Desta vez a Câmara acertou, o que se regista com satisfação. E até se aplaude. Porque aqui nunca houve, nem haverá, questões pessoais. Apenas e só crítica política fundamentada. E isenta, tanto quanto possível, já que errar é humano.
Na controversa questão da candidatura anónima e clandestina da Festa dos tabuleiros ao concurso popularucho das 7 Maravilhas, a autarquia emitiu um esclarecimento que merece concordância e apoio. Convém, ainda assim, acrescentar que a recusa camarária, desta vez em triunvirato com a Comissão da Festa e a Misericórdia, (o que parece denotar que o poder camarário começa a ter dúvidas e a abanar), foi correta, porém mal fundamentada.
Correta, ao não aceitar envolver a Festa grande tomarense numa fantochada do mesmo tipo do malogrado “Cabrito com grelos” do ano passado, na qual nada teria a ganhar, antes pelo contrário.
Mal fundamentada, porque o único argumento sólido e inatacável parece ser este: Não queremos abandalhar a nossa Festa grande, numa fantochada muito popular, todavia sem credibilidade.
Ao referir que a Festa é do povo e para o povo, etc. o Município deu o flanco. Toda a gente sabe que a Festa é feita pelo povo. Com garra, com alegria, com amor até. Mas não é do povo, nem só para o povo.
Aquele simulacro de democracia, com menos de 500 pessoas reunidas nos Paços do concelho, a decidirem em nome de 40 mil eleitores, sem que antes tenham sido sufragadas, não se recomenda de forma alguma. Já não estamos em ditadura, nem no século XIX, nem na época do voto censitário, nem na fase dos ajuntamentos informais para decidir.
Convém, por conseguinte, assumir as coisas como elas são. Nem muito complicadas, nem demasiado simples: A Festa é da autarquia, como representante legal e legítima da população, feita pelo povo, e paga pelos contribuintes.
Ao invocar o povo como dono da festa, para alegar logo a seguir que seria necessária a prévia anuência popular a qualquer inscrição, a Câmara abriu a porta a duas questões embaraçosas por parte da organização da 7 Maravilhas:
1 – Mas então, as pessoas que fizeram a inscrição não são do povo? Não representam o povo?
2 – Se o povo tem de concordar previamente, o que levou a câmara a não convocar a população para se pronunciar, antes de recusar liminarmente envolver-se na manifestação?
Assumindo que a Festa grande é feita pelo povo, quando a câmara quer, e paga pelos contribuintes, é cada vez mais óbvio e urgente debater publicamente o principal problema da Festa: Vai custar cada vez mais dinheiro, num concelho cada vez mais despovoado e portanto com menos recursos financeiros. Em 2019, contas bem feitas, em regime de tudo incluído, a festa terá custado perto de um milhão de euros aos contribuintes. Dinheiro que depois falta para suprir outras carências concelhias, bem mais urgentes.
Os tomarenses temos portanto de arranjar coragem para fazer em público as perguntas que se vão murmurando privadamente:
Em pleno século XXI, a Festa dos tabuleiros serve realmente para quê? A quem serve? Quem se serve dela? Numa frase condensada: Festa dos tabuleiros: Que futuro? Que objetivos? Com que meios?
É um desenvolvimento que fica para o próximo escrito.
Margarida Magalhães
ADENDA FORA DE TEMPO
Pensando melhor, assim estilo meditação bem meditada, convém fazer um pequena correção na última frase do texto: Onde se lê FICA PARA O PRÓXIMO ESCRITO, deve passar a ler-se FICA PARA um PRÓXIMO ESCRITO.
O que altera totalmente a previsão. Do determinante definido O passa-se para o determinante indefinido UM. Do escrito seguinte para um escrito que virá mais tarde, não sei ainda quando.
Cara Margarida Magalhães,
Penso que deveria procurar quem ganha dinheiro com os concursos das 7 maravilhas, rapidamente entenderá quem inscreveu a Festa dos Tabuleiros.
Penso que não será relevante saber quem inscreveu a Festa dos tabuleiros nas 7 maravilhas. Admitindo que alguém de Tomar inscreveu mesmo, e portanto que não estamos perante uma reles falácia dos dinamizadores e aproveitadores do programa televisivo. Não verdade, além de não ser ilegal inscrever um evento local num concurso duvidoso, a Câmara já negou qualquer apoio institucional, pelo que por aí estamos salvaguardados.
Resta a outra festividade local -o Círio da Srª da Piedade, ao que se sabe igualmente inscrita, ignora-se por quem. Tutelada pela paróquia de Tomar, está por saber o que vai decidir o sr. vigário, uma vez que andam todos ao mesmo. Tanto o concurso como o vigário vivem dos donativos dos fieis participantes.
Haja saúde e Deus nos ajude.
Mas, pergunto eu: A Festa dos Tabuleiros não é uma “Marca Registada”?
Se o é, bastaria, talvez como mínimo, usar esse argumento e interpor uma providência cautelar para impedir que se fale mais sobre tão negro assunto que mancha a Festa.!
Este Rebelo é mesmo o que é:
Um cobarde anónimo e nojento.
Aqui dá pela alcunha de Margarida Magalhães.