Opinião

Despropositado, extravagante e chocante

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“A Câmara de Tomar vai mesmo avançar para a instalação de lonas e de nebulizadores no chamado centro histórico – em especial na Praça da República – uma forma de combater as elevadas temperaturas que ali se fazem sentir durante o Verão. O processo está, nesta altura, em “stand-by” devido à fase de pandemia em que nos encontramos, mas há já candidatura aprovada para que o Município possa avançar. ” 

Site da Rádio Hertz, 26/05/2020

Uma pessoa lê, relê e tem dificuldade em acreditar. Numa pobre cidade mal governada do interior, que se despovoa a olhos vistos, com uma série de carências de vária ordem, continua o rol de erros intencionais da autarquia.

Nas recentes obras de Palhavã, não procederam ao indispensável alargamento da via, num troço de sentido único, devido à insuficiente largura da faixa de rodagem. Assim estava, assim continua.

Nas obras da Av. Nun’Álvares, não fazem a indispensável rotunda no cruzamento Nun’Álvares/Torres Pinheiro/Combatentes/Flecheiro.

Nas obras da Várzea grande, recusaram fazer o estacionamento subterrâneo, apesar de suprimirem centenas de lugares à superfície.

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Três casos concretos em que a maioria PS recusou fazer o essencial. Preferiu o supérfluo, o ornamental. Dá mais nas vistas.

Agora, no centro histórico, repete a dose. Junto aos Paços do Concelho, vai acontecer o inimaginável, para quem ainda tenha um pouco de bom senso. A autarquia manda instalar lonas protetoras e aspersores de água, para tentar reduzir a temperatura ambiente durante o Verão.

É uma iniciativa despropositada, extravagante e chocante. Antes de mais porque, mesmo ao lado, no setor da Rua Nova e seguintes, vivem pessoas que pagam a taxa de tratamento de esgotos, quando estes não são tratados, pois apenas existe o velho coletor medieval único. Mais grave, esses mesmos habitantes consomem água, agora fornecida pela Tejo ambiente, sucessora dos falecidos SMAS, que lhes chega a casa por canalizações de amianto, há muito proibidas na Europa por serem provadamente cancerígenas. O que obriga a despesa suplementar com a compra de água para beber e para cozinhar.

Vamos ter assim, numa cidade cada vez mais cidadezinha, mal dirigida por uma senhora que aparentemente se preocupa muito com a saúde dos habitantes, mas só no caso do covid-19, dois conjuntos que se tocam mas se ignoram.

De um lado, o mundo dos turistas, dos instalados à roda da gamela, e da burguesia ascendente, com artérias e praças protegidas da canícula, graças à instalação de lonas protetoras, e arrefecidas via aspersores de água. Do outro lado, os indígenas que têm o azar de não ser turistas, nem habitarem na zona chique, nem integrarem o microcosmo dos gameleiros e outros burgueses feitos à pressa e por isso sem princípios.

Em Espanha, em França, em Itália, na Grécia e por aí adiante, as autarquias cuidam do essencial (saneamento, arruamentos, estacionamento, alojamento) e os privados tratam do resto. São os empresários que pagam e instalam os equipamentos para reduzir a canícula no verão (ar condicionado em zonas fechadas, aspersores no exterior). Até na República do Montenegro, por exemplo, apesar de décadas de regime soviético.

Em Tomar é o que está à vista. Mas se alguém acusar a atual maioria de ter, no mínimo, uma evidente tendência totalitária; de não saber distinguir prioridades, de confundir opções pessoais com decisões debatidas, será logo acusado de má língua e ataque pessoal à senhora.

Segundo a letra de um fado tradicional, “O amor é louco/Não façam pouco desta loucura…” Certas obras camarárias levam-me a ponderar se será só o amor que é louco.

                                  Margarida Magalhães

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24 comentários

  1. Velhos do Restelo ressabiados politicamente que nunca fizeram nada quando a sua cor estava no poleiro , pelos vistos a cidade tem para dar e vender prosapia .

    1. Verdade amigo Samuel Pires, são mesmo uns VELHOS DO RESTELO, tudo o que é feito é para deitar a baixo, esta margarida magalhães, deve de ser uma paraquedista, que quer protagonismo, ou se quer dar a conhecer, mas não vai conseguir, porque é muito fraquinha na análise e sem conhecimento no que está a dizer, mas enfim.

      1. De regresso às lides, concidadão Pompeu? Após alguma maleita?
        Está enganado Pompeu. A Margarida não é paraquedista, já vive em Tomar há mais anos que você. Também não quer protagonismo, nem dar-se a conhecer. Se quisesse, bastava uma página no Face.
        O que a Margarida quer resume-se numa frase: Alertar os tomarenses e criticar a autarquia, tentando assim conseguir que os eleitos comecem a ter vergonha na cara.
        É extremamente difícil, bem sei. Tanto os cidadãos como os autarcas, que são afinal a mesma gente, são surdos e mudos quando lhes convém. Mas se não se tentar, então é que de certeza nunca mais conseguimos.
        Quanto a ser “muito fraquinha na análise e sem conhecimento no que (estou) a dizer”, é a sua opinião, que respeito. Cabe aos leitores decidir quem tem razão.

    2. Azar o seu, sr. Samuel Pires, decerto um belo nome suposto, de alguém integrado no império dos sentados e alapado à roda da gamela municipal.
      Azar o seu, porque a autora do texto é socialista e até votou PS em 2017. Não voltará a acontecer, mas foi assim. Mea culpa, mea culpa.
      Não se trata portanto de “Velhos do Restelo ressabiados”, uma oca frase feita, que você achou bonita e resolveu usar. Se calhar até ignora a origem da expressão, e o seu campo semântico, que a leitura da obra camoniana não está ao alcance de todos.
      Já agora um conselho: Quando puder, reveja o seu compêndio de redação, se o tem. O seu troço textual a seguir à vírgula ficaria bem mais legível, e em conformidade com o português que se usa em Portugal, trocando a sequência vocabular. Assim: “Pelos vistos, a cidade tem prosápia para dar e vender.” Sujeito, predicado, complemento.
      Já se esqueceu? Nunca lhe ensinaram capazmente? O português não é a sua língua do berço?
      Resta o problema da “cidade tem prosápia”. Que quer você dizer, sabido como é que as cidades não falam nem têm atitudes, como entidades inanimadas que são?
      Conclusão: Melhor fora que o Samuel ficara calado.

  2. As verdades, quando não são convenientes, muito doem a quem se sente comprometido, com ou sem gamela.
    Há tanto, tanto que necessita ser feito em Tomar.
    E até é simples de sumariar: é necessario fazer tudo o que seja necessario para estancar a fuga da população, e para a rejuvenescer. Simples.
    E, nesse capitulo, que nos dizem os senhores Pompeu e Pires? E, principalmente, a Câmara e a sua Presidenta?
    Mandam instalar nebulizadores em poucas ruas da cidade. Mas pagos por todos os habitantes do concelho, com ou sem sobras dos dinheiros de Bruxelas.

    1. O sr. Pompeu parece ser uma pessoa honesta e simpática, apenas com o inconveniente de não compreender o microcosmo social no qual vive (se assim se pode dizer), o que o impede de entender que anda a ser enganado.
      Posso no entanto garantir que nunca o vi enfiar o barrete. Durante a Festa do tabuleiros também faz parte do acompanhamento, mas sempre com o barrete no ombro esquerdo, como manda o regulamento.
      Já o sr. Samuel, valha-nos nossa senhora da Agrela, que não há santa como ela. Tirando as frases feitas, demonstra não saber dizer mais nada. É triste, mas é a realidade.
      Aqui fica o meu lamento.

  3. Tal venha a acontecer isto “…manda instalar lonas protetoras e aspersores de água…”, a zona Velha da Cidade irá ser comparada a um Circo instalado num Feudo Medieval.

    Possivelmente deve ser por causa de algumas Pessoas andarem cheias de calor (porventura derivado á idade), ou para acabarem de vez com as dejecções dos pombos nas cabeças de alguns.

    1. A dos calores da idade está muito bem achada. E a das dejecções dos pombos também.
      A julgar pelos resultados nalgumas cabeças dos srs. eleitos, é caso para dizer que os pombos fartam-se de defecar na cabeça das pessoas. Porque é realmente muito esterco junto.

  4. Saúdo o seu regresso, menina Margarida, flor que também significa “pérola” – e flor das donzelas. A cor de vossemecê é branca ou amarela? “Bem-me-quer, mal-me-quer”. Que transe!

    1. Como vai a sua saúde, sr. Cantoneiro?
      Não tenho o prazer de o conhecer pessoalmente, faço a pergunta acima apenas porque notei a sua longa ausência nestes comentários.
      Escreva. Comente quanto mais melhor. Pela minha experiência, posso garantir-lhe que, mesmo sem resultados práticos, pois continua sempre tudo na mesma, quando não pior, pelo menos alivia a alma e exercita os neurónios que ainda se vão mantendo operacionais.
      Cuidado com os virus! O da inação é dos mais perigosos. Em conjunto com o da acomodação, também conhecido como virus do “está tudo bem”.

      1. Vou bem, menina. Obrigado. Uns problemas com a vista, passei a usar óculos; mas, quando necessário, combino as cores muito bem. Gostava de a conhecer, embora eu seja homem já de uma certa idade.

        1. Pois. Nota-se que, tendo passado a usar óculos, mesmo assim continua a ver mal. Digo isto porque o senhor não leu bem a minha 1ª resposta ao senhor Pompeu: “já vivo em Tomar há mais anos que você”. Ora, sendo o cidadão Pompeu pelo menos cinquentão, está-se mesmo a ver que já passou o tempo em que eu era “menina”. Mas se calhar não conhece o cidadão Pompeu.
          Em todo o caso, agradeço-lhe a gentileza.
          Gostava de me conhecer, embora seja um homem já de uma certa idade? Pois pode vir a acontecer e estou certa que nessa altura vai ter uma surpresa, não sei se agradável ou nem tanto.
          Uma vez que combina as cores muito bem, quando necessário, saberá decerto aguardar até lá mais para verão para eventualmente nos encontrarmos. Pode ser?

    2. Omiti involuntariamente, no outro comentário, a resposta à sua pertinente pergunta “a cor de vossemeçê é branca ou amarela”. Tem dias senhor. E depende do ambiente. No caso das flores que ornam o executivo municipal tomarês, V.Exa. acha que:
      1- Uns são brancos e outros amarelos?
      2 – São todos brancos?
      3 – São todos amrelos?
      4 – Depende das épocas?
      5 – Depende dos assuntos em debate (quando o há, o que é raro)?

  5. Afinal, qual a posição dos vereadores PSD sobre esta bizarra questão das lonas e dos aspersores? E sobre as obras da avenida Nun’Álvares? E sobre as obras da Várzea grande? Votaram a favor? Contra? Abstiveram-se?
    O assunto das lonas e aspersores ainda não foi à votação?
    Nesse caso, quando for discutido, qual vai ser o voto do PSD?
    Mesmo sendo oficialmente “a oposição”, o trio laranja pode passar todo o mandato naquela atitude característica de procurar sempre passar pelos intervalos da chuva, sem se molhar. É uma posição política como outra qualquer. Pode é não render muitos votos no final do mandato, que é já no próximo ano.

  6. Esta cidade precisa realmente de gente que se indigne e que fale. Tomar é uma cidade com tanto potencial que é uma tristeza ser governada por gente tão incapaz.
    F. Mendes

    1. Já não peço tanto tanto, senhor Mendes.
      Se os tomarenses resolvessem finalmente começar a criticar publicamente, mesmo sem se indignarem, e a irem votar, já me dava por contente. Infelizmente é o que se vê.
      Parece que estão à espera de milagres, que tragam empregos produtivos.
      Como Fátima é aqui tão perto, nem reparam que, mesmo à sombra da basílica e das azinheiras, os fatimenses trabalham duro, para realizar valor acrescentado, mais valia, riqueza. Sem gente assim, o país não pode crescer.
      Basta olhar com atenção para Tomar, uma desgraçada terra que vive quase exclusivamente do orçamento de Estado (professores, politécnico, militares, finanças, câmara, tribunal, hospital, polícia, gnr, aposentados da função pública…) e nem sabe o que seja criar valor. O que não admira pois os próprios autarcas são funcionários públicos.

  7. É realmente de lamentar a inexistência da opinião do PSD sobre os problemas e polémicas que enfrentam os tomarenses. Por incapacidade, por incompetência, sabemos lá por quê. Obras a mais para fiscalizar, talvez. Tacanhez, eventualmente. Ou alguma estratégia sublime para conquistar a Câmara à sombra do silêncio.
    Pena é que o PSD local não exista, salvo nuns enfadonhos artigos de opinião de um vice presidente carreirista ainda à procura do seu tempo, ou de um vereador a pensar que desta é que é. A reunir apoios e votos como manta de farrapos, sonhando que o tempo volta para trás.
    Oposição digna dessa designação, nada. Pobre gente e pobre cidade.

    1. Votar em listas partidárias feitas a martelo e sem qualquer programa estruturado, só pode dar maus resultados. Exactamente o que está a dar. Unanimidade na mediocridade.
      Resta aguardar melhores dias. E sobretudo outras gentes. Com outras ideias e outras capacidades.

    1. E dai, madama Samora?! A ser verdade aquilo que escreve, o gajo, (que em dialecto calé é sinónimo de homem), é o diabo ? Não é tomarense de nascimento, criação e antepassados?
      E vocemecê, triste alfacinha exilada por força das circunstâncias, está cá a fazer o quê? Peso ao chão? A incomodar os tomarenses de berço? A provocar a subida dos preços das bebidas alcoólicas?

    2. Vomecê realmente é uma preciosidade, numa cidadezita já de si preciosa., srª dª Samora.
      Se, por mera hipótese de trabalho, considerarmos que Margarida Magalhães “é o gajo”, (para usar o seu português de tasca), o que se altera? A crónica supra passa a não ter validade? A iniciativa da autarquia passa a ser muito oportuna? Os comentários anteriores passam a ser textos diabólicos?
      E que tal deixar-se de racismos encapotados? De tentativas de exclusão étnica? De preconceitos alfacistas?

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