Câmara pretende avançar com o museu do alegado Fórum Romano
Segundo a Hertz, que cita o vereador Cristóvão, a câmara tomarense vai debater e aprovar (uma vez que o PS tem maioria absoluta), na reunião da próxima quarta-feira, a construção do futuro museu do alegado fórum romano, ali nas traseiras do quartel dos bombeiros.
No meu humilde entender, trata-se de mais uma asneira monumental, provocada pela ânsia de apresentar obra até às próximas autárquicas. Passo a explicar porquê.
Aquelas pobres ruínas, do lado norte de cemitério velho, nunca passaram disso mesmo. Ruínas ninguém sabe bem de quê, a que uma srª arqueóloga local resolveu atribuir, a dada altura, a designação de “fórum romano”. Infelizmente nunca conseguiu explicar cabalmente em que elementos se baseou para chegar a tal conclusão. Mais grave ainda. Consultada toda a documentação disponível na época sobre o assunto, verifiquei com surpresa que havia casos evidentes de “toma lá dá cá” no que concerne a citações.
Noutros termos, sempre que a dita srª citou o nome de outros especialistas para apoiar a sua tese de fórum romano, consultados estes, constata-se que a sua única fonte citada é exactamente a mesma senhora. O que em termos académicos e científicos é lastimável. Pescadinha de rabo na boca, estão a ver?
Parece consensual, entre os autores tomarenses dos dois séculos anteriores, que ali houve em tempos duas igrejas, a de Santa Maria de Selho e a de S. Pedro Fins, há muito desaparecidas. Sendo assim, tudo indica que aquelas pobres ruínas serão de um dos citados templos.
Admitindo contudo, como mera hipótese de trabalho, que apesar das indicações em contrário, aquilo possa ser o que resta do alegado fórum romano de Sellium, cuja existência não está confirmada em qualquer obra credível, que pretende a câmara fazer ali?
Quer queiramos quer não, monumentos, museus e outras manifestações de índole histórica servem agora, sobretudo e quase exclusivamente, para o turismo industrial. No caso, mesmo tendo tido a cautela de cortar o peixe ao meio -primeiro a construção e depois a musealização- que elementos pretende a câmara valorizar, além dos alicerces e reduzidos troços de parede que estão à vista, há mais de duas décadas, não despertando qualquer interesse? Que conteúdo antevê para o ambicionado museu?
Os tomarenses já sabem em que ponto se encontra o apregoado e grandioso “museu polinucleado da Levada”. Inicialmente previsto com três núcleos, fundição, moagem e electricidade, nunca nenhum deles avançou. Mas entretanto gastaram-se centenas de milhares de euros, antes de concluírem que afinal os edifícios foram mal recuperados, por deficiência de projeto, de tal forma que não têm as condições mínimas de segurança que são exigidas a qualquer local aberto ao público, em termos internacionais.
Além do evidente desastre do museu da Levada, o executivo municipal ainda não conseguiu resolver capazmente o caso do museu municipal João de Castilho – Legado João Martins de Azevedo, que continua em arquivo provisório. Tão pouco conseguiu abrir ao público o museu do brinquedo, cujo acervo continua armazenado em más condições, no Convento de S. Francisco. A mesma sorte teve até agora o propalado museu da latoaria.
Com tão más provas dadas, a actual maioria não faria melhor abstendo-se de mais asneiras até Outubro de 2021? Não seria bem mais sensato? É que assim estão a arranjar lenha para se queimarem. E a óbvia “mentalidade sempre em festa” não ajuda nada. Pelo contrário. Mesmo apelando a empresas de Viseu. da Feira ou de Braga, para suprirem evidentes carências dos recursos humanos autárquicos.
António Rebelo
Não são asneiras. É obra feita.
Para efeitos eleitorais, assim é.
Encomenda-se o (um) projeto, que é apresentado em sessão publica, mais ou menos solene, com uma bela e atraente maquete, que até serve para fazer umas belas fotos, para aparecerem na edição seguinte de um jornal local.
E está feita a obra.
Exemplos destes não faltam, aliás, aqui e ali. E estão nas cartilhas.
Nós cá vamos, cantando e rindo.
Nós, de mão dada com o declínio. O que vai sobrar para as gerações, que vêm.
Não o nosso. Por isso…
Tristeza e pouca, ou nenhuma, vergonha.
Assim como os gloriosos projetos anunciados em Outubro de 2017, pela então recém eleita Presidente Freitas.
O titulo do jornal Cidade de Tomar, na pagina 3 da edição de 27/10/2017 era o seguinte, e taaanto nos cativou:
PROXIMOS QUATRO ANOS SERÃO DE OBRAS E DE PROJETOS CULTURAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS.
Lá daquilo a chamam “projectos culturais” os tomarenses estamos bem servidos. Até chamam à actual maioria “os sempre em festa”. Ou um ATL, segundo o ex-chefe de gabinete da senhora, que deve saber muito bem do que fala. Tem boas razões para isso.
É uma tradição tomarense, já com umas décadas. Lembre-se ainda o caso do Parque Temático e do maior Centro Comercial a Céu Aberto da região. Hoje nem cinema comercial existe. Parque de campismo também não.
Mas temos um parque para camping cars, sem instalações sanitárias capazes, com guarda durante o dia mas sem guarda durante a noite. Para poupar no pessoal. É tudo conforme calha.
Em Tomar estamos cada vez mais assim.
Somos um concelho de megalómanias, de obras que em nada beneficiam a maioria da população tomarense.
A Avenida D. Nuno Álvares Pereira vai mudar de nome, para Avenida de Santa Engrácia, pois ao ritmo que vai, nem a tempo das eleições está pronta e com menos de metade dos lugares de estacionamento.
A Várzea é outra obra que nem vale a pena comentar, as obras da Levada foram de interesse, mas de nada servem e museu nem se vê, assim como muitas outras obras que já aqui foram comentadas.
Agora mais um museu para que?
Se o município se preocupa-se em trazer empresas, gerar locais de trabalho, trazer vida à cidade, como a cidade teve outrora, isso sim, é de valor.
Agora pagarmos impostos para despifarro público por parte desta gente que brinca com o dinheiro dos tomarenses, isso não.