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Já está no seu devido lugar a esfera armilar do pelourinho no largo com o mesmo nome, junto ao jardim da Várzea Pequena, em Tomar.
A esfera tinha sido retirada pela câmara sem qualquer informação pública, vindo-se a saber depois que estava a ser restaurada. Mas se a autarquia retirou a esfera sem avisar os tomarenses, fez o mesmo quando a voltou a colocar no seu lugar.
Mantém-se o problema da fissuração da parte superior da pedra onde está fixada a esfera, conforme mostra a imagem.
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Afinal foi a câmara que retirou a esfera do Pelourinho de Tomar
Convém compreender as coisas. A actual maioria age assim, sem informar os cidadãos, porque muito provavelmente nem sequer sabe o que representa na verdade o pelourinho. Essa ignorância dos autarcas não é nova. Já vem lá muito de trás.
Assim se explica que, quando se tratou de encontrar um local para o monumento a Gualdim Pais, finalmente erguido por subscrição pública e tudo, a autarquia tenha resolvido mudar o pelourinho do século XVIII para longe dos Paços do concelho, onde desde então se encontra.
Uma asneira monumental, pois sendo os Paços do concelho, como o próprio nome indica, a casa de todos os tomarenses, o pelourinho é o símbolo das liberdades e franquias municipais. Designadamente administrar a justiça e cobrar impostos. É por isso que ainda hoje os vereadores, antigos vareadores ou responsáveis no concelho municipal pelas diferentes varas, ainda hoje têm pelouros, representados no pelourinho.
Por isso, em todas as terras que não mudaram a sua localização, e que respeitam o passado, o pelourinho continua à frente dos Paços do concelho, nalguns casos ainda com a coeva armação de ferro onde eram expostos os condenados, em regime de “a pão e água”
Mas essa ignorância e esse desprezo pelo pelourinho tem uma explicação simples. Até à reforma manuelina, os tomarenses dependiam, em termos de direitos e obrigações, dos dois forais atribuídos pelos templários no século XII. O que significa que era a Ordem que exercia de facto todos os poderes. Não haveria portanto, tanto quanto sabe, pelourinho algum, e tão pouco um concelho local. Era o alcaide que resolvia. Ou o administrador.
Acresce que, a partir de 1529, (D. Manuel I faleceu em 1521) a freguesia urbana de Santa Maria do castelo, com o seu arrabalde de S. Martinho, foi desmantelada. Os seus moradores dividiram-se. Os do interior das muralhas vieram cá para baixo, para Santa Maria dos Olivais, entretanto renomeada Santa Maria de Tomar , onde ainda estão. Os de S. Martinho foram para S. Miguel de Porrais, agora Carregueiros.
É dessa data o edifício dos Paços do concelho, também chamado palácio de D. Manuel, que se existiu, ainda nenhum historiador conseguiu explicar onde era.
Só muito mais tarde, já bem depois dos 60 anos dos reis espanhóis, numa de revivalismo, é que os tomarenses resolveram mandar fazer um pelourinho e colocá-lo frente aos Paços do concelho, como mandava a tradição.
Sempre era melhor que o Gualdim Pais, que nada fez cá em baixo, e para mais está numa posição ingrata. “De pau feito” e como quem leva a carta ao vigário, está de costas para os Paços do concelho, mas com o escudo a proteger, não vá dar-se o caso de…