Ultrapassadas com êxito as presidenciais, parece ser como segue a conjuntura política tomarense, de acordo com os diversos elementos que me chegam.
Na extrema-esquerda, (PCP e BE), oficialmente reina a calma, mas o choque foi violento. O pessoal do Bloco vai tentando justificar a evidente queda com o “voto útil” em Ana Gomes, enquanto o PCP assevera que um resultado ligeiramente superior ao alcançado em 2016 por Edgar Silva já configura um êxito relativo. Em ambos os casos, o melhor que podem esperar em Outubro são alguns deputados municipais e, talvez, um vereador CDU. Coligações? Se o PS local quiser ir por aí…
No PS reina o usual entusiasmo e a habitual fuga à realidade. Apesar do voto útil, Ana Gomes angariou menos votos que Ventura no concelho e no distrito, e muito menos que o socialista Sampaio da Nóvoa em 2016. Mesmo assim, é geral o convencimento de que vão vencer em Outubro. Assim. Sem mais. Confundem desejo e realidade. Vivem numa “bolha”.
Pelas bandas do PSD, é mais difícil indagar. A eleição de Marcelo foi triunfal, mas o partido laranja pouco ou nada teve a ver com isso. Mesmo assim, e apesar do papel apagado dos actuais vereadores, parecem convencidos de que uma lista encabeçada por Lurdes Ferromau é capaz de vencer o PS nas próximas autárquicas, o que está por demonstrar. Sobretudo se nem houver um programa credível.
No CDS, a lenta agonia continua. Só uma coligação local com os laranjas lhe poderá dar algum alento.
Resta o CHEGA. Com um bom resultado nas presidenciais, é natural que estejam entusiasmados, e mesmo eufóricos. Contudo, como costumam dizer os ciganos, “cadelas apressadas parem sempre cachorros cegos”. Sem coligação, estreantes dependendo de si próprios, se alcançarem mais de 4 mil votos, (o dobro do conseguido por Ventura), terão 2 vereadores. O que pode vir a dar um executivo 3-2-2, como em 2009. Vencer, não me parece que consigam, salvo se forem mesmo brilhantes durante a campanha eleitoral, e com um programa de primeira água.
Com este panorama, a extrema esquerda em perda, o PS com um mandato que não corre pelo melhor, e o PSD/CDS com fraca imagem, além do já exposto para o CHEGA, o meu palpite é o seguinte:
1 – Se PSD, CDS e CHEGA se unirem numa coligação pré-eleitoral, terão dado um grande passo rumo à vitória. Tudo dependerá então de quem encabeça a lista, do programa e da campanha eleitoral. Sem coligação alargada, tudo se torna mais difícil. E sem programa é praticamente um caso perdido.
2 – A posição do PS poderá ser tudo menos confortável, embora os seus dirigentes locais possam pensar o contrário. A vitória depende principalmente daquilo que fizer ou não o PSD. Ou seja, o PS está, por assim dizer, manietado pelas circunstâncias, a tal conjuntura. Uma coisa é ter como adversário o PSD, outra bem diferente uma coligação alargada da direita.
Erros vários (obras falhadas, bombeiros, poluição do Nabão, caso da Estalagem, Convento de Santa Iria, falta de emprego, fuga da população, ausência de perspectivas, promessas não cumpridas, trapalhadas com projectos e concursos) atrapalham a eventualidade de poder vencer com o actual elenco. Além disso, a manobra eleitoral de 2017 (acordo com os IpT) também já não é possível, até porque nenhum dos eventuais parceiros disponíveis (BE e PCP) dispõe de tantos sufrágios como tinham os IpT aquando da eutanásia.
3 – Em qualquer caso, mesmo tratando-se da população tomarense, é muito provável que em Outubro qualquer candidatura sem um projecto sólido, adequado e mobilizador, esteja batida de antemão. O blá-blá-blá sem mais, está a passar de moda. Por isso o CHEGA está subir tanto e tão depressa.
Só os jogadores inveterados é que gostam de apostar no escuro. E o voto é sempre ou de protesto, ou uma aposta em dias melhores.
António Rebelo
“…como costumam dizer os ciganos, “cadelas apressadas parem sempre cachorros cegos”. “
E se o dizem, dizem bem pois as cadelas, apressadas ou não, parem sempre filhos cegos.
Só dias depois de nascerem é que os cachorros abrem os olhos. Já dizia a minha avozinha que provavelmente tinha ADN cigano.