O erro acabou por ser corrigido.
A semana passada, o vice-presidente da câmara de Tomar, Hugo Cristóvão, assinou um edital onde, a propósito da passagem do cortejo dos tabuleiros, identifica a rua “doutora” Ângela Tamagnini. Esta ilustre senhora, descendente dos condes de Livorno (Itália), e cujo pai está sepultado em campa identificada e brasonada na igreja de Santa Maria, tocava piano e falava francês, como qualquer nobre do seu tempo, mas não era licenciada. Como é óbvio, a designação correta da rua é D. Ângela Tamagnini, em homenagem a esta mulher que teve um papel importante em Tomar durante as invasões francesas.
Outro erro frequente nas referências camarárias à toponímia local é a denominação da rua “Manuel de Matos”. A toponímia correta é rua Manoel de Mattos, nome verdadeiro do benemérito que no séc. XX contribuiu para obras como o hospital de Tomar e financiou a filarmónica de Paialvo, a qual continua a ostentar o seu nome.
À câmara, como instituição representativa do património e da história de Tomar, através dos seus eleitos, exige-se menos displicência e mais respeito pelos valores desta terra.
José Gaio