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2022 – Mesma encenação, a mesma incapacidade

A opinião de António Lourenço dos Santos*

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É sabido que estamos em rota de declínio, sinalizada pela redução do Emprego, pela quebra de Rendimentos, ou pelo êxodo e envelhecimento da População. Tomar está a perder juventude, e vê definhar a sua atração.

Para contrariar esse estado de coisas, são imprescindíveis políticas públicas que estimulem desenvolvimento, que favoreçam a revitalização da economia e que incentivem o rejuvenescimento da população. As Grandes Opções do Plano-GOP (e o Orçamento), desde que proponham soluções que não sejam equívocos, têm importância para o sucesso dessas políticas: fixam orientações para o desenvolvimento, e programam intervenções a elas adequadas.

Era o que se esperava na apresentação e no debate das GOP na Assembleia Municipal. Era também ocasião para conhecermos o sentido de responsabilidade dos deputados municipais – porque o Futuro não tem voz para se fazer ouvir.

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Apresentação, não houve. Do debate, nada se ficou a saber da posição do maior Grupo na Assembleia, porque manteve prudente silêncio. Do eventual acerto dos entendimentos da Presidente da Câmara Municipal, persistem enigmas.

 

GOP de intenções, Orçamento de eventos  

Para promover o Desenvolvimento Económico, a senhora Presidente apresenta propósitos acertados. Ao escrever que “a perda de população se combate com empregos… principalmente no setor privado”, e que “são as empresas os principais agentes da economia a gerar riqueza e a captar jovens qualificados…”, recolhe o nosso aplauso incondicional.

Mas, houve uma dificuldade – a de a Assembleia ter sido confrontada com um Plano com fantasias, porque aqueles e outros propósitos não encontram no Orçamento, nem instrumentos, nem ações dirigidas. Nessa medida, estas GOP até parecem ser apenas uma máscara para o Orçamento.

Tomar perdeu na última década 4 mil habitantes; o valor das vendas da “empresa média” de Tomar é 1/3 do seu homólogo em Portugal…

Onde estão, e quais são, as ideias condutoras da Câmara, para corrigir este estado de coisas?

Qual a estratégia para atrair investimentos e para gerar riqueza?

Com que lógicas e com que ações se acolhem empresas, para criar empregos?

Nas GOP, não há referências e no Orçamento não há respostas. Este foi destinado a realizar eventos e a pagar a respetiva propaganda, e a pagar obras. Não engana ninguém, pois foi apresentado e votado. É o que é. Podemos é ter sido defraudados por quem votou a favor de um documento tão medíocre.

 

Presidente a improvisar

Estas GOP e o seu Orçamento não têm credibilidade, e o seu debate aparentou ser uma farsa mal ensaiada.

Se não fosse assim, teria sido fácil à senhora Presidente da Câmara dar respostas coerentes e realistas às questões, legitimas, que lhe foram dirigidas por representantes, legítimos, dos eleitores. A sua oratória não teria sido apenas magistral, mas teria sido também efetiva.

Ainda assim, na sua resposta, ecuménica e muito apressada, a senhora Presidente inovou, e apresentou 2 tópicos para esclarecer e resolver os problemas do Concelho, a) – a falta de habitação, que considerou, se bem se fez entender, como obstáculo maior ao “desenvolvimento” em Tomar, e b) – a política de habitação que quer executar, que considerou determinante da resolução dos problemas que impedem esse desenvolvimento.

Mas essa política de habitação, que parece assim milagreira, apenas serviu de refúgio para improvisar a resposta. Não é, nem poderá ser, recurso determinante para tão grandes feitos, nomeadamente para resolver as questões do Desenvolvimento, da Demografia, do Investimento e das Empresas, da Juventude, e por aí fora…como pretende a senhora Presidente da Câmara, que até catalogou a política como “integrada”. Escutámos também com interesse a sua menção à “comparticipação em rendas”, que foi anunciada como um dos eixos da tal política milagreira. Logo que tudo esta esteja em execução (quando?), constataremos com muito agrado os investimentos, e os empregos, que vão fluir para o Concelho de Tomar…

As “apostas” da senhora Presidente da Câmara, na captação de empresas, e no turismo, só lhe mereceram uma citação passageira. É causa de espanto, e de preocupação, que outros temas, tão importantes, e decisivos para promover o “desenvolvimento económico” local, nem sequer uma citação mereceram. Referimo-nos às possibilidades de valorização dos nossos ativos específicos, à especialização inteligente da economia regional, à criação de “clusters” de indústria, à integração de atividades económicas em cadeias de valor, ou à internacionalização da economia local. São temas que estão ausentes das GOP, e das “apostas” da senhora Presidente, e não se entende porquê!

 

Oportunidade Perdida, Geringonça aparecida

Para 2022, o legado que fica para o “Desenvolvimento Económico” consiste, no essencial, na propaganda e promoção de eventos (que é a segunda maior rubrica deste capitulo do Orçamento), na contratação de obras e de estudos, em ordenar transferências orçamentais intermunicipais, e em pagar quotas!!!

Visão, e Capacidade, para pensar com amplitude bastante o desenvolvimento do Concelho, não se vislumbram.

De políticas, ações ou medidas para atrair investimento e criar emprego, pouco ou nada se sabe (salvo a, apenas simbólica, isenção de derrama).

É mais uma oportunidade perdida. Quando o Concelho carece da implantação de meios de criação de valor e de riqueza, a prioridade deste executivo socialista é gastar dinheiro em iniciativas de utilidade muito questionável, ou improdutivas. No lugar que deveria ser de soluções, põe diversões….

Ganhar hoje votos em eleições e ignorar as próximas gerações. É o contributo da geringonça concelhia, que surgiu na votação. A crer pela situação no plano nacional, não arriscamos a celebrar…

António Lourenço dos Santos

*Deputado Municipal eleito pelo PSD

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3 comentários

  1. Os autarcas tomarenses bem podiam ir estagiar para Ourém , é bem pertinho podiam levar a lancheira com o almoço e vir dormir a Tomar !
    Ou ir até Braga ou um mais acima La Coruna ou Salamanca ou ainda Sevilha , porque não experimentar 15 dias pagos pela autarquia !

  2. O seu violino toca a mesma melodia ou uma melodia de pior qualidade.
    Sr.Antônio, a questão que se coloca hoje em dia é muito simples; as pessoas votam no menos mau e em Tomar a maioria dos votantes ainda não esqueceram o “desastre” da governação Paiva…

  3. Há um convencimento maioritário em Tomar que o futuro económico da cidade assenta no turismo e, ao mesmo tempo, as indústrias dispensáveis. Essa foi a ideia cimentada e cultivada pelos autarcas PSD, Paiva e sucessores, ao longo dos seus quase 13 anos de mandato.

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