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A propagação da pandemia em Tomar como dano colateral

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É praticamente sempre assim em Tomar. E se calhar noutras terras pequenas, e em acentuada crise. Não sei. Só lá indo ver e ouvir.

Nas margens nabantinas, é certo e sabido que, perante qualquer crítica, certeira ou nem tanto, aparecem os defensores do poder instalado. Como se a política, neste caso local, fosse um desafio permanente entre os leões e o glorioso, por exemplo. Não é.

Agora com a tragédia do covid19 o fenómeno repete-se. Face às raras críticas fundamentadas que vão aparecendo na árida paisagem informativa local, a claque do PS nabantino, em vez de procurar entender o que se está a passar, e quais as suas causas próximas e remotas, não senhor! Vá de contra-criticar, apodando de profetas da desgraça, de má-língua, de gente que diz mal de tudo, quem ousa escrever o que pensa, porque isto na política é como no futebol, julgam esses arautos: a melhor defesa é um bom ataque.

Sucede que, na parte que me toca, e pelo que tenho lido de outros, ninguém criticou a presidente ou os seus vereadores pelo prazer de dizer mal, de denegrir, de agravar as coisas. Apenas com o intuito de mostrar o que foi mal dito ou mal feito, de forma a tentar evitar reincidências, sempre prejudiciais para todos.

Infelizmente, deslumbrados pelo poder, ao qual acederam sem saber bem como, há políticos que se julgam acima de qualquer crítica. Saídos da coxa de Júpiter e por isso inatacáveis. O que os leva a cometer cada vez mais erros, o principal dos quais é a atitude de permanente desprezo por quem os elegeu. Uma atitude sobranceira e arrogante, que se topa à distância. Mesmo quando camuflada com fingida simpatia complacente.

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Uma vez que se recusam obstinadamente a reconhecer os seus erros, os visados pela crítica, couraçados na antes referida arrogância sobranceira, jamais consideraram necessário responder preto no branco. Daí nunca terem entendido, se calhar, que nem sequer são “culpados com dolo”. Apenas responsáveis pelo sucedido. Que nunca quiseram que acontecesse.

Por outras palavras, é corrente ouvir falar na tv de “danos colaterais”, quando se trata de um bombardeamento, por exemplo. São aqueles danos imprevistos, não desejados. Pois é essa a presente situação em Tomar. Não acuso a presidente, ou o executivo camarário, de serem “culpados com dolo”. De agirem intencionalmente para provocar a incontrolável expansão da pandemia.

O que sempre escrevi e agora explicito é que as sucessivas políticas camarárias, na área da cultura por exemplo, estão na origem da presente situação, que mais não é afinal que um “dano colateral”. Ou seja, a intenção camarária não era essa. Era simplesmente a compra antecipada de votos. Mas os resultados não desejados aí estão.

Em conclusão, Anabela e Filipa culpadas com dolo? Não! Responsáveis? Sim. Aselhas? Sem dúvida.

                                            António Rebelo

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6 comentários

  1. Caro António Rebelo,

    Com a experiência que tem , sabe certamente que dizer a um político que não tenha atitudes de vaidade e de sobranceria , e o problema agrava-se sempre quantos mais anos tem do cargo, é o mesmo que acreditar que as vacas voam… alguns acreditam mesmo!!!

    Isto é válido para todos os quadrantes políticos , e agravado com a posição social anterior a esse novo cargo.

    Não entendem que são eleitos mal ou bem não interessa, para zelarem pelo bem público, e em especial pelos dinheiros públicos. O problema é que ao falarem muitas vezes em milhões passam a achar que são deles, e o apetite pelos mesmos, por vezes sai do domínio da legalidade, já para não falar da ética.

    Os políticos o que se deveriam preocupar era com o essencial dos seus concelhos e deixarem de pensar em investimentos. Para isso existem os privados que vão ter de gerir o seu dinheiro e não o dos outros.
    Agora gerir um município é muito mais do que fazer uns arranjos de praças e ruas. Deveria de começar por gerir eficientemente os recursos humanos e financeiros da autarquia . Disponibilizar locais e condições com o menos de burocracia possível para que fosse atrativo investir no concelho. Mas como exigir a impreparados funcionais?

    1. Bem dizia o Garcia da Horta, na época áurea dos descobrimentos, planeados e financiados pelo senhor Infante, a partir de Tomar, com recursos da Ordem de Cristo: “A experiência é a madre das coisas”. É isso que se nota neste seu comentário, que agradeço, conterrâneo Zé Caldas.
      Usando uma frase feita, já muito gasta: Eu não diria melhor!

  2. Precisávamos de um líder forte, como o gen. Oliveira para meter aqueles calões da Câmara a trabalhar. Isto não vai lá com PS ou PSDs, com Anabelas, Paivas, Corvelos, Carrões, Marques, Graças… Venha a 4a república…

    1. Foram outros tempos Helder. Que felizmente acabaram em Abril de 74. O gen. Oliveira nunca foi eleito, mas nomeado por Lisboa. Nunca precisou por isso de agradar aos eleitores, o que lhe permitiu mandar fazer o que era mais preciso para Tomar.
      Seis décadas mais tarde, temos a situação contrária. Havendo eleições livres (e ainda bem que assim é) as sucessivas maiorias saídas das urnas tudo fazem para agradar ao eleitorado. Numa terra com uma maioria de funcionários públicos (mais de mil e quinhentos) e de pensionistas, o resultado está à vista. Fazem-se obras ornamentais, que dão mais nas vistas, e despreza-se a preparação do futuro. Proclama-se o turismo como eixo de desenvolvimento, porém nada se faz depois no domínio da respectiva programação e implementação. É só propaganda oca.
      Importante mesmo, para sacar votos, foi a redução do horário semanal dos funcionários da autarquia, de 40 para 35 horas. Anos mais tarde, a presidente queixa-se publicamente da pouca qualidade dos recursos humanos municipais.
      Então não se estava mesmo a ver que, se com as 40 horas já pouco faziam, com 35 ainda ia ser pior? Porque fecharam o campismo e a maioria dos sanitários municipais? Porque eram serviços que exigiam trabalho permanente aos funcionários respectivos.
      No caso do campismo, a situação é mesmo caricata. O parque fechou, por não estar previsto no plano de pormenor para aquela zona. Mas o dito plano também não contempla qualquer parque de autocaravanas, e o mesmo está a funcionar. A diferença é que o parque de campismo tinha pessoal permanente e especializado. Este das caravanas funciona só com um guarda diurno, enquanto ele não se aposentar. Por isso o parque é gratuito. Por isso a erva cresce. cresce…

    2. Artur Arsénio, se a presidente se queixa da fraca qualidade dos recursos humanos só tem que ir instaurando processos disciplinares para os meter na linha. Ela até tem formação na área. Eu concordo com ela, não têm qualidade e é capaz de ser genético porque eu conheço uma família que tem mais de uma dúzia de elementos a trabalhar nos quadros da câmara. É o irmão, a irmã, o cunhado, a cunhada, o sobrinho, o primo, etc…, etc…Se calhar há mais famílias assim, não me admirava nada. Eu tinha muita curiosidade em saber quantos dos 600!!! funcionários da câmara chegam atrasados ao serviço. Deve de ser raro o trabalhador que chega a horas.

  3. Em geral, terras com pouca população ativa, reduzida atividade economica, e a que existe pouco especializada e frágil, quase de subsistência e em que o padrão é ordenado mínimo, é como descrito. Começam por não ser terras atrativas e a seguir fonte de emigração. Apesar de outros bons exemplos, no interior desertificado típico, o emprego disponível ou é numa estrutura autárquica ou na misericórdia. Tomar está quase nesta situação, com uma população dependente de um favor, de um jeitinho, de uma aprovação de licença. Nestas condições para quê mais competência, maior eficácia ou melhor estratégia de quem governa? Verdade se diga que toda a orientação da cidade tem sido no sentido das obras de embelezamento. Para agradar a turistas? Talvez, e isso arece ser o que a maioria dos tomarenses quer.

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