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Já caiu mais um bocado da cobertura do Convento de Santa Iria em Tomar. Da rua são bens visíveis vários buracos de grandes dimensões no telhado.
Com a chuva a infiltrar-se agrava-se a estabilidade do edifício e aumentam os sinais de degradação e os riscos de colapso.
O imóvel é propriedade da Câmara e estava em fase de venda para instalação de uma unidade hoteleira, processo que foi interrompido devido à pandemia.
Em setembro de 2019 estava assim:
Convento de Santa Iria em risco de colapso
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Processo de venda interrompido devido à pandemia?
Logo veremos se assim é de facto. Porém, vários indícios apontam noutro sentido. A informação que corre é outra: Assustados com a pouca ou nenhuma transparência da autarquia e com a sua monumental burocracia, os investidores da cadeia Vila Galé foram-se, em busca de melhores oportunidades, e tão cedo não voltam.
E, se entretanto tiveram conhecimento do lamentável processo de recuperação da Estalagem de Santa Iria, ainda em curso, em que uma divisão camarária, a DGT, contestou tardiamente o concurso público liderado por outra divisão da autarquia, então é que nunca mais voltam mesmo.
Porque não há memória -pelo menos em Tomar no Ribatejo- que funcionários superiores de uma autarquia procurem anular o trabalho de outros funcionários superiores da mesma autarquia, servindo-se para o efeito de documentos burocráticos, feitos à revelia da população, e na prática já caducados.
Tudo isto perante o silêncio cúmplice dos membros do executivo e da Assembleia Municipal, quando se impunha um rigoroso inquérito e eventuais sanções administrativas, se fosse caso disso, como parece ser.
Com gente assim…
Será isso mais o facto de já haver muito mais camas para turista dormir do que turistas, propriamente dito. E já seria assim mesmo antes da pandemia! Que os tomarenses acreditem que o futuro da cidade é o turismo, é uma fé. Que julguem que há quem continue a investir em Tomar em hoteis e restaurantes é outra. Mesmo que esse investimento seja dinheiro da “europa” ou fundos do Estado português, isto é, dos contribuintes.
Concordo consigo. Para os tomarenses, tudo é uma questão de fé. Limitam-se a rezar, na esperança que Deus faça o resto. Esquecem-se do multi-secular preceito “Ajuda-te e Deus te ajudará”.
Por estamos assim. Ao Deus dará. Desde há muito tempo.
Concordo consigo. Para os tomarenses, tudo é uma questão de fé. Limitam-se a rezar, na esperança que Deus faça o resto. Esquecem-se do multi-secular preceito “Ajuda-te e Deus te ajudará”.
Por isso estamos assim. Ao Deus dará. Desde há muito tempo.
Nem é bem uma fé. É mais um autoconvencimento que os tomarenses têm, uma auto-justificação, uma ilusãozinha em que misturam e confundem o que acham que gostam da sua terrinha com o que ela efectivamente vale.
Se tiverem dúvidas, pensem assim: pernoitar uma noite que seja em Tomar, para quê? Para ver ou fazer o quê? Ver a janela do capítulo é coisa que se consegue, com mais facilidade sem descer à cidade.
Há uns anos, num debate público havido na “casa das ratas” aquando da campanha eleitoral do Bruno (das pouquissimas vezes que me lembro de haver debate público sobre assuntos colectivos e/ou culturais em Tomar), conversava-se então sobre esse tal “convento de Santa Iria”. E a questão era, precisamente o destino dessas ruínas. A minha intervenção na altura foi de uma pequena correcção e uma ironia. No futuro, achava eu então, a questão e decisão seria não sobre o destino a dar às ruínas do edifício, mas ao sítio onde ele havia estado.
Parece que se confirma.