A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária publicou há poucos dias a lista dos pontos negros das estradas portuguesas, ou seja, os troços mais perigosos, onde se registam mais acidentes e mais graves.
E no distrito de Santarém surgem várias estradas nesta lista negra. Por exemplo, a A1 tem 10 locais de concentração de acidentes mortais distribuídos pelos distritos do Porto, Aveiro, Santarém e Lisboa, numa extensão acumulada de 22 quilómetros e onde também 31 pessoas perderam a vida no período entre janeiro de 2018 e abril de 2023. Entre esses locais estão troços nos concelhos de Santarém e Alcanena
Mas é o IC2, que atravessa os distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém (Rio Maior) e Lisboa, a estrada que tem o maior número de locais de concentração de acidentes mortais – 13 – numa extensão acumulada de 24 quilómetros e onde se registaram, no período em análise, 31 vítimas mortais.
O troço da EN2, que atravessa o concelho de Abrantes, consta da lista dos locais com maior concentração de acidentes mortais. Dessa lista consta também a EN114, a EN118 em Almeirim e a EN251 em Coruche.
A este propósito a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária lançou no dia 31 de julho a Campanha de Segurança Rodoviária “Dê prioridade à vida”, tendo como objetivo “apelar a todos os que circulam nas estradas e nas ruas que o façam em segurança, convocando-os a dar prioridade à vida e a proteger não só a sua vida, mas também a da sua família e a dos outros”.
Esta campanha, que decorre durante o mês de agosto, período em que as deslocações são mais frequentes e longas, assinala os locais com maior concentração de acidentes mortais, para que nesses locais a atenção e o cuidado na condução sejam redobrados. Estes locais serão também divulgados através da plataforma de navegação Waze, estando também disponível para outras plataformas que estejam interessadas em divulgar.
1,5% da extensão da rede rodoviária nacional concentra um terço dos acidentes das vítimas mortais
O critério para identificar os locais com maior concentração de acidentes mortais teve por base os trechos de via com demarcação quilométrica (Autoestradas, Itinerários Principais, Itinerários Complementares e Estradas Nacionais) onde se registaram pelo menos dois acidentes mortais com uma distância entre si inferior a dois quilómetros, no período entre janeiro de 2018 e abril de 2023.
Como resultado foram identificados 175 locais, que têm uma extensão acumulada de cerca de 325 quilómetros, representando 1,5% da rede rodoviária nacional onde se registaram 468 vítimas mortais, cerca de um terço (31%) do total de vítimas mortais registadas no período referido (1.527), nas vias abrangidas pelo critério.
Metade da extensão da rede rodoviária com maior concentração de acidentes mortais e metade das vítimas mortais registaram-se nos distritos de Lisboa, Setúbal, Porto, Leiria e Aveiro
É nos distritos de Lisboa, Setúbal, Porto, Leiria e Aveiro que se encontra metade da extensão da rede rodoviária (164 quilómetros) com maior concentração de acidentes mortais, e onde, entre janeiro de 2018 e abril de 2023, 232 pessoas perderam a vida (metade das vítimas mortais nestes locais).
Lisboa é o distrito onde se registaram mais vítimas mortais nos locais com maior concentração de acidentes mortais (53 vítimas mortais), sendo o trecho da marginal (EN6) entre a praia de Carcavelos e Cascais (km 11,2 ao km 18,5) aquele que mais vítimas mortais registou, não só a nível distrital, mas também a nível nacional: 12.
De seguida, temos o troço entre o km 20,9 e 29,8 da EN4 no distrito de Setúbal que registou 8 vítimas mortais, e troço entre o km 217,4 e o km 211,2 da A1 no distrito de Aveiro que registou 7 vítimas mortais.
IC2, IC1, A1, EN125, EN18, EN4 e EN109 representam um terço das vítimas mortais nos locais de concentração de acidentes mortais
O IC2, que atravessa os distritos de Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém e Lisboa, é a estrada que tem o maior número de locais de concentração de acidentes mortais – 13 – numa extensão acumulada de 24 quilómetros e onde se registaram, no período em análise, 31 vítimas mortais.
A A1 tem 10 locais de concentração de acidentes mortais distribuídos pelos distritos do Porto, Aveiro, Santarém e Lisboa, numa extensão acumulada de 22 quilómetros e onde também 31 pessoas perderam a vida no mesmo período.
O IC1 nos distritos de Beja e Setúbal registou 6 locais de concentração de acidentes mortais, onde em 25 quilómetros morreram 20 pessoas.
Na EN125 também se registaram 6 locais de concentração de acidentes mortais, onde 17 pessoas perderam a vida no período de referência, numa extensão acumulada de 13 quilómetros.
A EN18, que atravessa os distritos de Castelo Branco, Portalegre, Évora e Beja, também registou 6 locais de concentração de acidentes mortais em 11 quilómetros, com 16 vítimas mortais.
A EN4 nos distritos de Setúbal, Évora e Portalegre registou 18 vítimas mortais em 5 locais de concentração de acidentes mortais, e a EN109 em Leiria e Coimbra, 16 vítimas mortais, distribuídas por 5 locais de concentração de acidentes mortais.
No total estas 7 estradas representam um terço dos locais de concentração de acidentes vítimas mortais, e um terço das vítimas mortais, no período de referência.
Combater a Sinistralidade Rodoviária e Dar Prioridade à Vida
Importa lembrar que a sinistralidade rodoviária é uma tragédia mundial: todos os anos morrem 1,35 milhões de pessoas em todo o mundo. São 3.700 pessoas por dia, 1 pessoa a cada 24 segundos. É a primeira causa de morte dos 5 aos 24 anos.
Em Portugal, e apesar dos bons resultados obtidos nas últimas duas décadas, em média perdem a vida nas estradas e ruas cerca de 600 pessoas, um número muito longe do único aceitável: Zero mortes na estrada.
Depois de um decréscimo verificado desde 2018, no primeiro semestre de 2023 verificou-se um aumento face a 2022, com índices equiparados a 2019.
Por ano, o custo económico e social da sinistralidade rodoviária em Portugal atinge os 6,4 mil milhões de euros, um valor que corresponde a cerca de 3,03% do PIB.
Mas a sinistralidade rodoviária é muito mais do que números ou mera estatística. É um fenómeno com um profundo impacto social que se reflete de forma dramática na vida das pessoas.